Cenas de violência como a citada anteriormente são marcas psicológicas na vida da médica Camylla Passos.
As agressões partiram do atual secretário de Cultura de Roraima, Shérisson Oliveira, o ex-marido dela.
Ela aceitou falar com o Roraima em Tempo, como forma de revelar detalhes de uma relação que se tornou tóxica e violenta.
De acordo com a médica, os casos de violência ocorreram entre maio de 2019 e julho de 2020, quando os dois eram casados. Antes disso, eles namoraram por dois meses.
Shérisson é irmão da deputada Shéridan Oliveira, e atual presidente do PSDB em Roraima. Esse é o partido da irmã.
Ele ganhou o cargo de secretário em 19 de janeiro de 2021. Um acordo político levou o bacharel em Direito ao posto mais alto da secretaria.
Camylla diz que desde o início do relacionamento ela sofria violência psicológica e moral por parte de Shérisson.
“Ele dizia que eu era um peso, um encosto, que eu não prestava para nada, que eu era gorda. Ele sempre falava que eu era uma médica falida”, conta.
A médica recorda que o ex-companheiro queria que ela aumentasse a carga de trabalho, já que, para ele, “não era suficiente o que eu trabalhava, nem o que eu ganhava”.
Mesmo assim, com o relacionamento marcado por agressão psicológica, Camylla fala que, até então, nunca tinha sofrido agressão física.
Contudo, a situação mudou após a médica sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), em maio do ano passado.
Depois de uma alta do hospital, ela precisou ser cuidada pela mãe. O motivo: o marido disse que não a ajudaria na recuperação. Apesar disso, ela tinha encontros com Shérisson.
Mas, em julho de 2020, ela descobriu uma traição e decidiu acabar com o relacionamento. Em meio à descoberta, Camylla foi até a casa onde os dois viviam para buscar os pertences pessoais.
“Eu tinha a chave de casa. Entrei normalmente, passei pelo portão, pela porta principal. Aí que começou tudo. Na hora que ele me viu, levou um susto grande e trancou a porta que dava acesso aos quartos”, lembra.
No relato, ela diz que com um chute conseguiu quebrar a porta e colocar a mão em uma das frestas. Contudo, Shérisson começou com as agressões físicas.
Minutos depois de ser ferida, Camylla disse que chegou à casa uma assessora de Shéridan e um homem que se identificou como policial militar.
Enquanto tentava gravar a situação, ela afirma que foi agredida pelos dois. A assessora da deputada deu um soco na boca da médica.
“No que eu fui atrás dela, o homem já me pegou pelo pescoço, me sufocando e me segurando. Depois ele virou meu braço, me imobilizou e me jogou contra uma lixeira. Algo totalmente desnecessário. Ele me deu um mata leão que me tirou o fôlego. Cheguei a ficar sem consciência por um período”, declara.
Em seguida, um cunhado conseguiu afastar o homem, amigo de Shérisson. Contudo, nesse momento, Camylla fala que o homem levantou a camisa e mostrou uma arma de fogo na cintura.
Após a ameaça, ela foi embora, mas se lembra de o ex-marido apenas assistir as agressões.
A médica resolveu registrar um boletim de ocorrência na Casa da Mulher Brasileira. Além disso, fez um exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML).
Uma investigação sobre as agressões está em andamento, mas em segredo de Justiça, e outra na Corregedoria da Polícia Militar.
Além disso, ela também conseguiu uma decisão para buscar os pertences na casa que vivia com o ex-marido e uma medida protetiva contra o secretário.
“Tenho medo, me sinto ameaçada, por mais que não tenha recebido nenhum tipo de ameaça, porque agora além de ter eles envolvidos ainda tem políticos maiores que acabam também participando da história”, finalizou.
O secretário Shérisson informa que o caso corre na justiça. Esclarece que é inocente e que tudo será comprovado.
Em relação ao governo, o Executivo não se pronuncia sobre atos e ações de secretários que não estejam relacionados ao cargo.
Destaca que o referido secretário vem desempenhando os afazeres dentro dos princípios éticos e de eficiência.
Ainda, não chegou ao conhecimento do governo nenhuma decisão judicial que comprove as denúncias e, por conta disso, impeça o gestor do exercício da função pública.
O governo não falou sobre o PM envolvido no caso.
Por Redação
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