Prevista para ocorrer até o início do próximo ano, a primeira emissão de títulos soberanos sustentáveis do Brasil no mercado internacional destinará de 50% a 60% dos recursos levantados a projetos de meio ambiente, informou o Tesouro Nacional. Os projetos sociais ficarão com os 40% a 50% restantes.
O Tesouro divulgou a distribuição do dinheiro a ser levantado no mercado externo. Oficialmente, o órgão não apresenta estimativas de quanto pretende arrecadar com a emissão de papéis no mercado estrangeiro. No entanto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou – em viagem recente a Nova York – que o governo brasileiro pretende levantar US$ 2 bilhões. Ou seja, cerca de R$ 10 bilhões pelo câmbio atual, com a emissão de títulos verdes.
Conforme o relatório do Tesouro, os recursos obtidos com os títulos soberanos sustentáveis do Brasil ficarão destinados a projetos de oito segmentos. Seis ligados à área ambiental e dois ligados à área social. Dessa forma, o órgão elaborou uma estimativa de distribuição para cada um desses segmentos, com sublimites mínimos e máximos de divisão de recursos.
Nos projetos ambientais, a distribuição ficará da seguinte forma:
Nos projetos sociais, os sublimites obedecerão aos seguintes intervalos:
“A carteira proposta [na primeira emissão de títulos verdes] é preponderante em categoria ambiental, destacando-se esforços que serão decisivos para seguir revertendo o curso do desmatamento e permanecerão críticos para a preservação dos biomas nativos brasileiros”, justificou o Tesouro Nacional no relatório.
O Tesouro também especificou que pelo menos 75% dos recursos captados na primeira emissão no exterior se destinem a novas despesas e no máximo 25% refinanciem gastos já executados ou então em curso. Além disso, a primeira emissão deverá financiar ou refinanciar preferencialmente gastos de 2023 e de 2024, refinanciando o mínimo possível de restos a pagar (verbas de anos anteriores gastas nos anos seguintes).
Alguns gastos programados no Orçamento relevantes para a agenda de sustentabilidade do país não receberão recursos da primeira emissão de títulos verdes no exterior. Segundo o Tesouro, a escolha dos segmentos a serem beneficiados considerou a possibilidade de rastrear as despesas de forma precisa para que os investidores estrangeiros possam receber prestações de contas de forma transparente.
“Ajustes futuros nesses sistemas [de execução orçamentária] permitirão ampliar a visibilidade de todo o universo de políticas ambientais e sociais em curso, além de favorecer a transparência do processo de emissão de títulos sustentáveis e o processo de reporting [prestação de contas] associado”, justificou o Tesouro.
Títulos federais lançados no exterior, os papéis verdes são vinculados a compromissos com o meio ambiente. Em vez de receber meros juros financeiros, investidores estrangeiros receberiam os rendimentos de um projeto sustentável, que ficariam entre 6,15% e 8% para os compradores dos títulos.
Essa será a mesma taxa de retorno do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, relançado há dois meses e que receberá parte dos recursos das emissões dos títulos.
Inicialmente prevista para ocorrer em setembro, a emissão agora tem a previsão de acontecer ao longo do segundo semestre. No fim de agosto, no entanto, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, não descartou a possibilidade de adiamento da operação para o início de 2024, conforme a melhor “janela de mercado” para escolher a data.
Fonte: Agência Brasil
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