‘Só conseguimos atravessar a estrada com canoa’, relata moradora de Rorainópolis

O Roraima em Tempo foi até uma das vicinais com difícil acesso indicada pelos produtores da região

‘Só conseguimos atravessar a estrada com canoa’, relata moradora de Rorainópolis
Produtora de carvão enfrenta dificuldade para executar trabalho nas estradas – Foto: Yara Walker/Roraima em Tempo

A equipe do Roraima em Tempo foi ao município de Rorainópolis, o segundo mais populoso de Roraima, com 31.387 habitantes.

Os moradores enfrentam problemas diversos com estradas e afirmam que as vicinais são intransitáveis. A reportagem foi até uma das vicinais com difícil acesso indicada pelos produtores da região.

Trata-se da vicinal 13, localizada no Projeto de Assentamento Dirigido (PAD) Anauá, a 25km de Rorainópolis.

A produtora de carvão Fabiane Costa Silva e o esposo trafegavam na estrada. Contudo, uma das motocicletas que conduziam ficou presa na lama.  A moradora explicou que essa não é a primeira vez que esse transtorno ocorre.

“Seja no verão ou no inverno, a nossa situação é a mesma. Temos problemas pra transitar até a cidade. Só temos promessas de prefeitura e do governo para melhorias”.

Além disso, a mulher disse que no inverno a estrada alaga e só é possível ter acesso à cidade por canoa.

“No inverno, nós utilizamos uma canoa para levar nossos veículos. Em uma dessas travessias, uma moto caiu dentro da inundação”, relatou.

A reportagem acompanhou o trajeto do casal. No meio do caminho eles tiveram ainda prejuízo com a “carrocinha” da moto que transportava o carvão. Por isso, outros moradores ajudaram os dois a chegarem até a feira da cidade.

Feira de Rorainópolis

Os destaques na economia da região são o cultivo de açaí, macaxeira, milho, banana, pupunha, dentre outros.

O produtor de hortaliças Paulo Clemente trabalha na Feira Sul do Estado Amazon Dalva. Ele explicou que está cada vez mais caro manter a produção, pois o tráfego até a cidade tem causado prejuízos e a falta de estrutura durante o inverno pegou a todos de surpresa.

“Não conseguimos escoar nossa produção. Sobreviver a essa dificuldade tem sido um desafio. O preço do adubo subiu, mas as nossas produções continuam com o mesmo preço. Por exemplo, a alface que sempre vendi a R$2. Não há políticas públicas para nos ajudar”, lamentou.

Conforme o produtor José Alves Santana, além da dificuldade com as estradas, a escassez das mercadorias causa prejuízo para os produtores da região. Eles precisam se deslocar para outro estado para adquirir material, o que torna a produção mais cara e o prejuízo ainda maior quando não conseguem escoar os produtos.

“O que nós queremos é comprar as produções daqui. Mas quando não tem, preciso comprar de fora [em Manaus]. Mas os agricultores não têm acesso para escoar esses produtos. Eles estão esquecidos à própria sorte. Muitos estão saindo do interior e vindo para a cidade, pois não há condições de plantar e trazer a mercadoria para a cidade”.

Outro feirante que também enfrenta situação semelhante é Ronaldo Santos de Oliveira. Ele cultiva melancia na região. Para ele, os prejuízos com transporte são os que mais afetam o bolso dos produtores.

“Não adianta a gente plantar e não conseguir colher e escoar as produções. Não vou andar com meu carro nas estradas. Por isso, interrompi as produções por 4 meses e só voltei a plantar quando as chuvas diminuíram”, explica. 

Feira de Rorainópolis – Foto: Yara Walker/Roraima em Tempo

Citada

A Secretaria de Infraestrutura informou que, devido às chuvas intensas registradas em Rorainópolis, ocorreu atraso nos serviços de recuperação da estrada vicinal 13 do Projeto de Assentamento Dirigido. Disse ainda que a empresa já está se mobilizando para iniciar os serviços nos próximos dias.

A Seinf reforçou também que a manutenção de estradas vicinais e das pontes localizadas nessas vias são de responsabilidade das prefeituras.

Por Yara Walker

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