Esquema de compra de votos na Raposa Serra do Sol é destaque em reportagem nacional

Um esquema de compra de votos na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, localizada em Pacaraima, interior de Roraima, foi destaque nacional em uma matéria divulgada pelo Estadão, na última quarta-feira (2).

Pacaraima é porta de entrada dos imigrantes venezuelanos que entram no Brasil fugindo da crise humanitária do país vizinho. E, embora ocorra maior concentração de pessoas na cidade, os imigrantes não têm direito ao voto no Brasil, por isso, o esquema da compra de votos se concentra nas 70 comunidades indígenas, conforme a reportagem.

Dessa forma, os principais candidatos que disputam a Prefeitura do município têm como foco, uma campanha com promessas em troca do voto dos indígenas. Além disso, existe a promessa de que os eleitores vão ganhar materiais de construção ao apoiar os candidatos.

Denúncia

Além disso, o Tuxaua da comunidade do Contão, Romisson Fidelis, confirmou a denúncia de que o candidato Hermógenes do Padre Cícero (Podemos) ofereceu sacos de cimento a um morador em troca de votos da família.  Ele também fez críticas à prática.

“Os políticos estão comprando votos aqui. Isso prejudica o povo, porque quando formos cobrar melhorias, eles vão dizer que já nos ajudaram”, disse o líder indígena.

A reportagem também apontou que uma eleitora pediu ao candidato Hermógenes apoio financeiro para custear exames médicos. Como resultado o candidato teria prometido ao menos providenciar R$ 100 para a mulher. No entanto, de acordo com a reportagem, as denúncias não chegam formalmente à Justiça Eleitoral.

Precariedade

A falta de infraestrutura nas comunidades também é um dos fatores apontados para o assédio eleitoral na região. As estradas estão precárias, não há atendimento médico regular e as escolas também carecem de atenção.

Influência política

Por fim, de acordo com o Estadão, o apoio do senador Hiran Gonçalves (PP) ao candidato Hermógenes causa desconforto aos eleitores das comunidades. É que Hiran é autor da PEC 48 que visa incluir a tese do marco temporal na Carta Magna, tornando-a constitucional, ou seja, contraria a vontade dos indígenas. No entanto, a reportagem diz que Hermógenes procura minimizar a situação e que a sua candidatura é em prol das comunidades locais.

Fonte: Estadão