Antonio Denarium, governador de Roraima - Foto: Divulgação/Facebook/Antonio Denarium
Saúde de Roraima: aparelhos quebrados, falta de medicamentos, de insumos, mais de 2.000 mortos na pandemia e escândalos de corrupção. Com esse cenário, o governador de Roraima, Antonio Denarium, anunciou nesta sexta-feira (10), que investiu mais de R$ 2 bilhões na Saúde.
Roraima protagonizou as notícias nacionais durante a pandemia. Primeiramente, os escândalo dos respiradores. O governo pagou os equipamentos antecipadamente. Contudo, eles nunca chegaram a Roraima. A Rádio 93FM denunciou o esquema com exclusividade.
Em seguida, o Estado voltou à rede nacional. A Polícia Federal (PF) cumpria mandado de busca e apreensão na casa do senador Chico Rodrigues. Os agentes encontraram R$ 33 mil na cueca do parlamentar. Nervoso, ele disse que pagaria funcionários com o dinheiro. Dessa forma, mais uma vez a Saúde de Roraima virou destaque nas TVs nacionais.
O motivo da operação: possível desvio de R$ 20 milhões de verbas da Covid-19. O Governo Federal havia enviado os recursos para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
Como resultado: mais de 2 mil óbitos por Covid-19. Grande parte por falta de investimento do governo em leitos de UTI. E assim 2 mil famílias choram pela partida de seus entes queridos.
Em julho deste ano, em pleno pico da pandemia, o Roraima em Tempo teve acesso a vídeos que mostravam leitos vazios no HGR. À época, uma semana antes, os leitos de UTI atingiram 100% de ocupação. Em contrapartida, funcionários do hospital disseram que os leitos vazios estavam assim há pelo menos um mês no Bloco E.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que o fato ocorria por falta de mão de obra qualificada para atuar na UTI. Por outro lado, o governo havia realizado seletivo para contratação de mais de 4 mil profissionais.
Outro grave problema na pandemia é a quantidade de pessoas que morrem após contraírem infecção hospitalar na UTI do Hospital Geral de Roraima (HGR). Com a forma grave da Covid-19, mais de 2 mil pessoas morreram. Muitas delas pela falta do medicamento adequado para tratar a enfermidade como a Polimixina B.
Através do Roraima em Tempo, diversas famílias divulgaram campanhas de arrecadação para comprar o medicamentos em outros estados. Isso por que o governo não fornecia.
As denúncias de falta de insumos nas unidades de saúde do Estado são constantes. Desse modo, os pacientes, em desespero, procuram a imprensa para pedir ajuda.
É o caso da Cinthya dos Santos, 25 anos, que estava internada na Maternidade Estadual, mas teve que denunciar a falta de fio cirúrgico e compressas de pano. Assim os médicos não tinham como realizar a cesárea.
A mãe da paciente, Elizangela Matos, avaliou a situação como revoltante e disse que iria procurar o Ministério Público de Roraima (MPRR) para denunciar a situação.
“Ela já está com 41 semanas e é um risco tanto pra ela quanto para o bebê. De repente ela começa a ter contrações e vai para uma cesárea de risco sem necessidade, já que ela tá lá há dias e o nenê já está pronto para nascer”, relatou.
Poucos dias depois, já em agosto, servidores do HGR procuraram a reportagem para denunciar a falta de máscaras.
“Eles alegam que existem poucas máscaras e que não vão liberar pra todo mundo. Apenas para quem trabalha na UTI. Tive que mandar mensagem para algumas pessoas para conseguir. Não foi fácil!”, disse um dos denunciantes.
Mais um problema enfrentado por quem precisa da saúde pública em Roraima: a realização de exames ou de cirurgias. Nesta sexta-feira (10), a mãe de uma paciente denunciou que o intensificador de imagem do HGR quebrou. Em síntese, as cirurgias foram suspensas por esse motivo.
A mãe da paciente, que não quis se identificar, explicou que a jovem sofreu um acidente de motocicleta em novembro deste ano. Conforme o relato da denunciante, a paciente teve fratura no rosto, coluna e na perna e foi levada ao Pronto Socorro. Depois foi encaminhada ao Hospital Lotty Iris. A jovem aguardava para realizar a cirurgia no fêmur ontem no HGR. Entretanto, isso não ocorreu.
“Depois desse acidente minha filha necessita da nossa ajuda para tudo. Ela precisa apenas desta cirurgia para ir para casa. Além disso, um médico nos disse que a equipe já havia informado sobre o defeito no equipamento à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Mas, eles esperaram o pior acontecer. Porque não consertaram antes?”.
O MPRR emitiu diversas notificações para o Governo do Estado. Na última, no dia 12 de novembro, o órgão emitiu ofício à Sesau para cobrar providências sobre falta de medicamentos, assim como insumos na maternidade.
O promotor de Saúde, Igor Naves, afirmou que a situação é preocupante. A própria direção do hospital informou que os estoques de vários medicamentos e insumos da unidade estavam praticamente zerados. A instituição também já relatou preocupação com a falta de profissionais.
Além da falta de investimentos em medicamentos, insumos, bem como na pandemia, a Saúde de Roraima enfrenta a corrupção.
Desse modo, devido aos escândalos durante a pandemia, assim como outras suspeitas de desvios milionários na Sesau, a Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) instalou a CPI da Saúde.
Sendo assim, depois de dois anos de apuração a comissão pediu o indiciamento de 62 pessoas e empresas. Todas elas possivelmente envolvidas em desvios de verbas da Sesau.
Dessa maneira, vários nomes são citados pelas testemunha. Sobretudo, dos senadores Mecias de Jesus e Chico Rodrigues. Sendo ainda este segundo investigado pela Polícia Federal.
Fonte: Da Redação
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