A Polícia Federal (PF) e o Ibama deflagraram, na manhã desta quarta-feira (8) a Operação Hermes (Hg) II. O objetivo é apurar e reprimir crimes contra o meio ambiente, especialmente por meio do comércio e uso ilegal de mercúrio, organização e associação criminosa, receptação, contrabando, falsidade documental, bem como lavagem de dinheiro. A ação ocorre no Amazonas, Mato Grosso, São Paulo, assim como no Rio de Janeiro.
Conforme a PF, os crimes em apuração estão relacionados ao contrabando e acobertamento de mercúrio, que tem por destino final o abastecimento de garimpos em áreas que compõem a Amazônia (Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará).
Operação Hermes (HG) I
A Operação Hermes (Hg) I, que ocorreu em dezembro do ano passado, foi a maior operação policial do país deflagrada para desarticulação de uso ilegal de mercúrio e iniciou-se a partir da investigação de uma empresa com sede em Paulínia/SP, que utilizava criminosamente de suas atividades autorizadas para produzir créditos falsos de mercúrio em sistema do Ibama.
A partir da análise de milhares de fontes bases (documentos e dispositivos eletrônicos), durante mais de dez meses, a Polícia Federal identificou uma extensa cadeia organizada de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema ilegal de comércio de mercúrio e ouro extraído de garimpos na Amazônia e retirou sete toneladas de créditos de mercúrio dos sistemas do Ibama.
A Operação Hermes (Hg) II, deflagrada hoje, visa aprofundar as investigações. Assim, busca provas do funcionamento desse esquema, do envolvimento dessas pessoas, especialmente os principais responsáveis pelo comércio e os respectivos compradores finais do mercúrio ilegal, além de identificar o patrimônio construído para ocultar a atividade ilícita e os ganhos oriundos dela.
A investigação apontou que as principais formas utilizadas pelos investigados para a movimentação de valores foram:
- Utilização de interpostas pessoas, como testas de ferro e laranjas, com o fim de ocultar o verdadeiro responsável pelas operações comerciais e financeiras ou mesmo o verdadeiro proprietário de bens, diretos e valores;
- Utilização de empresas de fachada (sem sede física, com uso de testa de ferro ou laranja);
- Mistura entre capital ilícito com eventual capital lícito gerado por empresas com atuação comercial. Isso de modo a tornar mais difícil a separação de um e de outro pelas autoridades de fiscalização e repressão;
- Utilização de empresas sem registro de um funcionário sequer;
- Compra e venda de imóveis, com valorização artificial, para justificar a origem ilícita do dinheiro utilizado;
- Blindagem patrimonial, por meio de manobras jurídicas e engenharia financeira/contábil;
- Utilização ilegal dos sistemas do Ibama para dar aparente legalidade à circulação de quantidade exorbitante de mercúrio;
- Uso do Aeroporto Internacional de Viracopos para transporte de mercúrio.
Determinações da Justiça
De acordo com a PF estão sendo cumpridos 34 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Primeira Vara Federal de Campinas, em cidades dos estados do Amazonas, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo.
Além disso, foi decretada pela Justiça a imposição de fianças de 200 salários mínimos e o sequestro e indisponibilidade de bens dos investigados em montante superior R$ 2,9 bilhões, com o objetivo de reparar os danos ambientais causados.
Ainda em curso, a operação engloba a fiscalização pelo Ibama com a possibilidade de aplicação de multas, suspensão de atividades e embargos de áreas de mineração, assim como a apuração de condutas de pessoas físicas e jurídicas envolvidas com a importação e comércio de mercúrio, recicladoras de resíduos e mineradoras de ouro. No total, 140 policiais federais e 30 servidores do Ibama participam da operação.
Os investigados responderão, na medida de suas condutas pelos crimes ambientais e contra a administração ambiental, falsidade ideológica, uso de documento falso, contrabando, associação criminosa, receptação e perigo para a vida ou saúde de outrem, além de organização criminosa, usurpação de bens da União e ocultação de bens.
Além disso, todo o material probatório e bens apreendidos serão encaminhados para a Delegacia de Polícia Federal em Campinas para continuidade das análises.
Confira o cumprimento de mandados:
AM
- Manaus (1 mandado, pessoa física);
MT
- Cuiabá (15 mandados, sendo 11 pessoas físicas e 4 pessoas jurídicas);
- Poconé (6 mandados, sendo 2 pessoas físicas e 4 pessoas jurídicas);
- Peixoto de Azevedo (3 mandados, sendo 1 pessoa física e 2 pessoas jurídicas);
- Cáceres (1 mandado, pessoa física);
- Alta Floresta (1 mandado, pessoa jurídica);
- Pontes e Lacerda (1 mandado, pessoa jurídica);
- Nossa Senhora do Livramento (1 mandado, pessoa jurídica);
- Nova Lacerda (1 mandado, pessoa jurídica);
RJ
- Duque de Caxias (1 mandado, pessoa jurídica);
- Rio de Janeiro (2 mandados, sendo 1 pessoa física e 1 pessoa jurídica);
SP
- São Paulo (1 mandado, pessoa física).
Fonte: Da Redação