Líderes indígenas de Roraima se reuniram com o ministro Alexandre Padilha nesta segunda-feira, 24, no Palácio do Planalto, para denunciar o avanço do crime organizado na Terra Yanomami. A Veja publicou uma reportagem sobre o assunto nesta terça-feira, 26, e revelou detalhes do encontro.
Segundo o portal de notícias, os líderes relataram que a venda ilegal de armas de fogo para garimpeiros e o tráfico de drogas dentro das comunidades avança “sem controle”. Eles afirmam que os adolescentes indígenas estão se viciando em cocaína e que o governador de Roraima, Antonio Denarium (Progressistas), não toma providências.
Um dos principais porta vozes do povo Yan0mami, o xamã Davi Kopenawa entregou um ofício a Padilha, onde denuncia a situação no estado. “Nos últimos anos, a destruição da nossa terra se intensificou de forma alarmante. A exploração ilegal do garimpo avança sobre os nossos rios e florestas… Mais um genocídio contra o povo Yanomami. O garimpo em nosso território, além de ser ilegal, está diretamente ligado ao crime organizado e ao comércio de ouro para o mercado internacional, partindo de Roraima. Contudo, a questão possui um profundo viés político-eleitoral, o que me motiva suplicar pela audiência, devido às graves suspeitas de envolvimento de autoridades políticas detentoras de mandato com o garimpo ilegal, tráfico de drogas e outras atividades ilícitas, inclusive com apuração pela Polícia Federal e prisão de parentes desses mandatários”, diz parte do documento.
De acordo com a Veja, o líder indígena se refere à investigação e uma operação da PF que, em outubro deste ano, realizou busca e apreensão em endereços do comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, Miramilton Goiano, e o filho dele, que é policial penal, por visitas a um garimpeiro preso envolvido com vendas de armas e munições na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc).
Ainda conforme a reportagem, as lideranças pretendem levar suas reivindicações à presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Carmén Lúcia. “Eles alegam que a Corte Superior precisa saber dos ‘crimes’ cometidos pelo governador contra os povos indígenas”, ressalta o texto.
A Veja destaca que os líderes querem que a ministra coloque novamente em pauta a análise do processo que pede a cassação do mandato de Antonio Denarium e de seu vice.
A ação, que apura o uso da máquina pública na eleição de 2022 pelo governador, começou a ser analisada em agosto, mas foi retirada de pauta sem justificava e segue sem data definida para retomada, o que já provocou o debate de deputados roraimenses e a população, que pede uma resposta definitiva do TSE.