Professores da rede municipal de Rorainópolis estão em greve há 12 dias, em protesto à redução de 33% de seus salários. A medida, aplicada pelo prefeito Pinto do Equador (Republicanos) em outubro do ano passado, impactou a vida financeira dos profissionais e, consequentemente, afetou pais e alunos.
Conforme Dhaiannie Carpanini, presidente do Sindicato dos Professores do Magistério e Licenciados, Monitores de Alunos Especiais e Auxiliares Técnicos em Educação Infantil do Município de Rorainópolis (Sinpmur), a redução salarial foi feita sem diálogo, acordo ou justificativa.
“Nós não ficamos calados. Nós fomos para a rádio, nós fizemos manifestação, nós fizemos passeatas, nós fizemos muita coisa para alertar a população da indignação que nós estávamos por conta desse ato que causa tanto constrangimento, tantas doenças e tantas consequências irreversíveis”, disse.
Ainda segundo Carpanini, o prefeito tentou descredibilizar a greve e chegou a entrar com uma liminar na Justiça para torná-la ilegal, o que foi negado pelo juiz.
“Ele entrou na Justiça em 25 de setembro de 2024 para tornar a greve ilegal. Ele dizia que a greve era ilegal, que nós estávamos fazendo politicagem, que nós estávamos sendo partidários. Porém, o que comprova que isso é uma inverdade é que nós continuamos na greve e vamos continuar. Esse processo que o prefeito entrou, ele não conseguiu liminar. O juiz indeferiu a liminar por entender que o sindicato seguiu todas as formalidades para a greve”, salientou.
PCCR
O Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR) dos professores, estabelecido em 2014, também está sendo desrespeitado, segundo a categoria.
“Hoje, uma pessoa contratada 40 horas, ela recebe a mesma coisa que o professor que tem 20 anos de serviço. Isso é inadmissível […] De 2014 para cá, os reflexos eram feitos normalmente, tanto que a gente chegou na tabela 2022. A partir do ano de 2023, não houve mais o cumprimento do Plano de Cargos e Carreiras […] O prefeito que entrou simplesmente rasgou o nosso plano de carreira. Ele não respeita as nossas progressões”, explicou a presidente do Sindicato.
Falta de transparência
A categoria também reclama da falta de transparência do prefeito Pinto do Equador, que, de acordo com Dhaiannie, prometeu recomposição salarial a partir de 2025, mas se recusa a esclarecer como será feita. A presidente do Sindicato também denunciou supostas contratações irregulares pela Prefeitura.
“O que nós tivemos com o prefeito foi uma reunião no dia 20, onde ele propôs essa recomposição salarial a partir de 2025. Porém, ele não comprovou. Segundo ele, não tem dinheiro para pagar isso agora, mas ele não comprovou. Ele não dá transparência do Fundeb […] E aí fica difícil a gente entender que não tem dinheiro para pagar os professores, mas a gente tem documentação que comprova que foram feitas mais de 478 contratações de forma irregular, sem concurso público e sem ao menos um seletivo […] Se não tem dinheiro para pagar o professor, por que tantas contratações?”, questionou a representante.
Sem diálogo
Segundo a presidente do Sindicato, o prefeito não mantém diálogo com a categoria e tudo depende dele para que a greve seja encerrada.
“Nós temos uma proposta de acordo. Mas nós não temos um acordo firmado porque o prefeito não quer colocar o que ele falou em campanha no papel. Nós já comunicamos o Ministério Público e o MP está à disposição, está acompanhando as tratativas de greve. Temos um documento do MP solicitando informações de como está isso para que ele possa acompanhar, até para que isso possa acabar o mais rápido possível, mas o prefeito simplesmente não quer, junto com a categoria, elaborar um documento para que esse acordo se firme de forma oficial”, falou.
Carpanini esclareceu ainda que a categoria já está se reunindo com a Secretaria de Educação para organizar a reposição dos dias letivos para quando a greve terminar.
“Nós, enquanto professores e educadores responsáveis que somos, sabemos que os alunos têm direito aos 200 dias letivos e às 800 horas/aulas, por isso, já estamos nos reunindo com a Secretaria de Educação para ver a melhor forma de atender os 200 dias letivos sem prejudicar ambas as partes, tudo dentro da lei, sem que o direito de greve atrapalhe o direito do aluno. Então, assim como os professores têm direito a greve, os alunos têm direito aos seus 200 dias letivos. A categoria é consciente disso e fará todas as reposições devidas”, concluiu a presidente do Sindicato.
O Roraima em Tempo entrou em contato com a Prefeitura de Rorainópolis para pronunciamento e aguarda retorno.
Fonte: Da Redação