A coligação Unidos Continuaremos o Trabalho – integrada pelos partidos MDB, Podemos, PSB e Solidariedade – pediu à Justiça Eleitoral para investigar possíveis práticas de abuso de poder político e econômico nas eleições de Mucajaí, em favor do candidato à prefeito Chiquinho Rufino (Republicanos) e sua vice, Andreia Almeida (Progressistas).
Conforme a representação, as denúncias sobre as supostas irregularidades já foram apresentadas ao Ministério Público Eleitoral (MPE).
O documento aponta um dos principais braços financeiros do senador Mecias de Jesus (Republicanos) como articulador de um “esquema de corrupção”, estando em posse de aproximadamente R$ 500 mil destinados à compra de votos. A representação destaca que o senador, que é apoiador direto da candidatura de Chiquinho Rufino e Andreia Almeida, já esteve envolvido em uma “situação similar” durante a eleição suplementar de Alto Alegre. Na ocasião, a Polícia Federal apreendeu R$ 50 mil em espécie no veículo do parlamentar a poucos dias do pleito.
Uso da Polícia Militar
Em outra denúncia, a representação destaca que o candidato Chiquinho Rufino, que é policial militar, estaria usando a corporação em benefício próprio nas eleições.
“De acordo com as informações recebidas, policiais militares estariam sendo mobilizados para “mapear” eleitores da região, em conjunto com servidoras da Assembleia Legislativa, funcionários do gabinete do senador Mecias de Jesus e uma advogada, com o intuito de facilitar a compra de votos”, descreve o documento. Junto à representação, são anexadas algumas fotos que podem colaborar com as alegações.
“É extremamente grave a conduta do candidato a prefeito e seu grupo político, eis que utilizam da instituição de segurança da polícia militar para benefício próprio e para o constrangimento de eleitores”, ressalta o documento.
A representação indica ainda que Chiquinho Rufino, com apoio de policiais corruptos, utiliza veículo da Polícia Militar para intimidar e perseguir adversários políticos, tendo como alvos a prefeita Nega e o candidato a prefeito Joelson Silva da Costa, ambos do Solidariedade. O partido, inclusive, enviou denúncia e pedido de esclarecimentos sobre a situação ao comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, Miralmilton Goiano.
‘Propaganda irregular’
A coligação também afirma que Rufino realiza propaganda eleitoral de forma irregular, em espaço privado de uso comum.
É que no dia 26 de setembro, o deputado federal Pastor Diniz (União) usou o espaço de uma das congregações da igreja evangélica Assembleia de Deus para pedir votos ao candidato durante o tempo em que ela estava com as portas abertas.
Segundo a denúncia, o parlamentar, que é pastor nessa igreja e psicólogo por formação, utiliza sua posição política e seus conhecimentos adquiridos na academia e na liderança religiosa para persuadir os fiéis a votarem em seus candidatos de preferência.
O ato foi registrado em vídeo e disseminado nas redes sociais do deputado, o que, de acordo com a representação, configura abuso de poder político, propaganda irregular e uso indevido de local de culto para fins eleitorais.
A coligação pede para que as publicações feitas nas redes sociais do parlamentar sejam removidas e requer a aplicação de multa por propaganda irregular.
Mapeamento de eleitores
Outra denúncia mencionada na representação é de que apoiadores do candidato Chiquinho Rufino estão usando a influência de seus cargos públicos para mapear eleitores sob pretexto de um suposto cadastramento em programas sociais do Governo.
Eles estariam visitando casas de moradores e realizando “pesquisas manipuladas e tendenciosas”. Confira o relato de um dos eleitores abordados:
Quanto a identidade das pessoas que estavam coletando as informações, o denunciante informou que uma das pesquisadoras é funcionária da Assembleia e outra é do gabinete do senador Mecias de Jesus.
“Tais condutas comprometem a paridade de armas no processo eleitoral, favorecendo aqueles que exercem abuso de poder político e econômico”, destacou a representação.
Suposta compra de votos
A representação enviada à Justiça Eleitoral também descreve uma denúncia anônima de suposta compra de votos. De acordo com o documento, há fortes indícios de que uma grande quantia em dinheiro está sendo armazenada na casa do tio do candidato.
Conforme a denúncia, o montante estaria sendo utilizado para a compra de votos em apoio a Chiquinho Rufino e Andreia Almeida. “As informações foram confirmadas por testemunhas e evidências visuais, incluindo fotografias e relatos de moradores locais”, destaca o documento.
Uso da estrutura do Governo
Uma das denúncias citadas na representação relata ainda o possível uso da estrutura do Governo para favorecer a candidatura de Chiquinho Rufino.
A denúncia detalha sobre uma suposta distribuição do cartão Cesta da Família, programa do Governo de Roraima, em benefício do candidato, que também é aliado do governador Antonio Denarium.
O documento apresenta em anexo uma lista com mais de 2.500 possíveis nomes de eleitores a receberem o cartão Cesta da Família em Mucajaí, com números de telefone e endereço.
O partido Solidariedade enviou ofício à Superintendência da Polícia Federal em Roraima pedindo a apuração sobre o suposto uso da estrutura do Governo do Estado nas eleições de Mucajaí. E também solicita a intervenção da corporação no pleito do município.
Além disso, a representação alega que a equipe de Rufino está utilizando carro oficial da Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima) para promover atos de campanha em Mucajaí a favor do candidato.
“Foram vistos 3 carros, um do modelo Oroch Renault, uma Ranger e uma S10. O modelo Oroch Renault está sendo conduzido pessoa integrante da equipe de apoio do candidato. O modelo Ranger está sendo usado pela candidata a vice-prefeita Andreia Almeida, do Progressistas. Já o modelo S10 está sendo conduzido pelo referido candidato Chiquinho Rufino”, relata a denúncia.
Ainda conforme a representação, os carros são de uma empresa contratada pela Codesaima em 19 de junho de 2023.
Liminar
A coligação Unidos Continuaremos o Trabalho também entrou com uma liminar na Justiça Eleitoral, onde pede que a Corte determine ao governador Antonio Denarium que se abstenha de participar de eventos de campanha ou manifestar apoio público a candidatos à prefeitura e vereadores em Mucajaí, bem como que seja determinada a retirada das publicações de apoio nas redes sociais.
Isso porque, segundo a representação eleitoral, o comportamento de Denarium ao apoiar Chiquinho Rufino em eventos de caráter político-administrativo em Mucajaí, fere o princípio da igualdade de oportunidades entre os candidatos, tendo em vista que já é detentor de um poder.
Citados
O Roraima em Tempo procurou todos os políticos citados na reportagem, mas nenhum deles se manifestou até a publicação.
Já Codesaima negou as denúncias e disse que a Companhia “está com nenhuma atividade nos municípios do interior”. Disse ainda que se alguém ver sum carro identificado como da Codesaima, solicita que informe a placa e demais características do veículo para que seja feito uma verificação nos registros e eventual responsabilização.
Fonte: Da Redação