O deputado Jalser Renier (SD) pediu ao Tribunal de Justiça de Roraima (TJ) a anulação de futuras decisões da Subcomissão de Ética da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) que se baseiem nas oitivas da sessão dessa segunda-feira (21), mesma data em que o pedido foi formalizado.
Renier é apontando como o responsável por arquitetar o sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos. Por isso, O Partido Social Liberal pediu a cassação do parlamentar por quebra de decoro.
Com pedido de tutela de urgência, que tramita na 2ª Vara da Fazenda Pública, o parlamentar requer que as oitivas também sejam anuladas. O juiz Luiz Alberto de Morais Junior deveria julgar o pedido, mas se declarou incompetente.
A defesa argumenta que não houve tempo hábil para convocação das testemunhas do parlamentar. Também acusa o relator das oitivas, deputado Jorge Everton (sem partido), de abuso de poder. Nesta terça-feira (22), a defesa chegou a apresentar um pedido de desistência.
“O relator da Subcomissão de Ética está agindo em manifesto abuso de poder, pois passou a conduzir o processo disciplinar a bel prazer, desrespeitando o Regimento Interno, o Código de Ética Parlamentar e as garantias constitucionais”, diz trecho da argumentação.
Oitivas sobre Jalser e o sequestro
Durante a manhã dessa segunda-feira (21), testemunhas foram ouvidas pelos parlamentares que integram a subcomissão. Dessa forma, ao todo, deveriam ter sido ouvidas 31 testemunhas arroladas pela defesa do deputado.
No entanto, as oitivas foram encerradas após o deputado Jalser Renier acusar outros parlamentares de perseguição e, ainda, ameaçar o relator da subcomissão, deputado Jorge Everton (sem partido).
Durante a sessão, os deputados ouviram apenas quatro testemunhas, três convocadas pela subcomissão e uma pela defesa de Jalser. A maior parte das testemunhas não compareceu ao plenário. A defesa do parlamentar justificou que “não houve tempo hábil” para convocação das testemunhas. Dessa forma, os parlamentares ouviram:
- O secretário de Segurança do Estado, Edison Prola;
- O ex-delegado-geral da Polícia Civil Hebert Amorim Cardoso;
- A superintendente de Gestão de Pessoas da ALE-RR, Geórgia Amália Freire Briglia;
- O sargento da PM Hélio de Pinho Pinheiro.
Das quatro testemunhas, apenas Hélio de Pinho Pinheiro foi convocada pela defesa de Renier. Ele chegou a fazer a segurança pessoal do deputado. Durante o depoimento dele, a deputada Lenir Rodrigues (Cidadania), membro da comissão, protagonizou uma breve discussão com o relator durante os questionamentos.
Próximos passos
O relator Jorge Everton analisará a defesa de Jalser e emitirá parecer. O documento segue para o deputado Evangelista Siqueira (PT) fazer a revisão. Em seguida a deputada Lenir Rodrigues (Cidadania) irá apreciar o parecer.
Depois a Subcomissão encaminhará o documento para a Comissão de Ética para manifestação. Em seguida esta remeterá o processo à Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final, que, após deliberação, marcada para amanhã (22), encaminhará à Mesa Diretora.
A responsabilidade da Mesa Diretora será incluir o relatório na Ordem do Dia para os deputados analisarem e colocarem em votação em plenário.
O sequestro
O sequestro do jornalista Romano dos Anjos ocorreu no dia 26 de outubro do ano passado. Bandidos o retiraram de casa, o torturam e em seguida o deixaram em uma área na região o Bom Intento, na zona Rural de Boa Vista.
Romano estava com pés e mãos amarrados com fita adesiva, mas conseguiu se soltar. Como resultado, ele passou toda a noite próximo a uma árvore no Bom Intento. Os criminosos queimaram o carro do jornalista.
Em depoimento à Polícia Civil, o jornalista disse que os criminosos citaram o nome do governador Antonio Denarium (sem partido) e do senador Mecias de Jesus (Republicanos). Logo depois, os dois políticos negaram.
Denarium pediu à Polícia Federal que assumisse a investigação do sequestro, mas a Superintendência afirmou que não havia elemento que federalizasse o caso.
Detalhes
Romano relatou que havia saído para comprar sushi na noite do dia 26 de outubro com a esposa, Nattacha Vasconcelos. Ele não percebeu se estava sendo seguido ao ir ao estabelecimento no bairro Pricumã.
Ao chegar em casa, no bairro Aeroporto, fechou o portão, travou o carro, mas não fechou com a chave a porta da residência, pois os cachorros estavam soltos.
Quando jantava com a esposa, ouviu o latido, saiu para ver o que era, mas ao abrir a porta se deparou com três criminosos armados, sendo que um fazia segurança.
Os sequestradores colocaram o casal no quarto e os bandidos pediram dinheiro e perguntaram onde ficava o cofre. Romano foi algemado e teve boca e olhos vedados com fita.
Em seguida, o levantaram por meio de “técnica típica” que os policiais usam para conduzir presos.
Na sala da residência, pediram a chave do carro. O jornalista indicou onde estava e pediu que deixassem a carteira com documentos.
Os criminosos mandaram que ele calasse a boca, usaram novamente fita, desta vez do queixo até a parte de trás da cabeça, o colocaram na parte de trás do veículo e deixaram o imóvel.
Fonte: Da Redação