No consultório temos recebido pacientes com queixas de transtornos da mente relacionados ao trabalho, fazendo com que essas pessoas tenham problemas para seguir suas rotinas profissionais, onde encontram dificuldades até para cumprir tarefas laborais simples. A sensação de angústia tem sido uma das mais relatadas durante as consultas, o que desencadeia a ansiedade e nervosismo. No entanto, outros tipos de transtornos têm sido relatados.
Estudos indicam que há uma relação entre a saúde da mente e a produtividade no ambiente de trabalho, ou seja, uma pessoa que esteja passando por algum tipo de transtorno da mente, começa a comprometer a qualidade das atividades laborais, assim como, causar danos nas mais diversas esferas de sua vida. Com isso a pessoa se sente frustrada e vai perdendo a vontade de realizar até as coisas simples do seu cotidiano, bem como, gerando uma constante insatisfação no trabalho.
Os fatores que desencadeiam esses transtornos são diversos, indo de uma agenda sobrecarregada a cobranças exageradas, conflitos constantes, falta de comunicação e etc. Some-se a isso outros fatores como problemas familiares, no círculo de amizades, na vida amorosa e social. Dentre os principais transtornos da mente relacionados ao trabalho estão: a Síndrome de Burnout, que se trata de uma doença que tem caráter depressivo e resulta do esgotamento laboral, posto que, está diretamente ligada à rotina profissional da pessoa. Entre vários sintomas podemos destacar: aumento da irritabilidade; inquietação constante; estresse excessivo; negação das próprias necessidades; distanciamento da vida social; incapacidade de se desligar do trabalho. Outro transtorno com alto índice está a depressão, porém, se trata de um dos transtornos mentais relacionados ao trabalho mais difíceis de identificar por ter causa multifatorial. Destacamos os principais sintomas como: sentimento de culpa; sensação constante de falta de energia; perda de interesse por aquilo que era importante; aumento ou diminuição repentina do apetite; falta de desejo sexual; medos irracionais; adoção de comportamentos de risco; alto grau de pessimismo; esquecimentos frequentes; insônia e sonolência durante o dia. Destacamos também a ansiedade, a qual também tem múltiplas causas, podendo ter estreitas relações com vários acontecimentos no dia a dia de trabalho, podendo ser desencadeada por uma discussão com colega ou superior hierárquico, bem como, o acúmulo de tarefas e a perda de controle sobre processos essenciais, o que leva a pessoa a se sentir angustiada, onde na maioria das vezes nem sabe ao certo o que gerou essa situação.
A ansiedade, como todo transtorno da mente, piora com a adoção de hábitos não saudáveis, como o consumo de drogas ilícitas, bebidas alcoólicas, alimentação inadequada, etc.. Entre os principais sintomas estão: pensamento acelerado; medo e desconfiança; alterações no sono; tensão muscular; formigamento pelo corpo; tremores e palpitações; sensação de aperto no peito; dificuldade para engolir; suor frio; respiração ofegante; falta de ar.
Existem vários outros transtornos mentais relacionados ao trabalho, como o estresse ocupacional que pode ser silencioso, embora cause desgastes físicos e psicológicos a pessoa. Esse transtorno resulta de reações muito intensas a diferentes agentes estressores, os quais diminuem a energia e a motivação do indivíduo. Se não for logo diagnosticado e acompanhado por um profissional da Psicologia, pode evoluir para doenças mais graves e de difícil tratamento. Dentre seus sintomas estão: fadiga permanente; irritabilidade; isolamento em relação aos colegas; respostas explosivas a situações incômodas; lapsos de memória; sudorese; náuseas e enjoos; queda da imunidade, o que favorece o desenvolvimento de alergias e demais doenças.
Não menos importante temos a síndrome do pânico, considerada por especialistas como um tipo de transtorno de ansiedade. Essa síndrome do pânico desencadeia crises inesperadas de medo e desespero. A pessoa sente, a todo momento, que algo ruim está prestes a acontecer, mesmo que não haja motivo aparente para se preocupar, a tendência é que a pessoa fique em estado de alerta por estar com receio de sofrer. Seus sintomas são: medo de perder o controle; medo da morte ou de alguma tragédia; sensação de perigo iminente; dores físicas em diversas partes do corpo; percepção de estar fora da realidade; falta de ar/dificuldade para respirar; sentimento de indiferença; dormência e formigamentos; desmaios. A Somatização também é considerado um tipo de transtorno, fazendo com que a pessoa tenha diversas queixas físicas sobre diferentes partes ou órgãos do corpo, no entanto, em uma consulta com um médico e após exames laboratoriais e clínicos, essas reclamações não são explicadas. Pode ser necessário o acompanhamento psicológico para que a pessoa aprenda a identificar gatilhos e controlar os sintomas. Entre eles citamos: coração acelerado (taquicardia); enxaqueca ou dores na cabeça; dores musculares, principalmente na região das costas; manchas na pele ou irritação; suor excessivo; enjoo constante; sensação de boca seca.