É sabido que em períodos de muito estresse, seja uma pandemia ou outro meio de pressão exercida sobre as pessoas, os problemas de ansiedade despontam como um grande vilão. Isso leva as pessoas a se refugiarem na comilança de alimentos em demasia, ou seja, hábitos mais compulsivos na ingestão de alimentos. Toda essa pressão desencadeia a sensação de descontrole, distanciamento e mesmo, uma pausa nas metas previstas para o planejamento alimentar das pessoas. Esse descontrole é inevitável trazendo ainda maior desmotivação. Porém, devemos saber separar o exagero típico de momentos festivos como natal, aniversários, comemorações de empresas, etc., onde é perfeitamente compreensível comer um pouco a mais, de uma compulsão alimentar. Vamos entender o que é a compulsão alimentar.
A compulsão alimentar é considerada um transtorno e se caracteriza por episódios recorrentes de compulsão, os quais são acompanhados de algumas características específicas. Elas causam sofrimento marcante, tais como: ingestão de uma grande quantidade de comida maior do que o esperado em período determinado, geralmente inferior a duas horas; uma sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio de compulsão; comer mais rapidamente do que o habitual; comer ao ponto de se sentir desconfortavelmente cheio(a); ingerir quantidades excessivas de alimentos sem estar com a sensação física de fome; buscar comer sozinho por vergonha do alto volume do que se come; sentir-se desgostoso(a), deprimido(a), bem como muito culpado(a) logo em seguida.
Caso essas características aconteçam de maneira recorrente, onde esse comportamento se mantém ao longo de vários dias, semanas ou mesmo meses e, a pessoa associa a sentimentos negativos difíceis de controlar, deve buscar ajuda especializada urgentemente. Vale ressaltar que a compulsão alimentar tem tratamento. No entanto, quanto mais breve a pessoa reconhecer os prejuízos de que está sendo acometida de um mal, assim como admitir que precisa de ajuda, melhor será a eficiência do tratamento.
Sinais de alerta
Alguns “gatilhos” são sinais de alerta para o transtorno de compulsão alimentar e, nesse aspecto, cada pessoa tem o seu gatilho, que podem ser: estressores interpessoais, dificuldades nas relações sociais, familiares, conflitos, problemas de autoestima, sentimentos negativos em relação a si mesmo, especialmente os relacionados ao corpo, peso e autoimagem, ociosidade, algum trauma específico, restrições dietéticas em função da busca de um corpo imposto social e culturalmente, outros sintomas de depressão ou ansiedade manifestados juntamente ao comportamento compulsivo.
Por fim, o trabalho de prevenção para esse transtorno deve ser iniciado na infância, mostrando exemplos de boa alimentação às crianças, estimulando-as a ter uma boa relação com os alimentos de forma saudável e não a enxerga-los como vilões. Orientar as crianças e adolescentes no processo de construção da sua autoestima, estimulando o amor próprio, positivando suas conquistas, estimulando o empoderamento e a autoconfiança, estabelecendo um ambiente seguro e, incentivando a autonomia e a independência necessárias para o fortalecimento da sua personalidade.
Hismayla Pinheiro (@psihismaylapinheiro) é psicóloga clínica e especialista em avaliação psicológica, com experiência em orientação profissional. Além disso, é a psicóloga oficial do “Miss Universo Roraima”. Toda segunda-feira, orientações valiosas nesse divã virtual de como manter a saúde mental saudável, principalmente em meio à pandemia da Covid-19. Consultas pelo telefone (95) 99144-1131