Cidades

RR tem a maior taxa de homicídios de mulheres por habitante do país

Roraima foi o estado com a maior taxa de homicídios de mulheres por habitante em 2019. Os dados são do Atlas da Violência, divulgado ontem (31).

De acordo com o documento, o estado contabilizou 33 assassinatos de mulheres. Com isso, a taxa foi para 12,5 vítimas para cada 100 mil habitantes. O número é o triplo da taxa nacional, que é de 3,5 vítimas.

Além de Roraima, Amazonas e Acre, também na região Norte do País, aparecem no ranking, com taxas de 7,5 e 5,7, respectivamente.

Apesar disso, o estado teve uma redução nas taxas se comparado ao relatório de 2018, quando os números chegaram a 20,5 mulheres assassinadas por habitante. Conforme o levantamento, a diminuição foi de 38,7%.

“A notícia aparentemente positiva de redução da violência letal que atinge as mulheres precisa, no entanto, […] ser matizada pelo crescimento expressivo dos registros de Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI)”, alerta o documento.

Conforme o documento, os dados incluem feminicídios, bem como vítimas de violência urbana (roubos seguidos de morte e outros conflitos).

No total, o Brasil registrou 3.737 assassinatos de mulheres em 2019. Enquanto que em 2018, o número foi de 4.519. Ou seja, uma redução de 17,3% nos números absolutos.

Os estados que tiveram as menores taxas foram São Paulo (1,7), Minas Gerais (2,7) e Rio de Janeiro (2,5).

Taxas de homicídios entre mulheres negras

O Atlas da Violência também fez um levantamentos sobre as taxas de homicídios entre mulheres negras. Segundo o documento, em 2019, 66% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras. O número representa 1.196 vítimas.

“Isso quer dizer que o risco relativo de uma mulher negra ser vítima de homicídio é 1,7 vezes maior do que o de uma mulher não negra, ou seja, para cada mulher não negra morta, morrem 1,7 mulheres negras”, explica o relatório.

Em Roraima, o quantitativo de mulheres negras vítimas de homicídio foi de 60%. Já a porcentagem de mulheres não negras foi de 40%. Ou seja, das 33 vítimas mortas em 2019, 19 eram negras.

“O desenvolvimento de políticas públicas para o enfrentamento das altas taxas de violência, portanto, não pode prescindir de um olhar sobre o racismo e a discriminação e como estes fatores afetam desigualmente as mulheres”, aconselha.

Mesmo assim, o estado ficou abaixo da média nacional de risco relativo de homicídios entre mulheres negras, com 0,5.

Feminicídio

De acordo com o relatório, a categoria feminicídio não consta nos atestados de óbito. Por isso, o Atlas da Violência considerou mortes de mulheres dentro de casa.

“Tendo em vista que a literatura internacional reconhece que a maior parte dos homicídios cometidos dentro de casa são de autoria de pessoas conhecidas da vítima os homicídios femininos ocorridos nas residências foram utilizados como proxy dos feminicídios”, destaca.

Em 2019 o Atlas mapeou 1.246 mulheres mortas em suas residências. O número representa 33,3% do total de mortes violentas de mulheres.

O documento alerta ainda para os instrumentos utilizados no crime. Em homicídios de mulheres mortas fora de casa, 54,2% dos registros apontam que a arma de fogo foi o principal instrumento utilizado.

Enquanto isso, nos casos dentro das residências, a proporção foi de 37,5%. O Atlas justifica que nesse contexto, os criminosos costumam usar armas brancas, pois “o autor da violência costuma recorrer ao objeto que está mais próximo para agredir a companheira”

Do mesmo modo, um relatório do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) sobre femincídio, divulgado no último dia 18, indicou que 56% das mortes de mulheres no estado, entre o período de 2016 e 2021 ocorreram por meio de arma branca. Os casos de arma de fogo somam apenas 6%.

Por Samantha Rufino

Samantha Rufino

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