Somente neste ano, Roraima já registrou 1.011 filhos apenas com o nome da mãe na certidão de nascimento. Os dados são do Portal da Transparência da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen).
Se contabilizado a partir de 2016 – ano em que a Arpen iniciou o levantamento – até 2023, o número sobe para 9.340 em Roraima. Na comparação anual, a maior quantidade foi registrada em 2019, com 1.725 casos, seguido de 2021, com 1.424.
Apesar do levantamento tratar apenas dos últimos seis anos, a ausência paterna se trata de um problema antigo, então, não se resume apenas à falta de um nome na certidão. Pode também provocar traumas, inseguranças e dificuldade de compreensão, principalmente para as crianças.
Aos 32 anos, Débora de Paula é mãe de uma criança de dois que tem o registro sem o nome do pai. Ela conta que aos três meses de gravidez, ele viajou para os Estados Unidos e prometeu voltar próximo ao nascimento, o que não aconteceu.
Sem apoio emocional ou ajuda financeira, a mulher perdeu o contato com o pai da criança e precisou criá-la sozinha. “Infelizmente, ele nunca quis reconhecer a paternidade. Então, eu nunca forcei nada porque eu acho que tem que vir dele”, contou.
A campanha nacional “Meu Pai Tem Nome”, iniciativa do Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege), pretende reduzir o número de casos de filhos de pais ausentes por meio de uma ação para reconhecimento de paternidade, realização de exames de DNA e atividades de educação em direitos, em uma programação voltada à efetivação do direito fundamental de filiação.
Conforme a defensora pública Elceni Diogo, por meio de medidas de conciliação, o reconhecimento de paternidade pode acontecer por acordos.
“Basta procurar nossos canais de atendimento presenciais ou por WhatsApp para agendamentos. Foi uma experiência gratificante finalizar 111 acordos em 2022, e a meta para este ano é alcançar 150 acordos. É importante que o pai assuma os seus deveres enquanto pai. Não somente sustento, mas também o dever de convivência, afeto e demais coisas que são importantes para formação do filho”, disse Elceni.
Para o defensor público-geral, Oleno Matos, a ação é fundamental para a população que poderá ter acesso aos seus direitos básicos por meio da Defensoria Pública de Roraima (DPE-RR).
“Uma documentação pessoal com nome de pai e mãe pode, sim, fazer a diferença na vida do assistido. Desde uma criança, até um idoso, a falta do nome de um pai pode causar constrangimentos e a ação da Defensoria vem para sanar isso para os interessados”, declarou.
Para participar, basta fazer o pré-agendamento até o dia 16 de agosto. Quem preferir fazer as inscrições presencialmente, deve procurar a sede da Defensoria Pública, na avenida Sebastião Diniz, 1165, Centro, ou no prédio da Câmara de Conciliação, na avenida Ene Garcez, no bairro São Francisco, ao lado do prédio da Funasa. As inscrições também podem ser feitas pelo WhatsApp (95) 99173-1014.
Fonte: Da Redação
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