Representatividade: alunos indígenas Macuxi integram programa Residência Judicial do TJRR

Programa contribui para a formação de novos profissionais que vão atuar no poder judiciário; conforme os estudantes, o conhecimento é uma forma de ajudar suas comunidades

Representatividade: alunos indígenas Macuxi integram programa Residência Judicial do TJRR
Foto: Divulgação TJRR

Promover a representatividade e a diversidade da população do Estado no Judiciário roraimense é muito importante para combater as desigualdades sociais. A Escola Judicial de Roraima (Ejurr) iniciou as atividades do Programa Residência Judicial em julho deste ano, com dois residentes que ilustram esta perspectiva. 

Os residentes bacharéis de direito, do Povo Indígena Makuxi, Lucas Rodrigo da Silva, de 23 anos e Kesya Oliveira, de 26, trazem vivências de luta e resistência.

Segundo o presidente do Tribunal Judiciário de Roraima (TJRR), desembargador Jésus Nascimento, a participação dos bacharéis reflete a viabilização do conhecimento judicial a todos os recém-formados que queiram vivenciar a experiência no Poder Judiciário de Roraima. 

“O Tribunal de Justiça entende a necessidade de vivências práticas da atividade jurídica para os egressos do curso de direito. Então o Programa permite aos residentes, a experiência diária, tudo supervisionado e orientado, para que eles tenham a melhor experiência possível”, ressaltou.

O diretor da EJURR, desembargador Cristóvão Súter, também destaca a importância do ingresso dos residentes indígenas. Ele ressalta  a fomentação dos conhecimentos teóricos e práticos das atividades judiciais para todos os residentes.

“O Programa Residência Judicial constitui uma iniciativa pioneira na Região Norte e que nos enche de orgulho por promover a integração social e a aprendizagem da atividade judicante. Em 2023, a grande novidade é a participação de jovens oriundos de comunidades indígenas.

Ao longo de 18 meses, os novos e novas residentes judiciais terão a oportunidade de incrementar o seu conhecimento técnico, vivenciando na prática a sublime missão da magistratura, reforçando o Tribunal de Justiça de Roraima sua vocação de estar cada vez mais próximo da população”, afirmou.

Sonho de cursar Direito

A residente Kesya Oliveira, bacharela em direito pelo Centro Universitário Estácio da Amazônia, conta que desde criança sonhava em cursar direito. E com o passar do tempo descobriu a importância de retribuir todo o conhecimento para a sua comunidade. 

“Sou macuxi e sai de Normandia muito jovem para estudar. Sempre sonhei em fazer Direito. Na minha família já tivemos lideranças, como meu tio Manuel Gutierres e sua esposa. Eles já foram líderes de uma comunidade no rumo do paredão”, disse. 

Logo, a bacharela Kesya disse que, o curso veio no momento certo na sua carreira jurídica. E que o programa reforça a importância da retomada de espaços dos povos indígenas em todas as esferas da sociedade. 

“Uma oportunidade única de desenvolver técnicas para minha área de trabalho, pois eu quero seguir carreira de analista jurídico. Estamos ganhando o mundo,  acredito que isso tem um impacto muito grande para o nosso povo. Hoje fazemos a nossa história”, destacou. 

Sobre o programa

O programa de Residência Judicial é uma iniciativa importante para o Judiciário roraimense. Ele então contribui para a formação de novos profissionais para o Poder Judiciário. Este ano, o curso de Residência Judicial conta com cerca de 40 residentes. Nesse sentido, os estudantes vão cumprir a carga horária de 400 horas. Com as aulas de segunda à sexta-feira, na sala 415, da EJurr, de 15 às 19h.

Conforme o participante Lucas Rodrigo da Silva, da Terra Indígena Santa Inês, recém-formado no curso de direito pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), esta é a oportunidade que ele aguardava. “Escolhi o curso de direito porque desde a época da escola via como uma oportunidade de transformação da minha vida”, disse. 

Por fim, ele reforça a importância do primeiro contato dos trâmites processuais do judiciário ao profissional recém-formado.  “Acho o programa importante porque ocorre no período que o acadêmico acabou de sair da faculdade e queira ter um contato maior com o TJ, com os processos judiciais, praticando no dia a dia, na rotina dos gabinetes”, concluiu.

Fonte: Da Redação

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