Saúde

Morre segunda criança Yanomami por falta de atendimento, denuncia Conselho

O Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY) denunciou hoje (20) a morte de uma criança por falta de atendimento na comunidade Xaruna. A vítima apresentava sintomas de malária, desnutrição e pneumonia.

Esse é o segundo óbito na região registrado pelo mesmo motivo, em menos de uma semana. No dia 17 deste mês, um menino de 3 anos morreu após atraso de 6h do resgate.

O Condisi-YY pediu esclarecimentos do Distrito Yanomami (Dsei-Y) sobre o caso.

Conforme o presidente do Condisi-YY, Júnior Hekurari Yanomami, a família da segunda vítima pediu ajuda do Dsei-Y na madrugada de hoje, mas não houve atendimento.

“Isso é muito triste. A comunidade chora de novo, em menos de uma semana, enquanto o Governo Federal só está se justificando. Essa é mais uma falha do Dsei-Y e não houve nenhum atendimento na comunidade”, denuncia.

Espera por atendimento

Além disso, o presidente do Condisi relatou que há outra criança de 3 anos em estado grave na comunidade Macuxi Yano. 

“Após caminhar por 2h para conseguir sinal de internet de garimpeiros, uma mulher me ligou por vídeo chamada e pediu socorro para atender uma criança em estado grave. A menina também está com malária”.

Conforme Júnior, a criança e a mãe aguardam desde às 12h23 para serem transferidas ao Polo Base do Surucucu.

“Nós ligamos para o Dsei e acionamos um helicóptero. Desse modo, esperamos que elas recebam atendimento com urgência”, disse.  

Malária na Terra Yanomami

De acordo com Hekurari, outras duas crianças diagnosticadas com malária foram resgatadas no dia 18 deste mês na comunidade Xaruna. Elas estão internadas em estado grave no Hospital da Criança Santo Antônio, em Boa Vista.

Em outubro deste ano, o Conselho já havia informado a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e o Ministério Público Federal (MPF) sobre a situação da Saúde na Terra Yanomami.

No dia 1º do mesmo mês, um homem de 50 anos morreu com malária na comunidade Macuxi Yano.

Ainda conforme o documento, a morte ocorreu por negligência, já que no dia 25 de setembro o Dsei-Y retirou as equipes médicas do local, sem diálogo com a comunidade.

Conforme o MPF, no início de 2021 o número de casos de mortalidade infantil foi de 133 para cada mil nascimentos, sendo a maioria por malária.

Dessa forma, em menos de dois anos, a Terra Yanomami registrou cerca de 44 mil casos da doença na população. De acordo com o MPF, somente em 2020, a região teve 47% de todos os casos de malária em Terras Indígenas brasileiras.

Medidas

No dia 15 deste mês, o MPF solicitou à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI Yanomami) um plano de reestruturação da saúde dos povos indígenas, no prazo de 90 dias.

Segundo o Ministério, os órgãos receberam cerca de R$ 190 milhões para prestação de serviços nos últimos dois anos. Contudo, a saúde indígena apresentou pioras nos indicadores.

Três dias após o pedido, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o Governo Federal detalhe no prazo de cinco dias a situação do povo Yanomami. O STF também pediu que o Executivo assegure condições de saúde às comunidades.

Dsei-Yanomami

O Roraima em Tempo entrou em contato com o Dsei-Y e aguarda resposta.

Fonte: Da Redação

Yara Walker

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