Educação

Instituto Federal forma moradores do Tepequém como guias de turismo

Vinte e nove moradores da Serra do Tepequém, um dos principais pontos turísticos de Roraima, localizado no Município do Amajari, certificados como guias de turismo pelo Instituto Federal de Roraima (IFRR).

A solenidade de formatura do curso técnico ocorre no dia 15 de outubro, às 19 horas, na Pousada Canto das Araras, no Tepequém.

A turma conta com indígenas, não indígenas, jovens, adultos, idosos, um doutor, um mestrando, um enfermeiro e auxiliares de serviços gerais.

Conforme o IFRR, esse grupo diversificado vai fechar um ciclo importante de suas vidas no Dia do Professor. Nada combinado, apenas mais uma conciliação de agendas das instituições que participam desse momento importante, que certamente ficará na memória.

A turma, que chegou a ter 50 inscritos, iniciou em março de 2023. Parte dos formandos já atua no setor de turismo, assim contribuindo significativamente para a economia do local.

Demanda histórica

O curso, que retorna ao Tepequém depois de mais de 20 anos do trabalho de diagnóstico/planejamento de potencialidades feito pelo instituto e outros parceiros, foi implementado em resposta a uma demanda histórica da comunidade, que buscava alternativas de renda após o declínio da atividade garimpeira. Além disso, muitos moradores viam nessa formação uma oportunidade de estar vivendo em um ponto turístico.

Conforme a coordenadora do curso, professora Karla de Oliveira, a formação teve impacto positivo na visão dos alunos sobre turismo. Além disso, novas oportunidades surgiram como o desenvolvimento de produtos turísticos locais.

“Estamos ajudando a realizar o sonho dos alunos, não como turistas, mas como profissionais”, disse.

Para ela, o turismo surge para os moradores como uma alternativa de renda, e a comunidade tem agora o desejo de fazer curso superior. Ela destacou o suporte recebido da Diretoria de Políticas de Educação a Distância (Dipead) do Instituto Federal. Segundo ela, o apoio foi essencial nessa oferta, que contou com listas de espera devido à alta procura.

Novo começo

De acordo com Karla, a formatura representa não apenas o encerramento de um ciclo. Mas também um novo começo para esses profissionais, que estão prontos para enfrentar novos desafios e contribuir para o fortalecimento do turismo em Roraima.

“Vinte nove alunos se mantiveram firmes e estão agora concluindo o curso, prontos para novos sonhos, para novas possibilidades, para novas experiências, para novos desafios que a vida profissional vai colocar para eles”, afirmou.

Um dos formandos dessa turma de Guia de Turismo é o jornalista Jessé Souza. Com mais de 30 anos fazendo jornalismo diário, resolveu, há cinco anos, trocar a cidade pela Serra do Tepequém. A intenção era fazer uma transição do jornalismo para o turismo como nova colocação no mercado. E, assim, exercer uma profissão que sempre o fascinou. Isso porque tem como hobby passear nos principais atrativos turísticos de Roraima.

O jornalista comenta que o curso do Instituto surgiu nesse meio, a partir de uma solicitação da comunidade do Tepequém, que precisava formar os condutores para que pudessem exercer a profissão, a fim de melhor atender os turistas, com formação necessária exigida pelo mercado.

“Vi nesse curso a oportunidade também de me qualificar para atuar no turismo, pois estou investindo no turismo receptivo. Comecei trabalhando com área de camping e agora estou me preparando para estruturar uma pousada. O guiamento é uma dessas atividades necessárias para atender melhor os clientes. No entanto, com o curso, vi que a formação de um guia de turismo tem tudo a ver com o jornalismo, por exigir boa comunicação, desenvoltura, acolhimento e responsabilidades com o público. Vi que jornalismo e turismo têm tudo a ver, pois o curso me abriu novas perspectivas para continuar exercendo o jornalismo, mas, desta vez, voltado ao turismo a partir dos novos conhecimentos que adquiri”, contou Souza.

Curso Guia de Turismo atende à demanda de mais de 20 anos

A formação técnica em guia de turismo, ocorre depois e mais de 20 anos de diagnóstico de potencialidades na área de turismo e de hospitalidade feito pelo IFRR e outros parceiros. A oferta foi uma resposta à demanda histórica da comunidade, que viu na formação uma oportunidade de renda e de contribuir para o desenvolvimento de um dos principais pontos turísticos de Roraima.

Uma das professoras pioneiras do Instituto na área de turismo, Leila Ghedin. Ela estuda e trabalha no Tepequém há mais 25 anos. Assim, relembra que, no ano de 1999, ocorreu o primeiro momento do IFRR e de vários parceiros conversando sobre a inclusão do turismo na serra. A partir desse estudo, em 2000 foram delineados os primeiros passos para o desenvolvimento de cursos voltados à área de turismo e hospitalidade por meio do planejamento estratégico.

A proposta do Instituto, que já atuava com inventários e planejamento, foi contribuir para a estruturação do turismo local. Entre os cursos oferecidos, destacaram-se os de recepção e planejamento de espaços turísticos, além do de condutores locais, atendendo às necessidades mais imediatas da comunidade. A formação de condutores foi uma solução estratégica. Isso porque muitos moradores não tinham completado o ensino médio, requisito necessário para o ingresso no curso Técnico em Guia de Turismo.

Diagnóstico

Leila relembra o início desse processo. “Em 1999, fomos até o Tepequém para fazer um diagnóstico de desenvolvimento turístico, já que a atividade de garimpo estava sendo extinta. A ideia era encontrar um novo caminho econômico para a comunidade”, explica.

Como muitos dos moradores locais não possuíam ensino médio, uma exigência da lei para cursar o Guia de Turismo, o IFRR começou com cursos de formação para condutores locais, nos quais os moradores da Serra, que conhecem intimamente o território, passaram a atuar em conjunto com guias regionais que traziam os turistas.

Para a professora Leila, esse momento de formatura da primeira turma atendida pelo IFRR, em decorrência da demanda da própria comunidade, é de muita emoção.

“Para mim, que estudo e trabalho com o Tepequém desde 1999, é gratificante ver a concretização de um sonho. Quando a Karla [coordenadora do curso ofertado] assumiu essa demanda como dela e do CAB,  por consequência, eu fui a primeira pessoa que disse para ela: ‘Vou contigo e trabalho até de graça, porque sei da importância dessa demanda ser atendida, porque eu estava lá quando ela surgiu’. Conseguimos reformular o curso e colocá-lo em EAD, e agora estamos com 29 moradores do Tepequém que estavam esperando para ser formados em guia de turismo. Eu me sinto muito satisfeita e também emocionada por ver esse objetivo alcançado”, afirmou.

Fonte: Da Redação

Rosi Martins

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