A Justiça de Roraima retoma na manhã desta segunda-feira (11) as oitivas do Caso Romano dos Anjos, em Boa Vista. Dessa vez, prestam depoimentos os policiais suspeitos de envolvimento no sequestro do jornalista. As audiências acontecem no Fórum Criminal Ministro Evandro Lins e Silva e seguem até quarta-feira (13).
Devem ser ouvidos hoje os coronéis Granjeiro e Natanael Felipe, o major Vilson Araújo, os subtenentes Clóvis Romero e Nadson Nunes, o sargento Gregory Thomas, o soldado Thiago Teles e o ex-servidor da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), Luciano Benedicto.
Ao final das oitivas que aconteceram nos dias 14 e 15 de agosto, as defesas dos policiais, assim como do ex-servidor acusados pelo sequestro, solicitaram a revogação do uso de tornozeleira eletrônica.
O juiz concedeu prazo de cinco dias para que eles apresentassem requerimento nos autos do processo no sistema do TJRR. Assim feito, no dia 26 de setembro, o juiz analisou e negou os pedidos.
A maioria dos réus alegaram boa conduta com relação às medidas cautelares impostas. Contudo, o policial Thiago de Oliveira teria violado as imposições por pelo menos nove vezes.
Conforme o relatório da Central de Monitoramento de Pessoas da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejuc), Thiago deixou de cumprir o recolhimento noturno entre os dias 14 de julho e 8 de setembro deste ano.
Além disso, o sistema detectou o desligamento da tornozeleira eletrônica em duas ocasiões nos dias 3 de junho e 14 de junho, também de 2023.
No dia 21 de setembro, o desembargador Ricardo Oliveira também negou um pedido de revogação de medidas cautelares do ex-deputado Jalser Renier. Ele é acusado de ser o mandante do sequestro do jornalista Romano dos Anjos.
Assim, a Justiça decidiu pela prisão domiciliar de Jalser em agosto, ao atender o pedido da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), após o ex-parlamentar se envolver em uma briga com agressão física ao deputado Jorge Everton (União).
A defesa de Renier alegou constrangimento ilegal por parte do juiz Cleber Gonçalves Filho, que negou seu pedido em Primeira Instância.
O desembargador Ricardo Oliveira disse que os argumentos de Jalser não o convencem. Isso porque não verificou ilegalidade na manutenção das medidas cautelares.
Na noite de 26 de outubro de 2020, Romano dos Anjos e a esposa Nattacha Vasconcelos, estavam em casa quando foram surpreendidos por homens encapuzados.
Após usarem técnicas policiais para imobilização, os criminosos amarraram a mulher e sequestraram Romano. Em seguida, usaram o carro do jornalista para a ação e incendiaram o veículo. Além disso, jogaram o celular da vítima em uma área de mata no meio do caminho.
Quase 12 horas após a invasão à residência do casal, um funcionário da Roraima Energia encontrou Romano no Bom Intento, zona Rural de Boa Vista. O jornalista sofreu tortura, que resultou em um braço quebrado, assim como em lesões nas duas pernas.
As investigações duraram quase um ano até que a Polícia Civil deflagrasse a primeira operação, a Pulitzer. Em 16 de setembro de 2021, o Ministério Público de Roraima (MPRR) e as polícias Civil e Militar prenderam seis policiais militares e um ex-servidor da ALE-RR.
Já no dia 1º de outubro, o MP deflagrou a segunda fase da operação, que resultou na prisão de Jalser Renier e mais três militares investigados pela força-tarefa criada para elucidar o caso.
Três dias depois, os deputados estaduais se reuniram e decidiram, por unanimidade, manter a prisão do parlamentar.
Entretanto, no dia 6 de outubro, o Superior Tribunal e Justiça (STJ), com justificativa de imunidade parlamentar, concedeu liberdade a Renier com uso de tornozeleira eletrônica.
No dia 26 do mesmo mês, o Ministério Público denunciou o deputado Jalser Renier por oito crimes no caso Romano dos Anjos. Em fevereiro de 2022, Jalser teve o mandato cassado na Casa Legislativa por quebra de decoro parlamentar.
Fonte: Da Redação
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