Cidades

Enxaqueca é a doença que mais acomete pessoas no mundo; no Brasil, 32 milhões de pessoas sofrem com as dores

A enxaqueca é uma das doenças que acomete mais pessoas no mundo. Ainda assim, continua menosprezada e confundida por boa parte da população como “apenas uma dor de cabeça”.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença afeta mais de 32 milhões de pessoas apenas no Brasil. O número representa duas pessoas em cada 13 e, mais alarmante, uma delas esconde a doença até mesmo dos familiares e amigos mais próximos.

A empresária Marina Goulart, de 43 anos, enfrenta a doença desde a adolescência.

“Antes do diagnóstico, eu passava o dia tomando analgésicos. Não é fácil contar para as pessoas que você está passando por uma crise. Há preconceito com os pacientes e as pessoas não sabem que a enxaqueca é uma doença. Já enfrentei situações em que precisei parar de trabalhar por não aguentar encarar a tela do computador, mas permaneci por medo do julgamento dos meus colegas. Sentia que as pessoas me olhavam como se eu estivesse de má vontade e com preguiça de entregar as minhas tarefas e a forma que eu encontrava para trabalhar era me medicando descontroladamente”, completa.

Realidade oculta da enxaqueca

Do mesmo modo, o relato de Marina representa uma realidade oculta, mas enfrentada diariamente por milhões de pessoas que convivem silenciosamente com a doença e seus sintomas. Dor intensa, náusea, vômitos e sensibilidade a luz e sons.

Segundo a OMS, as dores de cabeça, categoria que inclui a enxaqueca, são a terceira principal causa de anos de vida ajustados à deficiência (DALYs), um índice que quantifica o fardo das doenças em uma população.

Do mesmo modo, o Infarto e demência ocupam as primeiras posições dessa lista, respectivamente. Além disso, segundo pesquisa apresentada no Migraine Trust International Symposium (MTIS) sobre o impacto da enxaqueca em seis países da América do Sul, Ásia e Austrália, 51% dos pacientes escondem que têm a doença: 62% deles não contam para os colegas de trabalho, 37% escondem dos amigos e 27% não se abrem nem com o cônjuge.

Medo e vergonha

Sendo assim, o medo, vergonha e desconhecimento sobre a doença, também prejudicam a busca por especialistas e tratamento adequado. Artigo científico publicado no The Journal of Headache and Pain mostra que, do surgimento dos primeiros sintomas até procurarem um especialista, os pacientes de enxaqueca demoram, em média, 17,1 anos.

“As pessoas tomam analgésicos porque entendem que estão com dor de cabeça e que esta é a solução. O problema é que este tipo de medicação não é indicada para o tratamento da enxaqueca e, ao invés de solucionar um problema, o comportamento apenas posterga a procura por um especialista e o início do tratamento adequado, contribuindo para o aumento do tempo e da intensidade das crises”, comenta o médico neurologista e presidente da Associação Brasileira de Cefaleia em Salvas e Enxaqueca (Abraces) e Presidente eleito da Sociedade Internacional de Cefaleia, Dr. Mario Peres.

Doença não tem cura

Além disso, a enxaqueca não tem cura, mas é controlável. Peres explica que existem vários tratamentos possíveis e é por isso que ir ao médico é primordial. “Cada paciente receberá um tratamento individualizado de acordo com as suas principais queixas e sintomas, dentre tratamentos não farmacológicos como farmacológicos.”

Fora o impacto social, a doença gera prejuízos até mesmo o PIB dos Países. Segundo a pesquisa “Impacto socioeconômico das principais doenças em oito países da América Latina, realizada pelo instituto WifOR GmbH, o Brasil é o segundo país mais afetado pela enxaqueca na América Latina.

Ele só fica atrás apenas da Argentina. Apenas em 2022, o Brasil perdeu 1,6% do PIB, cerca de US$ 30 bilhões ou R$ 168 bilhões, devido à doença. “Na faixa etária entre 5 anos e 19 anos, a enxaqueca é a doença mais comum e, na faixa de 20 anos a 59 anos, a população adulta, é a segunda. Ou seja, a doença afeta diretamente a fase mais produtiva da vida e é a principal causa de incapacidade no mundo”, destaca Peres.

Fonte: Da Redação

Polyana Girardi

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