Torna-se inacreditável o que ocorre na Saúde estadual. A fila da cirurgia eletiva virou uma novela, ou melhor, um filme de terror. Mais de 9 mil pacientes sofrem há anos sem a bendita operação e o governador Antônio Denarium diz por aí, todo alegre, que já “investiu” mais de R$ 2 bilhões na Saúde. Parece piada, se não fosse trágico.
Como pode um governador dizer que tem dinheiro em conta, se não cuida da saúde da população, como bem criticou, na terça-feira (15), o deputado federal Édio Lopes, durante a live de lançamento da pré-candidatura da ex-prefeira Teresa Surita ao governo do Estado. É inadmissível. Vossa excelência está guardando dinheiro para quê? Para outubro próximo?
Em vídeo divulgado no ano passado, o Presidente Bolsonaro afirmou que já havia mandado para a Saúde de Roraima R$ 5.1 bilhões. Meu Deus, isso é muito dinheiro! Para onde, então, foi esta montanha de recurso federal, governador, se o atendimento médico nos hospitais do Estado é precário?
A verdade é que a confusão é grande na saúde estadual. Primeiro o governo lança um aplicativo, o “Já morreu?”, para cadastrar pacientes na fila de cirurgia. Então, o povo foi lá e se cadastrou, mas não deu em nada, e nada de cirurgia. Agora, o governo pede aos pacientes que façam novamente o recadastramento, e nada de cirurgia. É brincar com a saúde e a vida do povo.
Não bastasse tamanha enrolação para justificar cifras milionárias desviadas da Saúde, ainda existem outras maracutaias. Dona Antônia Bezerra, por exemplo, fraturou o ombro, em setembro passado, e ficou oito dias internada no HGR. E mesmo sem fazer a cirurgia, ela recebeu alta. Contudo, o laudo assinado pelo médico Victor Paracatti apontou que Antônia havia se operado. Tudo balela. Ela nunca se operou e foi atendido por um outro médico. Dona Antônia foi encaminhada, então, ao hospital Coronel Mota. Lá, entrou na fila do TFD e até hoje continua com o ombro fraturado.
Outro paciente, que foi fazer o bendito recadastramento, descobriu que também “já tinha feito a cirurgia”. Outra enganação de um governo que vive de mentiras. Tivemos o app “Já morreu?” e nada de cirurgia. Agora temos um recadastramento e nada de data para o início das cirurgias, ou seja, o governo continua “empurrando com a barriga”, em detrimento de milhares que aguardam pelas benditas cirurgias.
Pagou. Cadê as cirurgias?
É bom lembrar também que no ano passado, o governo do Estado pagou mais de R$ 6 milhões a uma empresa terceirizada para fazer as cirurgias. Porque elas, então, ainda não começaram? O que aconteceu com o dinheiro investido nesta empresa?
À época, a informação era de que seriam feitas seis mil cirurgias em 180 dias, mas até o momento a fila só aumentou, e nada de cirurgia. Para se ter ideia, para zerar essa vergonhosa fila de 9 mil pacientes em um ano, o governo teria que fazer, ao menos, 24 cirurgias por dia, todos os dias, incluindo feriados e fins de semana, mas “necas de pitibiribas”. O sofrimento continua.
Não bastasse tamanha negligência na Sesau, ainda temos que “engolir” uma coisa: seu Antônio lotou no HGR e paga todo mês quase R$ 7 mil à maquiadora da primeira-dama, Simone Denarium. A Suene Dias, esteticista, nunca pisou no hospital para trabalhar, enquanto pacientes morrem lá sem atendimento. Diz aí se não é brincar com a nossa cara?
Álvares dos Anjos – cronista.