No dia 5 de setembro é comemorado o Dia da Amazônia. Um dos objetivos desta data é destacar a importância que uma das maiores reservas naturais do planeta tem ao ecossistema. Da mesma forma, visa sensibilizar a população sobre a preservação ambiental.
Cerca de 40% do território Amazônico está localizado no Brasil. Portanto, os órgãos fiscalizadores do país são os responsáveis por manter o equilíbrio do bioma, que abriga a maior biodiversidade de plantas, animais e microrganismos do mundo.
Porém, essas riquezas tendem a ser exploradas. De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), entre agosto de 2018 e julho de 2021, o desmatamento no bioma foi 56,6% maior que no mesmo período de 2015 a 2018.
Do mesmo modo, outro fator que corrobora para a destruição dos biomas e da biodiversidade é o garimpo ilegal, que em busca da extração de minério, acaba contaminando rios, peixes e o solo.
O elevado índice de desmatamento é um fator preocupante. Nesse sentido, o desmatamento tem origem em atividades ilegais como a extração de madeira e exploração de minérios sem licenciamento ambiental.
De acordo com dados coletados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no primeiro semestre deste ano, a área desmatada da região foi de 4.789 km². O número é cerca de 20% a mais do que no mesmo período do ano passado.
Conforme o mestre em recursos naturais e professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Ilzo Costa Pessoa, é importante debater e refletir sobre o desmatamento na Amazônia, pois a ação prejudica a biodiversidade, assim como o ciclo das águas, florestas e vegetais.
“Uma das consequências do desmatamento é a interferência no núcleo de nuvens ou rios aéreos, que são importantes, por exemplo, para o Centro-Oeste. A região recebe as nuvens formadas aqui na Amazônia para produzir seus produtos agrícolas e criar seus animais, tudo por ações climáticas”, pontuou o professor.
O garimpo ilegal é um dos principais geradores de desequilíbrio ambiental na região Amazônica. Dessa forma, essa atividade resulta na poluição de rios e peixes, que é uma das fontes de alimentos dos povos indígenas da região.
Em agosto de 2022, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) manifestou preocupação com a alta contaminação dos peixes por mercúrio em rios do estado em razão do garimpo ilegal na Terra Yanomami.
Tal desequilíbrio ambiental pôs em risco a saúde coletiva da população, destacando os ribeirinhos e povos indígenas que dependem mais dos peixes desses rios.
Para o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye´Kuana, Junior Hekurari, a prática do garimpo interfere de forma negativa na vida dos povos indígenas. Ele afirma que o contato forçado entre garimpeiros e indígenas causa problemas sociais, de saúde, culturais, bem como ambientais.
“Os garimpeiros destroem grandes áreas de floresta, o que causa o esvaziamento da alimentação nativa dos povos indígenas, além de levarem doenças. A contaminação por mercúrio dos rios, essa ação interfere negativamente nas terras indígenas”, disse Junior Hekurari.
Além disso, a presença do garimpo ilegal e seus maquinários atrapalham na cultura dos povos indígenas da Amazônia. O barulho das máquinas interrompem os rituais e rezas.
O peixe está presente na mesa de quase todos os roraimenses. Porém, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com dados coletados em três pontos da Bacia do Rio Branco, apontou que os índices de mercúrio estão maiores ou iguais ao limite de segurança estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Por exemplo, a cada 10 peixes coletados no rio Uraricoera, 6 não eram seguros ao consumo. Estimativas apontam que crianças estão ingerindo de 4 à 32 vezes mais mercúrio do que o nível seguro. Da mesma forma, mulheres em idade fértil, de 2 à 9 vezes mais.
Por conta do garimpo ilegal na Terra Yanomami, toda a população roraimense corre o risco de adoecer pela ingestão de mercúrio. O que pode causar danos neurológicos, abortamentos e má formação de bebês em gestação.
Esses e outros problemas da Amazônia serão debatidos em uma rodada de entrevistas com os candidatos à Presidência. As entrevistas são em parceria com veículos de todos os estados da Amazônia Legal.
Os postulantes ao cargo falarão sobre desmatamento, garimpo ilegal, fronteiras, segurança pública bem como outros temas voltados para a região Norte.
As entrevistas iniciam no dia 5 de setembro, com o candidato Felipe D’ávila (Novo). Em seguida, os candidatos Ciro Gomes (PDT) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nos dias 6 e 8 respectivamente.
Por fim, será a vez dos candidatos Soraya Thronicke (União), Jair Messias Bolsonaro (PL) e Simone Tebet (MDB), nos dias 9, 12 e 14 de setembro respectivamente.
As entrevistas serão ao vivo e transmitidas no site do Roraima em Tempo e no Facebook do portal. Mais informações também estão disponíveis no site.
Por Gabriel Cavalcante e Ian Vitor Freitas
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Muito bom!