Indígenas dos povos Yanomami e Ye’kwana emitiram uma nota de repúdio, nesta segunda-feira (20), contra a comissão externa criada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para investigar a crise humanitária na Terra Indígena Yanomami (TIY).
O documento foi criado pela Hutukara Associação Yanomami (HAY), Urihi Associação Yanomami (URIHI), Associação Parawami Yanomami (Parawami) e Associação Wanasseduume Ye’kwana e contém a assinatura de apoio de outras 78 associações e entidades indígenas.
Conforme a nota, a comissão está composta apenas por deputados ligados ao governo Bolsonaro que sempre atuaram contra os direitos dos povos indígenas e que são a favor do garimpo, prática ilegal que iniciou a crise humanitária na TIY.
“Manifestamos nosso repúdio e indignação por mais uma ação truculenta da Câmara dos Deputados que, longe de manifestar preocupação e compromisso com nosso povo, pretende utilizar a dor e a morte do povo Yanomami e Ye’kwana para objetivos simulados de disputas políticas e de defesa do garimpo e da mineração em territórios indígenas”, diz trecho da nota.
Câmara dos Deputados cria comissão
A deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT) é quem coordena a comissão. Além disso, 14 deputados dos partidos MDB, PL, Republicanos e União, dos estados de Roraima, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, integram o grupo.
Entre eles estão os deputados por Roraima, Gabriel Mota do Republicanos, Nicoletti e Pastor Diniz, ambos do União.
O grupo foi criado no dia 14 de maio, garantindo que iria trazer à tona a realidade do povo indígena bem como assumindo o garimpo como causador de conflitos, da destruição do meio ambiente e da disseminação de doenças.
Confira a lista completa:
- Abilio Brunini (PL-MT)
- Capitão Alberto Neto (PL-AM)
- Coronel Assis (União-MT)
- Coronel Chrisóstomo (PL-RO)
- Cristiane Lopes (União-RO)
- Dr. Fernando Máximo (União-RO)
- Gabriel Mota (Republicanos-RR)
- Gisela Simona (União-MT)
- José Medeiros (PL-MT)
- Lucio Mosquini (MDB-RO)
- Nicoletti (União-RR)
- Pastor Diniz (União-RR)
- Silvia Cristina (PL-RO)
- Silvia Waiãpi (PL-AP)
A nota reforça que a criação da comissão é desnecessária, uma vez que já existem comissões que acompanham a situação dos indígenas, bem como promovem ações e atendimentos visando amenizar os impactos causados pelo garimpo ilegal.
“Por isso, criar uma nova Comissão externa, formada por deputados defensores do garimpo e contrários à demarcação das terras indígenas, como os deputados Nicoletti (UB/RR) e Coronel Fernanda (PL/MT) entre outros, só pode ser entendida como um escárnio e uma afronta ao sofrimento dos povos Yanomami e Ye’kuana e de todos os povos indígenas do Brasil”, completou.
Ademais, outro trecho do documento diz que cabe ao Poder Legislativo cessar “sua ofensiva imoral contra os direitos dos povos indígenas e respeitar os territórios”.
“Não queremos que o sofrimento dos povos Yanomami e Ye’kuana sejam instrumentalizados para disputas políticas indecentes e antidemocráticas ou para defender o garimpo e a mineração nos territórios indígenas. É imoral, ilegal e inaceitável!”, diz.
Terra Indígena Yanomami
Em conclusão, a Terra Indígena Yanomami é a maior reserva indígena do país com 9.664.975 hectares. Em suma, o território abrange os estados de Roraima e Amazonas, ao Norte do Brasil, e abriga indígenas das etnias Yanomami e Ye’kwana.
Fonte: Da Redação