As vésperas do feriado de 7 de setembro do ano passado, a então diretora-executiva do Programa de Atendimento Comunitário, da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE–RR), precisou ir ao banco resolver uma questão particular. Era uma sexta-feira.
Zenilda Maria Portella se surpreendeu ao sair da agência. Já dentro do carro, indo embora, foi abordada pela Polícia Federal. Naquele 6 de setembro de 2024, a comissionada havia ido ao banco fazer um saque de R$ 500 mil em dinheiro vivo.
Assim, os valores e o celular de Portella acabaram apreendidos pela PF, que passou a apurar o caso por suspeita de corrupção eleitoral.
De acordo com a investigação, a defesa da funcionária, de 75 anos, revelou que a retirada de valores em espécie era algo “normal e corriqueiro” e “não somente em época política”.
Extratos bancários apresentados pelos advogados indicaram um total de saques de R$ 2,15 milhões, em espécie, entre abril e julho do ano passado. Assim como a retirada de setembro, as outras cinco também ocorreram em dias úteis.
Comissionada da Assembleia
Portella é comissionada da Assembleia desde janeiro de 2024 e também mãe da deputada estadual Angela Portella (PP-RR). Procurada pela reportagem, a parlamentar, que ainda mantém uma sobrinha em seu gabinete, não se manifestou.
Além disso, Portella era procuradora da empresa de construção do filho, que mantém contratos com o governo de Roraima. A defesa alegou, na investigação, que o dinheiro vivo tinha origem em contratos públicos e seria usado para pagar “fornecedores e serviços”.
Depois da apreensão, Zenilda foi à Justiça tentar recuperar os R$ 500 mil. Pediu tramitação prioritária do processo por ser idosa e solicitou os benefícios da Justiça gratuita por ser “juridicamente pobre”. Porém, em setembro do ano passado, quando ocupava o cargo de diretora-executiva de Atendimento Comunitário, a mãe da deputada tinha um salário de R$ 12 mil mensais.
De lá para cá, Zenilda Portella mudou de cargo. Um ano depois, em agosto de 2025, mês mais recente disponível, deixou a cúpula do programa e passou a ocupar um cargo de assessora técnica no mesmo setor. A remuneração caiu para R$ 2.520 por mês.
Portanto, até o fim de novembro, a defesa da funcionária ainda tentava reaver os valores apreendidos. Assim, o caso está sob investigação.
Resposta da Assembleia Legislativa de Roraima
A Assembleia Legislativa de Roraima afirmou ao UOL que a estrutura de pessoal mantida pela casa garante o “funcionamento regular” de programas e gabinetes dos 24 deputados estaduais em Boa Vista e no interior do estado.
Fonte: UOL

