Aspectos psicológicos do câncer de mama: da negação da doença à incerteza da cura

A estimativa é de 73.610 novos casos de câncer de mama em 2025 no Brasil, sendo o tumor maligno mais incidente em mulheres. Esse tipo de câncer é a principal causa de morte entre as mulheres no país, com cerca de 20.165 óbitos registrados somente em 2023. Não há ainda um número oficial de óbitos para 2025, pois as estatísticas finais levam tempo para serem compiladas.

Infelizmente o câncer de mama causa danos psicológicos graves como ansiedade, depressão, estresse e medo. Esses danos têm como “gatilhos” o impacto na autoimagem, sexualidade e temor de recorrência da doença, os quais afetam diretamente na qualidade de vida, nos relacionamentos, na autoestima e na aceitação do corpo em casos de mastectomia, o que exige apoio emocional e psicológico para o tratamento.

Esse impacto psicológico traz uma significativa repercussão na vida da paciente, porém, caso a mulher tenha que passar por esse momento, saber lidar com os efeitos psicológicos com conhecimento e compreensão, através de um apoio psicoterápico, torna-se possível o enfrentamento dos medos e angústias, onde será de grande ajuda na resposta ao seu tratamento terapêutico.

A confirmação de um tumor maligno leva a mulher a passar por várias fases de conflitos internos que oscilam desde a negação da doença, passando pela esperança da cura e, até mesmo, a incerteza dessa possível cura. Em caso de diagnóstico positivo, a atuação do profissional de Psicologia tem de fazer parte do tratamento concomitante com o da conduta terapêutica oncológica.  A avaliação psicológica nesse primeiro momento deve ser individual, para que haja um maior entendimento do Psicólogo e para que o profissional consiga entender as angústias e incertezas relatadas pela paciente. Em seguida o atendimento psicológico pode ser estendido aos familiares próximos, cujo objetivo primordial é estreitar essa rede de apoio, para que a paciente se sinta acolhida e aceita nessa fase crítica de sua vida.

Equilíbrio emocional

Manter o equilíbrio emocional e a qualidade de vida diante de um diagnóstico de câncer de mama é uma condição bastante complicada para a paciente e, para que esse cenário seja menos doloroso, a equipe multidisciplinar de saúde tem que ser participativa positivamente apoiando o acompanhamento psicoterapêutico, o que possibilitará uma maior tranquilidade e apoio durante todo o processo de tratamento, assim como de seus familiares.

É perceptível uma relação entre a faixa etária e o comportamento psicológico de uma paciente com câncer de mama, ou seja, uma mulher que já tenha família/filhos reage de forma diferente de uma que esteja buscando esses ideais. Para uma mulher sem filhos e ainda em fase plenamente reprodutiva, a descoberta da doença terá um impacto mais traumático, pois pressupõem que essa mulher esteja em busca de uma união, ou seja, deseja construir uma família, o que fatalmente afetará as questões sexuais, atrativas e de autoestima. Diferente será a reação de uma mulher que se encontra em uma fase mais avançada da vida e que já tenha vivenciado essas experiências, ainda que, também terá a sua sexualidade fragilizada, esta já possui outros laços de família, amenizando o peso e os traumas da doença.

Qualidade de vida

Por fim, a psicoterapia para pacientes com câncer é fundamental para melhorar a qualidade de vida, onde vai ajuda-las a lidar com o impacto emocional do diagnóstico, ansiedade e angústia. O acompanhamento psicológico auxilia na aceitação da doença, no fortalecimento da resiliência e na adesão ao tratamento, além de oferecer “ferramentas” para gerenciar emoções e se adaptar à nova realidade. Um estado mental positivo, que pode ser desenvolvido com a psicoterapia, impacta diretamente na adesão ao tratamento oncológico e, consequentemente, nos resultados positivos, além do que, ajuda a paciente a focar no presente, sem se prender excessivamente a prognósticos futuros, assim como, incentiva a manutenção ou descoberta de atividades prazerosas para ajudar no relaxamento e bem-estar, ou seja, fortalece o apoio social, pois vai ajudar a paciente a buscar e a manter momentos com pessoas que lhe fazem bem, evitando o isolamento.