Dois indígenas foram mortos a tiros por garimpeiros na região de Alto Catrimani, na Terra Yanomami em Roraima. A informação foi confirmada pelo presidente da Urihi Associação Yanomami (UAY) Junior Hekurari.
Conforme Junior, os indígenas relataram na sexta-feira (5) que o crime ocorreu no último dia 2 deste mês. As vítimas foram feridas no rosto e ainda tiveram os corpos cortados. “Os indígenas ainda estão esperando as autoridades e pela parte da manhã de sexta-feira um dos corpos foi cremado”, explicou.
Além disso, o presidente da Urihi disse que não há informações sobre como aconteceu o crime. “Não há ainda informações sobre o porque e como aconteceu o crime. No entanto, isso mostra que na Terra Yanomami temos um número muito grande de garimpeiros destruindo a floresta e contaminando os rios. Eles não tem respeito pelas autoridades”, ressaltou Junior.
No dia 21 de dezembro de 2023, a Justiça Federal em Roraima determinou que a União criasse um novo cronograma de ações para combater o garimpo ilegal. A decisão foi a pedido do Ministério Público Federal (MPF).
Conforme o MPF, as ações do Governo Federal geraram resultados positivos no primeiro semestre. Contudo, o órgão constatou retorno da atividade ilegal sobretudo nas áreas desmatadas. Além disso, há relatos de aliciamento, prostituição, incentivo ao consumo de drogas e de bebidas alcoólicas e até estupro de indígenas por parte dos garimpeiros.
De acordo com o procurador da República responsável pelo caso, Alisson Marugal, o garimpo ilegal é um empreendimento criminoso. “Anotou-se que o garimpo é um empreendimento criminoso de grande resiliência e de alta capacidade de reorganização, exigindo, pois, o aperfeiçoamento constante das estratégias de comando e controle.”
Além disso, o MPF aponta que a atividade possui suspeita de ligação com organizações criminosas. Ela então dá suporte logístico, financeiro e de armamentos para que os garimpeiros sigam enfrentando os agentes estatais.
Logo, o MPF disse que, é importante rever o plano de ações com base na experiência operacional dos primeiros dias de incursões contra o garimpo. E assim adotar novas providências capazes de frear a invasão.
A Hutukara Associação Yanomami, disse que “os moradores se sentem constantemente inseguros, devido as ameaças que recebem por parte dos garimpeiros”. Como resultado, os invasores culpam a comunidade pelas operações de desocupação, e os indígenas sofrem represálias por denunciar o garimpo ilegal.
Ainda de acordo com o MPF, documentos juntados pelo órgão indicam que o problema do garimpo também desponta num quadro de desnutrição desenfreada de crianças.
Os invasores desmontaram instalações de saúde e transformaram em centro logístico da atividade ilegal. Por fim, segundo dados do relatório mensal oficial sobre os atendimentos no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEi-Y), até 4 de outubro de 2023 houve registro de mais de 20 mil notificações de gripe e 18,6 mil de malária. Pelo menos 215 mortes foram confirmadas, sendo 155 delas dentro da própria terra indígena.
Fonte: Da Redação
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