Justiça nega habeas corpus a suspeitos de assassinar casal em disputa por terras no Cantá, interior de RR

Crime ocorreu no dia 23 de abril, na vicinal do Surrão. Suspeitos estão presos desde o dia 24 do mesmo mês

Justiça nega habeas corpus a suspeitos de assassinar casal em disputa por terras no Cantá, interior de RR
Tribunal de Justiça de Roraima – Foto: Arquivo/Roraima em Tempo

A Justiça de Roraima negou pedido de liberdade a dois suspeitos de matar o agricultor Jânio Bonfim de Souza, de 57 anos, e a esposa dele, Flávia Guilarducci, de 50 anos, na vicinal do Surrão, no Cantá. A decisão é do desembargador Ricardo Oliveira e foi assinada na última quinta-feira (2).

O crime aconteceu no dia 23 de abril e a suspeita é de que ele foi motivado por causa de uma disputa de terras. Conforme investigação da Polícia Civil de Roraima, ao menos cinco pessoas estão envolvidas no assassinato do casal, entre eles, um capitão da Polícia Militar.

No pedido de habeas corpus, a defesa dos suspeitos alega que houve “constrangimento ilegal” por parte do juiz de direito do Núcleo de Plantão Judicial e Audiência de Custódia, devido os acusados estarem presos preventivamente desde o dia 25 de abril. Para o desembargador, por outro lado, a decisão que converteu a prisão em flagrante em preventiva “demonstra satisfatoriamente a necessidade da medida extrema”.

O caso

Segundo investigação da Polícia Civil, os suspeitos e mais dois comparsas foram até a fazenda das vítimas, invadiram a residência deles e atacaram o casal com tiros.

Um dos vizinhos da propriedade ouviu o barulho dos tiros. Logo em seguida, ele recebeu uma ligação de um funcionário das vítimas relatando o ocorrido e pedindo socorro.

Já no local do crime, o vizinho encontrou Jânio ainda com vida, momento em que ele revelou quem eram as pessoas que atiraram contra ele.

Ameaças

Ainda conforme apurado pela Civil, a testemunha que prestou socorro ao casal também foi ameaçada pelos quatro homens no dia anterior ao crime.

O vizinho e o agricultor morto no ataque haviam combinado de fazer uma plantação de feijão em uma parte da terra. Três dias antes do crime, a testemunha olhava o local onde fariam a plantação quando chegaram os quatro homens. Um deles estava armado com uma pistola calibre .380. O grupo afirmou ao vizinho que o casal havia invadido as terras deles e logo depois foram embora.

Contudo, a vítima disse ao vizinho que era o dono da terra e que tinha toda a documentação que confirmava isso.

No dia 1º de maio, o g1 Roraima divulgou um áudio gravado durante o ataque que matou o casal. No registro, é possível ouvir uma conversa entre os suspeitos e as vítimas. Um dos envolvidos afirma que o terreno é dele e fala para que Jânio se mude, mas o agricultor nega.

A gravação também registra Flávia dizendo que a propriedade está regularizada. Ela também afirma que querem tomar as terras do casal. Em seguida, se ouve disparos de arma de fogo.

Grilagem

Denúncias que envolvem a prática de grilagem de terras tem repercutido diariamente nas últimas semanas em Roraima. No início de abril deste ano, a reportagem detalhou que o advogado James Garcia protocolou uma dessas denúncias na Corte Americana.

Ele gravou um vídeo onde alega que o governador de Roraima, Antonio Denarium (Progressistas), chefia ‘o maior esquema de grilagem de terras que o Brasil já viu’.

“Esse esquema ele é chefiado pelo chefe do Poder Executivo do Estado de Roraima, o senhor Antonio Denarium, juntamente com seu comparsa Disney Mesquita e a senhora Dilma, presidente do Iteraima”, disse James na gravação.

Garcia disse ainda que estão sendo utilizados nomes e documentos de pessoas que já morreram no estado e que no esquema há a prática de falsificação de documentos. “É uma situação muito grave, muito complicado que o nosso estado está sofrendo porque esse govenador ele já foi cassado durante três processos da Justiça Eleitoral e continua praticando crime o estado de Roraima e fazendo vítima em todo o Brasil”, afirmou.

Além disso, o advogado relatou que há supostas vítimas do esquema que são norte-americanas. Por conta disso, resolveu fazer a denúncia nos Estados Unidos. 

Fonte: Da Redação

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