O Governo Federal anunciou, nesta segunda-feira, 11, que as ações de combate ao garimpo ilegal no território indígena Yanomami resultaram em um prejuízo de R$ 477 milhões para os criminosos, entre 2023 e 2025. O cálculo leva em conta operações de fiscalização, repressão e apoio humanitário. Nesse período, as forças de segurança realizaram 6.425 ações.
Na semana passada, por exemplo, uma operação nas proximidades de Boa Vista (RR) apreendeu 103 quilos de ouro valor recorde e elevou para 138 quilos o total de ouro retirado ilegalmente e confiscado. Segundo a cotação da última sexta-feira, 8, o montante está avaliado em R$ 82,2 milhões.
Coordenadas pela Casa Civil da Presidência da República, as operações envolvem diversos órgãos federais. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, destacou que as medidas devem ser permanentes e reforçou a importância do diálogo com as lideranças indígenas.
“O Governo Lula estabeleceu um marco histórico nessas ações integradas, garantindo saúde, diálogo e segurança para os povos indígenas e para a população de Roraima”, afirmou.
Redução expressiva do garimpo ilegal
Do mesmo modo, o Governo afirma que o bloqueio de rotas e a destruição da infraestrutura reduziram em 98% a presença de garimpeiros na região. Desde o início da força-tarefa, as equipes destruíram 627 acampamentos, 207 embarcações, 101 balsas e 29 aeronaves. Além disso, inutilizaram mais de 112 mil litros de diesel e 12 mil litros de gasolina e eliminaram 59 pistas de pouso clandestinas.
Além disso, a estratégia inclui operações-surpresa para enfraquecer as atividades ilegais. Em junho, por exemplo, a Operação Asfixia registrou mais de 220 horas de voo para identificar, apreender e destruir estruturas do garimpo.
Presença ampliada do Estado
Além da repressão, o Governo pretende ampliar os serviços públicos na região. Entre as ações previstas estão a criação de um polo de saúde em Surucucu, a instalação de um centro de referência em direitos humanos Yanomami e Ye’kwana e a abertura de um centro de atendimento integrado à criança Yanomami e Ye’kwana.
Danos ambientais e sociais
Levantamentos da Hutukara Associação Yanomami e da Associação Wanassedume Ye’kwana apontam que, até 2020, o garimpo havia degradado cerca de 2.400 hectares de floresta – área que aumentou nos anos seguintes, principalmente nas bacias dos rios Uraricoera, Mucajaí, Catrimani e Parima. Regiões como Waikás, Kayanau e Aracaçá concentram os maiores danos.
Por fim, o avanço da mineração ilegal agravou problemas de saúde pública, como o aumento dos casos de malária, surtos de covid-19 em comunidades isoladas, contaminação por mercúrio, conflitos e violência sexual, por exemplo.

