A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) estabelece no seu artigo 7º, Inciso II: “a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;”
A violência psicológica é uma forma subjetiva de violência, a qual nem sempre é identificada e, muitas vezes, é até mesmo negligenciada por quem a sofre, pois geralmente vem camuflada na forma de ironias, gracejos, demonstração de ciúmes, ofensas, humilhações e outras formas de controle psicológico.
No entanto as mulheres devem ficar atentas para as formas de como esta violência se manifesta, por exemplo, em pequenos gestos, nas repetidas ofensas à mulher, na crítica ao seu comportamento e a sua imagem, suas roupas e seus valores, levando a prejuízos à sua saúde psicológica, à sua autoestima e tornando-as, muitas vezes, dependentes de relações abusivas.
Infelizmente a maioria das mulheres que sofrem a violência psicológica, dificilmente buscam ajuda e, até mesmo, chegam a justificar as atitudes do agressor, o que é um comportamento bastante grave, que geralmente evolui para a violência física.
Um comportamento típico do agressor psicológico contra as mulheres, se manifesta na forma de xingamentos, críticas as ações da mulher e a seu corpo, desqualificação dos seus amigos e da família, controle sobre as vestimentas e horários, dentre outras atitudes manipuladoras. A mulher precisa ter em mente que esse comportamento do agressor, jamais deverá ser confundido com demonstração de afeto e/ou cuidado, na verdade, o agressor apenas está exercendo domínio psicológico sobre a mulher.
Segundo especialistas, muitas destas situações descritas, a mulher, tal qual já ocorre nos casos de agressão física, tem medo de denunciar o agressor por diversas razões, como morar longe de sua família, de seus amigos, depende financeiramente do companheiro ou marido, ou tem receio de não ser levada a sério suas queixas, uma vez que a violência psicológica não deixa marcas visíveis.
Psicólogos especializados têm observado alguns efeitos deste tipo de violência nas mulheres, como distúrbios alimentares, depressão, baixa autoestima, ansiedade, síndrome do pânico, inclusive, há relatos de casos de tentativa de suicídio e mesmo, a concretização deste.
As mulheres que sofrem violência psicológica tendem a se culpar pelas atitudes do agressor, passam a acreditar que o agressor pode mudar se ela mudar suas atitudes, o que é um grande equívoco delas.
Diferente do que alguns pensam, a violência psicológica é bastante comum, no entanto, não pode ser tratada como algo natural. Nenhuma mulher deve aceitar ser controlada e humilhada, mas sim, sentir-se valorizada, protegida, respeitada e amada. A sociedade deve proporcionar proteção às mulheres, tornando o convívio social um lugar seguro e de estímulo ao seu crescimento pessoal e profissional, reprovando as condutas machistas de forma firme.
A sociedade deve contribuir para que as mulheres se conscientizem de seus direitos, fazendo-as reconhecer que sofrem este tipo de abuso e, a se libertar deste papel de vítima submissa que lhes é imposto, superando assim a instabilidade emocional a que foram submetidas, para garantirem seus direitos como pessoa, cidadãs e, principalmente, como mulheres.
Hismayla Pinheiro (@psihismaylapinheiro) é psicóloga clínica e especialista em avaliação psicológica, com experiência em orientação profissional. Além disso, é a psicóloga oficial do “Miss Universo Roraima”. Toda segunda-feira, orientações valiosas nesse divã virtual de como manter a sua saúde mental. Marque sua consulta (95) 99144-1131