Uma tela de vidro escura: pacientes são atendidos e nem sabem com quem estão falando no HGR

A desumanização no HGR começa logo na entrada onde pacientes são atendidos através de um vidro com adesivo escuro e segue em outras áreas da unidade

Uma tela de vidro escura: pacientes são atendidos e nem sabem com quem estão falando no HGR
Vidro escuro onde o HGR atende pacientes na entrada da unidade – Foto: Rosi Martins

As reclamações de quem precisa da saúde pública em Roraima são poucas diante de tamanha desumanização do atendimento nas unidades de saúde do Estado. No Hospital Geral de Roraima (HGR), por exemplo, a desumanização já começa no Same, que fica logo na entrada da unidade.

A direção do hospital aplicou um adesivo (insufilme) escuro no vidro e agora os pacientes nem se quer conseguem ver com quem estão falando. O atendimento ocorre com uma pessoa do outro lado do vidro indicando onde os pacientes devem ir. A única coisa que tem bem claro e destacado no vidro é uma impressão da lei de desacato ao funcionário público previsto no artigo 331 do Código Penal. Ou seja, você é mal atendido e se reclamar, pode ser enquadrado.

Neste domingo (16) pacientes de um mutirão de endoscopia passavam pelo local e a atendente os encaminhava para ir direto ao local do exame. Ao chegarem na recepção, os pacientes eram orientados a voltar ao Same para que a atendente preenchesse a ficha em que eles declaram se têm alergia a algum medicamento, visto que, para fazer a endoscopia é necessário a aplicação de sedativo. Logo na chegada, o paciente já é jogado de um lado para o outro.

Com a chegada do médico, a situação só piorou, pois este não dispunha de um assistente. E os pacientes, sem ninguém para orientá-los dentro do imenso hospital, ficaram preocupados por medo de perderem a oportunidade de fazer a endoscopia.

O Médico então, sem ajuda de um assistente, teve que organizar a lista de pacientes por ordem de chegada e pedindo que as prioridades se manifestassem para que fossem colocadas na frente. Ele mesmo levou os pacientes até o local do exame e os pediu para sentar nas cadeiras enquanto ele ia convocando um a um.

Mas, para sua surpresa, graças à desorganização no HGR, ao chegar no local do exame já havia uma mulher que insistia em dizer que tinha chegado às 11h30 e que tinha sido encaminhada para lá. Ela não teve a sorte de encontrar alguém aleatoriamente no hospital que explicasse que ela precisava preencher a ficha e que não era permitida a presença no local do exame antes da chegada do médico.

E, no final, esta jornalista que vos escreve, presenciou desorganização, atendimento totalmente desumanizado, falta de profissionais e muitas outras falhas que, corriqueiramente se repetem há anos. E como resultado de tudo isso, pacientes que realizavam a endoscopia pela primeira vez ficaram ainda mais nervosos com todo o transtorno. E o médico, que ia conduzir o delicado exame, estava visivelmente estressado e com toda a razão. Ele teve que fazer seu trabalho e dos outros que o HGR não designou para trabalhar no mutirão.

A coluna entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e questionou se a pasta pretende promover um atendimento mais humanizado com a retirada do insulfilme, com contratação de profissionais e etc.

Por Rosi Martins

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