Renan Calheiros quer solicitar cópia de inquérito da Operação Acolhida

O senador Renan Calheiros quer que a CPI da Covid aprove um requerimento para que a Polícia Federal (PF) envie documentos que, porventura, façam parte de investigação contra a Operação Acolhida, força-tarefa em Roraima para acolher imigrantes venezuelanos.

“Requeiro, nos termos do art. 58, § 3°, da Constituição Federal, da Lei nº 1579 de 1952 e do art. 148 do Regimento Interno do Senado Federal, as necessárias providências para REQUISITAR, ao Departamento de Polícia Federal, no prazo de cinco dias, cópia integral do inquérito e demais procedimentos relativos à OPERAÇÃO ACOLHIDA”, escreve o senador.

No documento de Renan Calheiros, não ficam claros os motivos pelos quais a requisição foi protocolada. Cita apenas que “as informações e documentação são essenciais para o desenrolar da fase instrutória, vez que delas constam informações que permitirão à CPI analisar de forma integrativa com os demais dados, esclarecendo questões primordiais”.

A CPI da Covid investiga as suspeitas de omissão do Governo Federal durante a pandemia da Covid-19, como os indícios de superfaturamento na compra de vacinas e a demora em adquirir os imunizantes. A comissão já ouviu dezenas de pessoas entre ministros, ex-ministros, servidores, ex-servidores, e parlamentares.

A Operação Acolhida foi responsável pela construção e gestão da Área de Proteção e Cuidados (APC), o Hospital de Campanha em Roraima voltado para tratar pacientes com coronavírus. O funcionamento da unidade tinha apoio do Governo de Roraima, Hospital Sírio Libanês, Banco Itaú e Ministério da Saúde.

Em março de 2020, o general Manoel Barros, que está à frente da operação, anunciou o hospital para atender infectados pela Covid-19. A unidade era para abrir as portas naquele mês, mas só começou a funcionar em junho, e enfrentou dificuldades devido ao não cumprimento do acordo de cooperação com o Estado. O hospital fez 6 mil atendimentos.

Lugar de encontro

A Operação Acolhida já tinha sido citada na comissão pelo general Eduardo Pazuello, antecessor de Barros no comando da força-tarefa. Pazuello, ex-ministro da Saúde, é um dos investigados da comissão. O militar disse que conheceu Carlos Wizard no trabalho humanitário e, desde então, possuem uma relação de amizade.

Durante a passagem pelo ministério, Pazuello foi aconselhado pelo empresário, contudo, alega que não acatou as recomendações do amigo. Carlos Wizard é visto como um dos integrantes do chamado “ministério paralelo”, de onde supostamente partiram ordens contrárias às orientações científicas para o combate à pandemia.

Roraima

Além da Acolhida, Roraima está na mira da CPI da Covid por causa das suspeitas de corrupção no uso de verbas federais para enfrentamento da pandemia. As operações Vírion e Desvid-19, da PF, estimam mais de R$ 20 milhões desviados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

Entre os nomes citados está o senador Chico Rodrigues (DEM), flagrado com R$ 33 mil na cueca durante o cumprimento de busca e apreensão na casa dele, em Boa Vista, em outubro do ano passado. Telmário Mota (Pros), Mecias de Jesus (Republicanos), Jhonatan de Jesus (Republicanos), Jeferson Alves (PTB), e Rômulo Amorim, também são investigados.

Para esclarecer os fatos denunciados pelos órgãos de fiscalização, a CPI da Covid deve aprovar a convocação do atual secretário da Saúde, Airton Cascavel, e os ex-gestores Marcelo Lopes, Olivan Júnior e Francisco Monteiro. O governador Antonio Denarium (sem partido) tinha sido convocado, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a oitiva.

Citados

Procurada, a Operação Acolhida informou que o assunto “está fora do escopo de atuação da operação”.

A reportagem entrou em contato com o senador Renan Calheiros para explicar os motivos do requerimento, mas não obteve resposta.

Fonte: Josué Ferreira