Mês passado, seu Antônio fez a maior festa ao inaugurar, depois que o Corona matou mais de dois mil pacientes, o superfaturado bloco E do HGR. Armaram um verdadeiro “circo” e lá políticos da facção do governo fizeram discursos lindos, até comoventes.
Lembro-me. Hiran Gonçalves, por exemplo, candidato do Dena ao Senado, além de mentir na cara dura, aproveitou a oportunidade para também atacar o adversário mais forte que terá em outubro próximo, Romero Jucá. Ele falou um bocado asneiras, querendo apenas aparecer, mas no dia seguinte foi desmentido.
É certo que o inexpressivo deputado, desesperado, “atirou pra todo lado”, mas esqueceu de falar que, mesmo sendo médico, pouco ou nada fez para amenizar o sofrimento do roraimense, que até hoje agoniza na vergonhosa fila de espera das cirurgias eletivas.
Hiran também não contribuiu em nada no combate ao mortal vírus. Isso é fato. Nem ele, nem o outro deputado federal, Jhonatan de Jesus, que também é médico, sequer, moveram uma “palha” em Brasília para ajudar o povo que os elegeu. E a “dama da foice” nunca ficou tão feliz.
Mecias, Chico e Telmário, que já ficaram conhecidos na história política de Roraima como os senadores “três patetas”, também “bamburraram” com os milhões enviados à nossa Saúde pelo Governo Federal. Mas durante toda a pandemia, o trio foi (e continua sendo) omisso à situação caótica na rede estadual de Saúde, enquanto vidas continuam se perdendo. Sobretudo por falta de atendimento digno no maior hospital público de Roraima: o HGR.
Cabide de emprego
A verdade é que em três anos de governo do seu Antônio, é bom lembrar, a Sesau só serviu (e ainda serve) para enricar o grupo governista e para acomodar aliados políticos. Além disso, a pasta, que mais necessita de atenção por parte do governo, também virou um enorme “cabide de emprego”. Até a maquiadora da primeira dama, Simone Denarium, está lotada no HGR sem pisar lá, enquanto até hoje morre gente por falta de atendimento nos hospitais do Estado. Lamentável.
Sinceramente, a Saúde nesses três anos virou a “galinha dos ovos de ouro” do seu Antônio, por isso não me espanta a pasta ser tão disputada pelos políticos corruptos que fazem parte da facção do governo. A princípio, em apenas um ano, só para se ter ideia, o presidente Jair Bolsonaro enviou R$ 5.1 bilhões para a Sesau. A montanha de dinheiro, com certeza, daria para sanar todo e qualquer problema nos hospitais do Estado, mas a corrupção, infelizmente, falou mais alto e o resultado, como todos sabem, foi trágico: milhares de mortes.
Dinheiro tem, mas…
Mesmo com bilhões na conta, seu Antônio não combateu o Corona e sequer conseguiu diminuir a fila do sofrimento das cirurgias eletivas. Tanto é que mais de nove mil pacientes ainda aguardam por uma operação. Tem “quebradinho” que está esperando há mais de três anos. Outra vergonha para um governo que dizia: “dinheiro tem, falta gestão”.
O dinheiro realmente tem, mais do nunca, mas continua faltando gestão, sem dúvida. Nove secretários já passaram pela Sesau, há bilhões em caixa e o governo não consegue, sequer, fazer uma simples cirurgia em um cidadão trabalhador. É uma vergonha, puro descaso com a Saúde e a vida do nosso povo.
Coitada da dona Maria
Ao lado do “circo” montado pelo governo, durante a inauguração do bloco E do HGR, em uma tarde ensolarada, dona Maria estava sentada, pensativa, olhando para todo aquele “picadeiro”. Aposentada de 78 anos, a idosa aguardava desconsolada por um atendimento médico no pronto atendimento Ayrton Rocha. Ela havia chegado às seis da manhã.
“Tudo mentira. Fazem festa e inauguram este bloco, mas continuamos aqui, sofrendo sem atendimento. Só propaganda enganosa para enganar o povo. Esses políticos só pensam neles e tentam mostrar trabalho apenas em ano de eleição. Pensam que somos bobos. Desse jeito, só com oba-oba, a Saúde não vai melhorar nunca”, lamentou dona Maria, e acertou.
Passado mais de um mês da tão badalada inauguração do bloco E do HGR, o sofrimento continua nos hospitais do Estado. A fila de cirurgia eletiva só aumenta. O discurso eloquente do Hiran? Palavras ao vento… e nada mais.
Álvares dos Anjos – cronista.