O Ministério Público de Roraima (MPRR) vai apurar as denúncias de falta de estrutura na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth. O órgão fiscalizador enviou nota ao Jornalismo da FM 93e disse que vai solicitar informações da Direção do hospital ainda nesta quinta-feira (19).
O MPRR informou anda que tomou conhecimento sobre as referidas denúncias depois que teve acesso a reportagens publicadas na mídia local.
No início desta semana, uma família denunciou a morte de um bebê por falta de oxigênio. A mãe da criança ficou em estado grave após o parto e segue na UTI do Hospital Geral de Roraima (HGR).
O promotor Igor Naves foi verificar o pleno funcionamento da unidade hospitalar e a transferência de pacientes que ainda estavam na estrutura provisória que atendeu à população durante os três anos período em que a maternidade esteve em obras.
O promotor fez questão de ressaltar em sua fala que a diretora da unidade havia afirmado que a questão do oxigênio na maternidade estaria ok.
“Alguns detalhes ainda são objeto de conserto e ajustes finais da obra, onde notamos a presença de equipe técnica no local, mas, no geral, a maior parte está em funcionamento, assim como a UTI Neonatal, enfermarias, salas de parto e laboratório. A diretora nos afirmou que a questão do oxigênio está ok, mas ainda faltam alguns detalhes para que a maternidade funcione 100%”.
Além disso, o Ministério Público também ressaltou que já tem procedimento específico instaurado para acompanhar as obras da maternidade. Portanto, também requisitará vistoria técnica e respectivo laudo da Vigilância Sanitária estadual, órgão responsável por vistorias em unidades hospitalares do Estado.
Inaugurada à pressas, a maternidade virou alvo de diversas denúncias relacionadas à estrutura e funcionamento. Assim foi ocaso do esposo de uma gestante que precisou comprar água para ela tomar banho após o parto.
“É muita falta de estrutura. A minha esposa querendo fazer a sua higiene e eu tive que correr do outro lado para poder comprar água mineral. E o absurdo que aconteceu é que ao falar com a direção, eles me deram um balde da limpeza, desses que usam para limpar o pano pra eu poder dar à minha esposa e ela então tomar banho. É muita falta de respeito. Quando a gente diz: ‘vamos denunciar’ estamos brigando por algo que é nosso, pois é uma falta de respeito com a vida e com todo mundo”, desabafou.
Além disso, ele relatou que a esposa recebeu encaminhamento urgente pelo Centro de Referência da Saúde da Mulher (CRSM) para o hospital após consulta de rotina. É que durante um exame, constataram um alerta na gravidez. Mas, ao chegar na maternidade, aconteceu uma série de problemas.
“Chegamos na recepção e disseram pra esperar, pois a recepção estava sem sistema. Informei a situação do encaminhamento do Centro e disseram pra gente ir, já que era urgência. Ao chegar lá dentro, ela não foi atendida, pois não tinha a ficha dela. Além disso, o bebê já estava sem oxigenação e demorou [ o atendimento] porque não tinha a ficha. Esperei para fazer a ficha manualmente e ela conseguiu fazer a cirurgia. O bebê já estava entrando em óbito e foi preciso fazer a reanimação”, disse.
Por meio de nota, a Secretara de Saúde disse que tomou conhecimento de que o problema com a falta de água ocorreu por uma falha na adutora que abastece a região. Disse ainda que o problema foi solucionado e o fornecimento foi restabelecido.
A falta de móveis para atender as pacientes também virou denúncia. A filha de uma paciente procurou o Roraima em Tempo para reclamar da falta de conforto dos acompanhantes no bloco das Margaridas.
Segundo a mulher, os acompanhantes os acompanhantes ficam em cadeiras de plástico, o que é desconfortável para quem precisa dormir no local ou permanecer por muitas horas.
“Tem um senhor que está acompanhando sua esposa. Ele nem aqui na cidade mora. Está na cadeira de plástico e vai ficar aqui até a sua esposa ter alta, por não ter condições de ficar indo e voltando para a sua casa. E sua esposa sequer tem previsão de alta. O tempo que ele for ficar acompanhando sua esposa, ele irá ter que ficar nessa cadeira”, relatou a denunciante.
Além disso, vídeos que mostram pacientes arrumando um espaço no chão para deitar circularam pela internet.
Procurada, a Sesau disse que a situação foi solucionada e as poltronas remanejadas para o bloco onde havia acompanhantes. Além disso, a pasta lamentou o fato, pediu desculpas e reforçou que qualquer reclamação ou sugestão deve ser imediatamente comunicada na direção ou ouvidoria da unidade.
Na semana da inauguração da reforma da maternidade, o deputado Jorge Everton (União) alertou sobre a falta de estrutura para receber as pacientes. Ele informou que a Sesau estava levando os móveis do Hospital das Clínicas para a maternidade.
“O governador está sendo omisso […] a secretaria de Saúde teve até afastamento judicial com busca e apreensão na casa da secretária e ela [Cecília] sequer foi cogitada a sair da pasta. O governador é conivente sim. Vão inaugurar agora a maternidade e correndo. Não existe um estetoscópio novo comprado para a maternidade. Estão pegando os móveis do Hospital das Clínicas e levando para a maternidade para fazer a inauguração […] que gestão de qualidade é essa?” questionou.
A reportagem do Roraima em Tempo mostrou que a Sesau ainda está em processo de licitação para a compra dos móveis da amternidade.
No processo, que pretende adquirir móveis também para outras unidades por R$ 60 milhões, o Governo pretende adquirir cerca de 3,5 mil itens hospitalares destinados à maternidade. Entre os itens há 80 armários de aço, 200 estantes de aço, 250 poltronas para acompanhantes, 40 carrinhos de higienização, 270 camas hospitalares, 250 mesas de cabeceira, 60 cadeiras de higienização, entre outros.
Fonte: Da Redação
De acordo com a Receita Federal, cerca de 220 mil contribuintes receberão R$ 558,8 milhões
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