Mulher sofre aborto e familiares denunciam violência obstétrica na maternidade de lona em RR

Conforme denúncia, paciente deu entrada na unidade em busca de auxílio médico, no entanto, além da demora, passou por constrangimentos durante exame de toque

Mulher sofre aborto e familiares denunciam violência obstétrica na maternidade de lona em RR
Maternidade Nossa Senhora de Nazareth – Foto: Divulgação/Secom-RR

Uma mulher sofreu um aborto espontâneo e familiares denunciarem que a paciente foi vítima de violência obstétrica na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, em Roraima.

De acordo com a prima da mulher que preferiu não ser identificada, a paciente deu entrada na unidade no sábado (18). Ela estava grávida de dois meses e se queixava de sangramentos, por isso procurou a maternidade em busca de atendimento.

“Internaram ela e não tinha médico. Ela só foi ser atendida no domingo (19) e fizeram uma ultrassom onde não deram uma resposta sobre o que estava acontecendo com o bebê ou com ela. Quando foi na segunda-feira (20), ela fez uma outra ultrassom e já não tinha mais bebê, pois ela já havia perdido. Ficaram de fazer a curetagem pela noite e ela entrou em jejum, mas não fizeram”, explicou.

Já na terça-feira (21), a prima da mulher explicou que a equipe médica realizou o exame de toque o que resultou em mais dores e sangramentos.

“Ela pediu para que parassem pois estava doendo muito. Quando a gente pensou que ela ia fazer a curetagem eles passaram mais uma medicação e ela sentiu mais fortes dores. Ela já estava mais de 24 horas sem se alimentar ou beber água. Só depois de muitas reclamações que agendaram uma ultrassom. Um médico disse que ela precisava fazer a curetagem e o outro dizia que não precisava. Só depois que reclamamos novamente que disseram que ela faria a curetagem que só ocorreu hoje às 14h”, explicou.

Violência obstétrica

Do mesmo modo, a mulher disse que a prima passou por constrangimentos enquanto esperava pela cirurgia.

“Ninguém tomava nenhuma atitude que pudesse auxiliar ela com as dores e sangramentos. Considero violência pois os toques foram invasivos. Na hora eles [equipe médica] estavam no leito e ninguém tampou nada. Não havia um pano nem nada. Eu mesma tive que pegar um lençol e pedi para que os acompanhantes homens saíssem do leito”, disse.

A mulher também descreveu o estado emocional da paciente. “Foi desesperador. Ela estava muito abalada. Na segunda-feira quando não tinha mais bebê ela preferiu não conversar com ninguém. Hoje, ela também estava chorando e com dores. É difícil porque no domingo, deram uma falsa esperança, dizendo que o bebê estava bem e que iam segurar sem contar a verdade pra ela. Quando foi na segunda-feira, ela já estava perdendo a criança, infelizmente. A única coisa que falaram é que o saco gestacional dela estava irregular”, explicou.

Além disso, a mulher ressaltou que a situação não é um caso isolado. “Muitas outras mulheres passam por violência obstétrica diariamente. Não é uma situação só dela por isso pedi ajuda, pois precisamos ser ouvidas e questões que envolvem saúdem envolvem direitos do ser humano. Saúde não é brincadeira e aqui se você não falar e se mobilizar para que os médicos resolvam a situação, você passa aqui dias e meses. Só queremos que eles [equipe médica] tenham mais compromisso. Tratam a gente mal, tanto os pacientes quanto acompanhantes. Ninguém gostaria de estar aqui perdendo um filho ou passando por uma cirurgia de risco”, finalizou.

Citado

O Roraima em Tempo relatou a situação para a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) e solicitou posicionamento.

Na nota, a pasta informou que a paciente deve receber alta médica na quinta-feira (23) e reforçou que “qualquer queixa relacionada à prestação de serviço na unidade deve ser repassada de imediato para a Direção Geral e/ou Ouvidoria do HMI para as medidas cabíveis”.

Fonte: Da Redação

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