“Novocaine: À Prova de Dor” diverte com homem imune à dor física

A coluna de hoje é a crítica de “Novocaine: À Prova de Dor”, comédia de ação protagonizada por Jack Quaid.

“Novocaine: À Prova de Dor” diverte com homem imune à dor física

Jack Quaid é o novo queridinho de Hollywood. Desde que estreou no cinema com o primeiro Jogos Vorazes, o filho de Dennis Quaid e Meg Ryan vinha crescendo e aparecendo. Apesar dessa subida na telona, foi uma atração de streaming que o colocou no novo mapa estelar: a série The Boys, iniciada em 2019. Assim, ele não só virou um rosto conhecido, mas tambem virou o atual rosto do homem comum que sempre está no lugar errado e na hora errada.

Neste mês de março, temos Jack Quaid mais uma vez. Depois do suspense A Acompanhante Perfeita, lançado em fevereiro, é a vez de Novocaine: À Prova de Dor mostrar que o ator sabe segurar o protagonismo. Aqui, ele interpreta Nathan Caine, um bancário que tem uma condição genética peculiar: ele não sente dor alguma. É apaixonado pela colega de trabalho, a jovem Sherry (Amber Midhunter, de O Predador: A Caçada), e ambos vivem um pequeno romance. Aliás, é por ela que conhecemos o histórico de Nathan e o quanto ele foi privado de uma vida normal por causa dessa condição.

Sua rotina vira do avesso de vez quando três sujeitos com máscara de Papai Noel assaltam o banco onde o casal trabalha. Quando ela é sequestrada pelos bandidos, ele aproveita seu “superpoder” para perseguir a trupe e salvar sua amada.

Imunidade sensorial

Jack Quaid e Amber Midhunter: romance

A ideia de um protagonista sem dor não é nova. Em Kick-Ass: Quebrando Tudo (2010), o personagem de Aaron Taylor-Johnson tenta ser um super-heroi ao pé da letra (tem até uniforme e identidade secreta), mas ganha uma facada de presente ao tentar combater o crime do jeito dele. O golpe, no entanto, atingiu um nervo que o deixou imune à dor física, o que acabou virando um poder secreto involuntário.

Novocaine tem uma premissa parecida. A diferença que é sua imunidade sensorial não é adquirida, mas de nascença. Ao contrário de Kick-Ass, Nathan nunca sentiu dor física em sua vida inteira. E, ao contrário do que parece, isso é um risco à sua própria vida, já que a dor é o sistema de alerta mais básico do organismo. Com esse alerta “desligado”, tudo pode acontecer e ele pode não se dar conta.

Justamente por isso que o maior atrativo de Novocaine são as situações em que Nathan se mete para salvar a namorada. Em um momento de improviso, por exemplo, ele mergulha sua mão em uma panela de óleo fervente para sair de uma enrascada – algo impensável a um cidadão comum. Em outra situação, ele cai em uma lugar cheio de armadilhas que não faz a menor diferença para ele. É bem divertido, não só pelas reações de Nathan aos ataques da vida, mas também por fazer a gente sentir as dores por ele.

Todo estrebuchado

Armadilha: Nathan encrencado

O roteiro de Lars Jacobson é simples no que se propõe e não tenta inventar demais. Apesar disso, faltou aparar melhor algumas arestas. Tenho um grande problema com os vilões. Pessimamente escritos, com uma aura de invencibilidade que não se justifica, já que, para todos os efeitos, são criminosos comuns. São fortões? Sim, mas o roteiro exagera em nome do entretenimento (o que pode até ser uma qualidade, dependendo do público). Além disso, há uma revelação no final que não serve para nada.

Apesar da minha reclamação com a bandidagem, o ator Ray Nicholson (filho do Jack) está psicótico como Simon, líder do bando. Os outros dois estão só cumprindo tabela, mas nem precisam de mais que músculos, pois o colega principal já segura pelos três. Amber Midhunter é outra que não precisa de mergulhos dramáticos. Sua presença já bela e carismática a garante como par romântico. Betty Gabriel (a assustadora Georgina, de Corra!) também está aqui, interpretando a policial que investiga o caso do assalto. Ah, e quase esqueci Jacob Batalon (melhor amigo de Peter na trilogia Homem-aranha do UCM), repetindo o papel de alívio cômico.

O destaque é Jack Quaid, que tem faceta e fisicalidade suficientes para liderar uma boa comédia de ação. Ele convence bem ao correr adoidado, segurar uma pistola sem saber manejá-la, sair mancando todo estrebuchado e ainda precisar fingir dor em uma cena hilária. Pode chamá-lo para uma continuação que ele leva jeito para a coisa.

Veredito

“Ué, o que aconteceu aqui?”

Os diretores Dan Berk e Robert Olsen compreenderam a proposta do longa e criaram ótimas cenas de ação, fazendo a festa com a violência gráfica quando precisa. Não há exatamente uma sequência inesquecível. Mesmo assim, Novocaine: À Prova de Dor é passatempo garantido. Ninguém precisa reinventar a roda para entregar um filme de ação bacana e divertido. Tem ação, bom humor e um herói diferenciado. Também tem seu problemas, mas não comprometem o resultado. Afinal, em um filme de entretenimento puro, roteiro frágil é uma dor que dá para aguentar tranquilamente.

Júnior Guimarães é jornalista e escreve a coluna Cinema em Tempo. Toda semana aqui no Roraima em Tempo temos uma análise sobre o mundo cinematográfico. No Youtube, Júnior tem um canal onde faz críticas e avaliações sobre cinema.

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