A técnica em enfermagem Daniele Batista tem uma filha autista de 15 anos. Nos dois últimos anos ela viu o problema da filha se agravar pela falta de atendimento especializado.
Com o retorno das atividades no Centro Integrado de Atenção à pessoa com Deficiência, na avenida São Sebastião, bairro Tancredo Neves, ela resolveu buscar ajuda no local.
Mas ao chegar no prédio, recebeu a informação de que os poucos atendimentos que ocorriam iriam parar devido a reforma do local.
“… ou seja, passou todo o tempo da pandemia fechado e resolveram reformar quando acabou a pandemia”, disse.
A mulher relatou que retornou em janeiro e fez a inscrição da filha. Contudo o atendimento só iniciou em março. A jovem, conforme a mãe, precisa de três atendimentos primordiais que são: o do fonoaudiólogo, o da terapia ocupacional e o do psicólogo.
Contudo, os trabalhos iniciaram março com psicólogo e a terapeuta, mas até agora o centro ainda não disponibilizou fonoaudiólogo.
“Então, iniciaram-se enfim os atendimentos entre fevereiro e março. Mas só com terapia ocupacional e com a psicóloga. Deixa estar que o ‘fono’ nunca chegou. Aí tem aquela promessa de que ‘estamos pedindo um fono’. O fono vai vir. Aquela coisa toda, mas esse não chega nunca”, relatou.
Além disso, Daniele relatou que a psicóloga atendeu apenas um mês e depois parou o atendimento. Com isso, o problema da filha se agravou.
Conforme Daniele, pela falta de atendimento psicológico, a filha fica agressiva, o que causa grandes dificuldades em casa.
“Ela não aceita que a empregada fale comigo. Ela não aceita. E isso tudo é uma questão que tem que ter intervenção de uma psicóloga”.
Além disso, a jovem não aceita que a mãe nem mesmo converse com outras pessoas. Conforme Daniele, ela teve até que morar em casa separada com a irmã caçula. E também por conta disso, ela tem que faltar no trabalho para prestar assistência à filha.
Outro problema que afeta a vida da família é que a Escola Estadual Oswaldo Cruz, onde a jovem estuda, não dispõe de cuidador suficiente para a demanda.
Com isso, a filha não recebe a atenção necessária e desenvolve agressividade. Por conta disso, gera mais um problema para Daniele gerenciar.
“O que está tendo também é uma engrenagem que não funciona. É uma falta de tudo. Tá faltando também os profissionais cuidadores para as escolas estaduais. No caso dela é Oswaldo Cruz. Uns dois, três meses sem esse cuidador. Enfim chegou, mas não chegou para todas as crianças. Então eles têm que colocar um cuidador para atender duas crianças ou adolescente”, afirmou.
Daniele destacou ainda que outras famílias vivem situações parecidas com a dela. Contudo, nem todos têm coragem de denunciar.
“Quantos usuários que realmente necessitam? É um atendimento que não era nem pra parar. É um descaso. Na verdade, sendo bem sincera mesmo, é um descaso assim total, sabe? A maioria da população que precisa é população de baixa renda mesmo. E eles não falam, eles têm medo de falar”.
De acordo com Daniele, ao procurar informações no local, recebeu a informação de que já solicitaram os profissionais e que estão aguardando.
A Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) afirmou que está aguardando a lotação dos especialistas via Secretaria de Saúde, o que deve ocorrer nos próximos dias.
Por outro lado, a Secretaria de Estado da Educação e Desporto (Seed) que há dificuldade de lotação de cuidadores, que são convocados, mas não comparecem para lotação.
Disse anda que nesta semana fará uma nova convocação, a fim de atender todas as necessidades das escolas, incluindo a Escola Estadual Oswaldo Cruz.
Fonte: Da Redação
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