A Câmara Municipal de Boa Vista voltou aos holofotes com força total nesta sexta-feira, 28, com a operação da Polícia Federal (PF), que investiga desvio de R$ 1,3 milhão em esquema com as verbas indenizatórias.
Mas, a fragilidade da Casa Legislativa vai além da área policial. Começando pela mesa diretora, presidida por Genilson Costa (Republicanos), vereador cassado, investigado e preso duas vezes.
Além disso, o 3º secretário, Adnan Lima (DC), também teve o mandato cassado recentemente. E, para finalizar, ainda não foi feita a eleição para substituir a vaga de Tuti Lopes, que era 1ª secretária e, lamentavelmente, morreu em 15 de outubro.
Fora isso, há ainda mais dois vereadores com mandatos cassados: Roberto Franco (DC) e Dayvid Carneiro (União Brasil). Os cassados respondem na Justiça Eleitoral por compra de votos, fraude em cota e etc.
Vale lembrar que nas eleições em que eles foram eleitos, a Polícia Federal deflagrou diversas operações, em que apreendeu dinheiro, ouro, armas e fez o seu trabalho para combater a corrupção. Foi um momento vergonhoso para a história política de Roraima.
E, além disso, o Ministério Público de Contas (MPC) recebeu denúncia sobre indícios de irregularidades em três contratos. São eles: compra de mobiliário por R$ 2,6 milhões, contrato de empresas terceirizadas, bem como reforma predial.
Já em dezembro de 2024, a PF realizou a Operação Martellus com o objetivo de desarticular uma associação criminosa constituída durante o período eleitoral de 2024, voltada à compra de votos, assim como outros crimes eleitorais.
A PF cumpriu 18 mandados de busca e apreensão e 14 de prisão temporária expedidos pela Justiça da 1ª Zona Eleitoral de Roraima.
O que dizem os parlamentares
A reportagem procurou o presidente da Câmara, assim como os outros três vereadores que tiveram os mandatos cassados, além do líder da Prefeitura na Câmara, Bruno Perez e o vereador de oposição Ítalo Otávio e pediu posicionamento.
Dayvid Carneiro disse que, com relação à operação da PF, entende que toda investigação deve ocorrer com absoluto respeito ao devido processo legal e que defende que quaisquer irregularidades, se comprovadas, sejam rigorosamente apuradas e punidas. Sobre a situação política atual na Câmara ele afirmou que é inegável que o momento exige responsabilidade, serenidade e compromisso com a população e que a instabilidade institucional não pode servir de justificativa para generalizações ou julgamentos antecipados.
Sobre a cassação de seu mandato, o parlamentar reiterou que segue confiante na Justiça e exercendo seu direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório. “Tenho plena tranquilidade em relação à minha conduta e permaneço acreditando que todos os fatos serão devidamente esclarecidos no momento oportuno”, destacou.
Por fim, disse que seu posicionamento sempre será o de colaborar com as instituições e defender a lisura do processo democrático.
Genilson Costa manteve a nota oficial da Câmara que fala que está à disposição das autoridades e que reitera seu compromisso com a transparência, a legalidade e a colaboração irrestrita com os órgãos de controle.
Roberto Franco e Adnan Lima não responderam.
O líder da Prefeitura na Câmara, Bruno Perez (MDB), disse que respeita a operação da Polícia Federal e acredita que se há suspeitas elas precisam ser investigadas e os envolvidos devem ser punidos, caso seja comprovado. “Espero que a população possa separar cada um dos parlamentares pela conduta e trabalho prestado. No meu gabinete eu realizo inspeções e auditorias periódicas para ter a certeza que tudo está dentro da Lei. A Câmara está exposta e precisa mostrar que tem importância para a sociedade”, destacou.
O vereador de oposição, Ítalo Otávio (Republicanos) ressaltou que o mandato parlamentar precisa ser conduzido com transparência, responsabilidade e compromisso com o interesse público. E se essas condutas são violadas, é necessário sim, que sejam feitas investigações e operações, que existem justamente para apurar os fatos com o levantamento de informações e coleta de provas e depoimentos.
“A imagem de todos os parlamentares deve estar associada à fiscalização, representação de interesses coletivos e bandeiras de atuação. Por isso é importante separar a ideia de que “todo político está ligado à corrupção”, já que todo trabalho desenvolvido pelos demais vereadores tem sua relevância para a nossa população”, frisou.
Fonte: Da Redação

