No dia 08 de março se comemora o Dia Internacional das Mulheres. Geralmente o foco tem sido a violência contra as mulheres. No entanto, os cuidados não devem se limitar tão somente ao quesito “violência contra a mulher”. Focar também nos cuidados com a saúde mental das mulheres é de vital importância.
Há um conjunto de fatores que devem ser avaliados quando o assunto é saúde mental. Como por exemplo, fatores sociais determinantes, tais como: o acesso à educação, moradia digna, alimentação, trabalho com a devida compensação financeira, transporte, cultura, lazer, dentre outros.
No entanto, não se pode aplicar soluções uniformes que abordem da mesma forma os problemas psicológicos diferentes. Necessário que se faça abordagens específicas para cada caso, com o intuito de promover de forma adequada e assertiva, a prevenção em saúde mental da mulher.
As mulheres carregam consigo questões relevantes que merecem ser priorizadas na abordagem da saúde mental. Vejamos alguns dados já consolidados: uma em cada cinco mulheres apresenta Transtornos Mentais Comuns (TMC), possuindo uma taxa de depressão maior do que a de homens com o mesmo sofrimento psicológico. E mais: a depressão é bem mais persistente nas mulheres.
Conforme a Organização Mundial da Saúde-OMS, “o fator gênero implica diferentes suscetibilidades e exposições a riscos específicos para a saúde mental, por conta de diferentes processos biológicos e relações sociais”.
Outro fator a ser avaliado é a sobrecarga de trabalho, que segundo especialistas, se constitui em um dos principais fatores que deixam as mulheres vulneráveis aos sofrimentos psicológicos. Some-se a isso a baixa qualidade do emprego que atinge diversas mulheres. O que também pode gerar medo e ansiedade.
A discriminação de gênero é outro fator a ser observado. Infelizmente ainda existe uma cultura machista em determinadas sociedades, onde as mulheres são tratadas como se fossem “seres inferiores” aos homens. Um fator preocupante é a alta taxa de suicídio e automutilação praticado por mulheres. Também a tentativa de suicídio é bem maior entre as mulheres do que em homens, sendo elas duas vezes mais propensas.
No Brasil, estudos apontam que as maiores taxas de suicídios são praticados por mulheres com idade entre 15 e 29 anos, sendo mais intenso nas regiões Norte e Nordeste. Inclusive atingindo mulheres indígenas.
Mais um fator que merece atenção é o racismo, o qual afeta diretamente a saúde mental de mulheres negras, somando-se a isso com a discriminação de gênero. Teremos assim um contexto duplo de opressão contra a mulher de pele negra, o que prejudica a autoestima, levando a um sentimento de inferioridade e a propensão a desenvolver transtornos de ansiedade e depressão, os quais podem levar ao suicídio.
E como não poderíamos deixar de fora, a violência contra as mulheres afeta diretamente a saúde mental, podendo apresentar episódios depressivos, ansiedade, estresse, relações prejudiciais (tóxicas), descontrole na alimentação, consumo de álcool e de drogas ilícitas.
Por fim, o Dia das Mulheres deve ter seu enfoque ampliado, como por exemplo, abordar os cuidados com a saúde mental, o qual tem suma importância para uma melhor qualidade de vida das mulheres. Conscientiza-las sobre a importância de buscar ajuda psicoterapêutica é um grande desafio, em virtude de ainda haver uma crendice de que “só se busca ajuda de psicólogo quem é doido”, quando na verdade, quem busca ajuda desses profissionais age com inteligência e amor próprio.
Hismayla Pinheiro (@psihismaylapinheiro) é psicóloga clínica e especialista em avaliação psicológica, com experiência em orientação profissional. Além disso, é a psicóloga oficial do “Miss Universo Roraima”. Toda segunda-feira, orientações valiosas nesse divã virtual de como manter a sua saúde mental. Marque sua consulta (95) 99144-1131