Pais de alunos da Escola Estadual Indígena Santa Luzia, no Amajarí, procuraram a redação da 93 FM para contestar uma publicação do Governo do Estado. Eles denunciam propaganda enganosa sobre a educação indígena. Pois as unidades de ensino não possuem estrutura adequada e estão com início do ano letivo atrasado.
De acordo com um vídeo publicado nesta semana nas redes sociais. O Governo afirma prezar pelo respeito à educação e à cultura dos povos indígenas. Além de investir no ensino de qualidade de 260 escolas.
No entanto, a mesma publicação chamou atenção de pais, que não quiseram se identificar. Eles são da comunidade Três Corações. Conforme os relatos, as informações do vídeo não condizem com a realidade vivida pelos alunos da região.
Insatisfeito com a situação, um pai que procurou a reportagem e então revelou que o início do ano letivo da educação indígena está atrasado. O mesmo falou que uma empresa de comunicação contratada pelo Governo convocou alunos e professores para reproduzirem as atividades em sala de aula.
“Reuniram os alunos. Meus filhos foram lá para fazer uma maquiagem, fingir que tá melhor. Que as salas de aula estão funcionando. Os professores dando aula. Sendo que não está nem tendo aula. Convocaram até em dia de domingo. E meus filhos foram pra lá”, disse.
Do mesmo modo, outro pai, que também não quis se identificar, denunciou que a reforma da escola não foi feita como deveria. Ele criticou também o vídeo, e destacou que várias unidades da região estão com estrutura precária.
“Uma verdadeira mentira […] uma verdadeira precariedade. Uma situação de descaso mesmo desse Governo do Estado de Roraima. Situação nunca vista. Fizeram uma reportagem somente aqui na Escola Santa Luzia onde fizeram a maquiagem. E as outras escolas do município? Estão caindo as escolas, sucateadas […] Situação totalmente destorcida e mentirosa do Governo”, relatou
Além disso, outra mãe reforçou as críticas. Ela afirma que o conteúdo divulgado pelo Governo é um desrespeito com os alunos e com os pais da educação indígena.
“É um desrespeito com a população e com nossos filhos. Dizendo que está mil maravilhas. Na verdade não estão. Eu quero aqui dizer que o governador Antonio Denarium está com muita mentira de dizer que a escola está bem estruturada. Nossos filhos precisam que olhem para eles. Porque tudo começa de uma educação”, finalizou.
A Escola Santa Luzia, já foi alvo de diversas denúncias por conta da falta de estrutura. A mesma só recebeu uma reforma após intervenção do Ministério Público Federal (MPF). O órgão recomendou o serviço ainda em 2018.
De acordo com a recomendação, o MPF constatou que o forro corria risco de desabar. Assim como a fiação elétrica estava exposta, janelas de vidro quebradas e falta de cadeiras e bebedouros adequados.
Dessa forma, com uma estrutura precária, a unidade seguiu sem previsão para o início das aulas presenciais. Cansados de esperar, os pais e estudantes de resolveram protestar para cobrar uma solução por parte do Governo.
Logo depois, a reforma iniciou. No entanto, segundo os pais, o serviço ficou pela metade. Além disso, em abril de 2022, antes da inauguração, parte da estrutura da quadra da escola desabou durante uma chuva com ventos.
Então, os moradores de oito comunidades indígenas de Amajari fecharam a BR-174 em protesto. Por fim, as lideranças indígenas decidiram que só enviariam as crianças para a escola quando a secretária de Educação fizesse todas as adequações necessárias no local.
A Secretaria de Estado da Educação (Seed) afirmou em nota que iniciará o processo de licitação para a reconstrução da quadra da escola. Disse ainda que a unidade recebeu um bebedouro novo.
Conforme a Seed, centrais de ar foram enviadas para a escola, no entanto a comunidade não aceitou.
Fonte: Da Redação.
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