Especialistas apontam dados alarmantes sobre crianças e adolescentes envolvendo suicídio e a chamada “síndrome da gaiola” (medo de sair de casa e de ir à escola). Segundo estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), se comprovou que ansiedade e depressão durante a pandemia, atingiram níveis clínicos consideráveis. Essa pesquisa monitorou a saúde mental de 7 mil crianças e adolescentes de todo o País, entre junho de 2020 a junho de 2021.
No meio acadêmico é senso comum que a pandemia gera em muitas crianças e adolescentes, uma situação de estresse que pode levar ao desenvolvimento, ou mesmo o agravamento de transtornos mentais em indivíduos suscetíveis. Os efeitos são mais graves em crianças mais vulneráveis, informam especialistas.
O psiquiatra Guilherme Polanczyk informa que “uma em cada seis crianças e adolescentes no mundo são afetadas por algum transtorno mental”, ainda, que “no Brasil, das 69 milhões de pessoas na faixa etária de 0 a 19 anos, há registro de 10,3 milhões de casos de transtornos”. De acordo com o psiquiatra, a saúde mental de crianças e adolescentes é bastante negligenciada pelas famílias: “Os casos são silenciosos, e uma parcela ínfima dos casos está sendo acompanhada e tem acesso a serviços”. Estudos a nível mundial comprovam que a depressão é uma das principais causas de incapacidade entre adolescentes e o suicídio está entre as três causas principais de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos.
Especialistas defendem que haja uma forte articulação entre escola, pais e os serviços de saúde mental, com vistas a identificar esses sintomas em crianças e adolescentes, encaminhando-os imediatamente para suporte de saúde mental (psicólogos e/ou psiquiatras, dependendo da gravidade do problema).
Com todo esse medo gerado pela pandemia, especialistas identificaram uma nova questão que foi chamada de Síndrome da Gaiola (medo em sair de casa e/ou ir para escola). O presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática, Wilmer Bottura, se posicionou afirmando que a mídia, os governos e autoridades em geral, apresentaram muitas informações de forma confusa nessa pandemia, gerando mais medo ainda.
Segundo ele, “o medo é inevitável, mas pode ser de um tamanho que não paralise”. De acordo com a especialista em Psiquiatria Infanto-Juvenil, Gabriela Judith Crenzel, o medo de sair de casa é real nas crianças e adolescentes principalmente. Para ela, muitas enfrentam sentimentos ambivalentes como: ansiedade de encontrar amigos e o medo de se infectar e com isso, também infectar os familiares.
Ela afirma que “essa situação deve ser acolhida, compreendida e contornada conjuntamente pelos profissionais da saúde, da educação e das famílias”. A família deve buscar transmitir às suas crianças e adolescentes uma sensação de segurança, observados os cuidados já preconizados, com isso, incentivar que voltem para a escola, seguindo o ritmo desse novo normal que a pandemia nos trouxe.
Hismayla Pinheiro (psihismaylapinheiro) é formada em psicologia pela Faculdade Cathedral e especializanda em Avaliação Psicológica pela IPOG. Atua como psicóloga clínica, com experiência em orientação profissional. Além disso, é a psicóloga oficial do ‘Miss Roraima Universo’. Toda segunda-feira orientações valiosas nesse divã virtual de como manter a saúde mental saudável, principalmente em meio à pandemia da Covid-19. Consultas pelo telefone (95) 99144-1131.