A cada dia se assiste em noticiários casos de policiais e demais agentes de segurança que extrapolam durante abordagens policiais, chegando a agredir e mesmo matar pessoas nesse incessante combate ao crime, onde muitas vezes pessoas inocentes acabam sendo as vítimas, ainda, some-se a isso os registros preocupantes policiais que tentam o suicídio e mesmo chegam a consuma-lo. Esse índice relativamente alto tem despertado uma preocupação dos profissionais da Psicologia que trabalham com esses profissionais da área de segurança.
Vários fatores podem interferir na saúde mental dos policiais no Brasil, principalmente a pressão porque passam esses policiais no combate diário a criminosos cada vez mais armados e perigosos, onde o risco de morte nesses enfrentamentos é iminente. Ainda, a própria rotina do policiamento ostensivo já é um fator que desencadeia um alto grau de estresse, bem como, a cobrança de superiores para que os policiais garantam a segurança pública em um país dominado por facções e com altos índices de violência, desigualdade social e péssimas condições de trabalho, viaturas velhas, armamentos ineficientes, pouca munição, assim como, muitos policiais sofrem com a desconfiança e a hostilidade da população, especialmente em contextos de abusos de autoridade cometidos por uma minoria e, o mais injusto é o que alguns policiais sofrem quando abatem um bandido ou agem com mais rigor numa abordagem policial diante da resistência da pessoa abordada. São afastados e passam a responder inquéritos na Corregedoria da corporação a qual pertencem, isso quando não são indiciados pelo Ministério Público para responder na Justiça por aquela ação, o que em muitos casos acabam sendo condenados e expulsos sem nenhum direito. Esse cenário tem gerado consequências preocupantes para o equilíbrio emocional e psicológico desses policiais, impactando tanto nas suas vidas pessoais quanto sua atuação profissional.
Essas situações de estresse levam a graves consequências para a saúde mental desses policiais, já que o impacto dessas condições no bem-estar psicológico destes profissionais da segurança é profundo e multifacetado. Estudos tem demonstrado que os transtornos mentais são significativamente mais prevalentes entre agentes de segurança pública em comparação com a população geral. A seguir abordaremos os problemas mais comuns que afetam esses profissionais, como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), que resulta da exposição a eventos traumáticos, o TEPT pode causar flashbacks, insônia, ansiedade e isolamento social. Outro transtorno relevante é a Depressão, a qual é desencadeada pela constante pressão e o desgaste emocional sofrido por estes profissionais, levando ao surgimento de quadros depressivos, caracterizados por tristeza profunda, falta de motivação e perda de interesse pelas atividades diárias. Mais um comumente relatado em sessões no consultório e que afeta uma parcela grande de policiais é a Ansiedade, a qual é desencadeada pela imprevisibilidade da rotina policial e o medo constante de situações de riscos, levando a estados de alerta permanente, o que gera uma ansiedade crônica.
Com toda essa pressão e situações de estresse que permeiam a carreira policial, muitos buscam uma “válvula de escape” no consumo de álcool e até em substancias entorpecentes, o que agrava sobremaneira os problemas de saúde mental. E infelizmente nos relatos que chegam ao consultório onde há abusos no consumo dessas substâncias, alguns pacientes policiais informam que já pensaram em suicídio, outros já tentaram e há notícias de óbitos. As taxas de suicídio entre policiais são alarmantes, destacando a gravidade da situação. Dados preocupantes mostram que muitos agentes não encontram suporte adequado para lidar com o sofrimento psicológico, ou seja, a rede de apoio psicológico ou é fraca ou inexistente. Nesse quesito cabe ao poder público promover políticas públicas para cuidar da saúde emocional desses policiais imprescindíveis em uma sociedade.
Um dos fatores agravantes além dessa falta de política pública para acolher esses policiais, está o fato da própria rejeição de alguns policiais a buscar um suporte psicológico por conta do estigma de serem vistos como “fracos” por colegas ou superiores. Por fim, mais um agravante é o impacto desse estresse dos profissionais de Segurança Pública em seus familiares e amigos, em especial a família que sofre diretamente, chegando até mesmo a ser mais uma vítima de agressões, já que os policiais que estejam sendo afetados por algum desses transtornos da mente, podem leva-los a apresentar irritabilidade, dificuldade em se desconectar das tensões da rotina e até comportamentos mais reservados ou agressivos em casa, o que fatalmente gera conflitos familiares, afastamento emocional e dificuldades no relacionamento com cônjuges e filhos e, as crianças são as vítimas mais vulneráveis por não compreenderem o porquê dessas atitudes do pai/ou mãe policial, levando-as a sentir insegurança e medo ao perceberem os comportamentos explosivos dos pais policiais. Fatalmente essas situações de descontrole emocional acabam impactando na saúde mental de toda a família.

Hismayla Pinheiro é psicóloga clínica e especialista em avaliação psicológica com mais de 7 anos de experiência em consultório. Por aqui ela traz orientações valiosas nesse divã virtual de como manter sua saúde mental. Agende sua consulta: (95) 99144-1131

