O senador Mecias de Jesus disse ter ficado “estarrecido” com a situação vivida pelos Yanomami na última segunda-feira (23). Além disso, ele culpou adversários políticos pela tragédia daquele povo.
Mas acontece que, eu seu PL para liberar o garimpo em terras indígenas, Mecias discorre sobre a crise dos Yanomami. Ele cita, inclusive, a desnutrição.
“A realidade do indígena não é essa mostrada nas telas de cinema, muitos passam fome e a desnutrição já é uma triste realidade. Cito como exemplo os ianomâmis”, escreveu em um trecho do PL.
Em outra tentativa de fugir dos holofotes, Mecias chegou a dizer que a divulgação sobre a crise humanitária dos Yanomami trata-se de sensacionalismo. Pior ainda: ele deu entender que os indígenas são venezuelanos. Ou seja, fake news. E tentar envolver o tema dos migrantes venezuelanos é também uma crueldade. Pois tira o foco da tragédia dos Yanomami.
Cabe ressaltar que Mecias e seu filho Jhonatan de Jesus indicaram os três últimos coordenadores do DSEI-Yanomami. E que foi na gestão de um deles, o Rômulo Pinheiro, que a crise dos Yanomami se intensificou.
O período de sua administração do DSEI-Y sobre a proteção de Jhonatan, também coincide com o agravamento da crise dos Yanomami. Aumentou o número de crianças e adultos desnutridos, assim como o de mortes.
Mas antes de Rômulo, Mecias havia indicado Francisco Dias Nascimento Filho. E depois de Rômulo, quem assumiu o DSEI-Y foi o ex-vereador de Mucajaí, Ramsés Almeida. Também indicação de Mecias de Jesus.
Desvio de verba de medicamentos
A operação da Polícia Federal que ocorreu em 30 de novembro do ano passado apura o desvio de verba de medicamentos do órgão.
Pela falta destes remédios e insumos, muitas crianças morreram. A empresa que a PF investiga também é investigada por desvio de verbas da Covid-19 na Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
A empresa até mudou de nome depois da repercussão da CPI da Saúde na mídia local, onde, do mesmo modo, passou por investigação.
O contrato da firma era para para fornecer medicamentos. No entanto, segundo a PF, cumpriu apenas 30% do contrato de fato. Ou seja, somente 30% dos medicamentos chegavam na TI Yanomami.
Assim, crianças enfrentaram e ainda enfrentam surto de verminose e morrem de malária devido à falta de tratamento.
Fonte: Da Redação