Cidades

Sequestro do jornalista Romano dos Anjos completa dois anos nesta quarta-feira (26)

Era noite do dia 26 de outubro, quando o jornalista Romano dos Anjos jantava com a esposa Nattacha Vasconcelos em casa, no bairro Aeroporto zona Norte de Boa Vista. O casal foi surpreendido por bandidos que retiraram Romano de casa, o torturam e em seguida o deixaram em uma área na região do Bom Intento com pés e mãos amarrados com fita adesiva.

Romano dos Anjos então conseguiu se soltar. Mas só depois de passar toda a noite próximo a uma árvore. No dia seguinte, ele foi encontrado por um funcionário da Roraima Energia que fazia serviços nas mediações da área rural. Ele teve o braço quebrado, além de outras lesões pelo corpo, conforme o laudo médico.

Já a esposa Nattacha havia ficado presa na casa com as mãos amarradas. A Polícia Militar encontrou o carro do jornalista queimado.

1º ano do sequestro de Romano

Após o ocorrido, uma série de questionamentos foram levantados pela imprensa e pela população sobre o caso. Somente após quase um ano de investigações, no dia 16 de setembro de 2021, o Ministério Público de Roraima (MPRR), juntamente com as polícias Civil e Militar deflagrou a primeira etapa da Operação Pulitzer. Como resultado, os agentes prenderam seis policiais militares.

São eles:

  • Tenente-coronel Paulo Cézar Lima Gomes;
  • Subtenente Clóvis Romero Magalhães Sousa;
  • Subtenente Nadson José Carvalho Nunes;
  • Major Vilson Carlos Pereira Araújo;
  • Sargento Gregory Thomaz Brashe Júnior;
  • Soldado Thiago de Oliveira Cavalcante Teles;
  • e o ex-servidor da ALE-RR, Luciano Benedicto Valério.

O mandante

O inquérito apontou o então deputado Jalser Renier como o principal suspeito de ser o mandante do crime. Ele então foi preso no dia 1º de outubro de 2021, em seu escritório no bairro Canarinho, durante a Operação Pulitzer II.

A juíza Graciete Sotto Mayor assinou o mandado de prisão. No mesmo dia, a operação prendeu mais três policiais investigados no caso. São eles:

  • Coronel Mosiés Grangeiro;
  • Coronel Natanael Felipe;
  • Sargento Bruno Inforzato.

No entanto, na época, Jalser foi solto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Pois ele gozava de imunidade parlamentar. A decisão foi do ministro Jesuíno Rissato. Jalser segue solto desde então.

2º ano do caso

Após dois anos afastado, o jornalista retornou na apresentação do programa “Mete Bronca”, da TV Imperial no último dia 10.

De acordo com o Romano dos Anjos, a volta para a TV é um recomeço. Ele ressaltou a importância desse novo momento.

“Foi um longo caminho. Praticamente dois anos onde eu tive que lutar muito contra as sequelas e problemas psicológicos. Atualmente eu faço tratamento e tomo medicamento. Os problemas que eu tive nos braços ainda não recuperei 100% e talvez nem recupere. Mas são passos que fazem parte do processo, como as investigações e prisões”, disse.

A diretora de jornalismo da TV Imperial, Leliane Matos, também falou sobre o processo até a volta de Romano para a frente das câmeras. Ela explicou que a direção prestou apoio ao jornalista e à família. Assim, o retorno aconteceu no tempo dele.

“Romano teve o afastamento que precisava. Quando voltou, ficou nos bastidores como editor chefe e como já cumpria essa função foi bem tranquilo. A gente sentia que ele queria está no ar e gostava de vídeos. A direção deu o tempo que ele se sentiu confortável, e quando foi na volta ele estava feliz. Fizemos chamada anunciando o seu retorno. […] Sabíamos que os telespectadores esperavam por esse momento” explicou.

Como anda o processo

O Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) concedeu liberdade a todos os réus. A decisão foi do desembargador Ricardo de Aguiar Oliveira, assinada no dia 11 de outubro. Apenas um dia após o retorno de Romano à TV.

Ao todo, haviam quatro pedidos de habeas corpus dos presos. Contudo, o desembargador estendeu a decisão para todos os réus. Dessa forma, para a soltura, o magistrado justificou que houve excesso de prazo na condução das investigações e de todo o andamento do processo.

Em agosto, o STJ negou pedidos de habeas corpus de parte dos militares. O ministro Jorge Mussi afirmou que não havia nenhuma ilegalidade nas prisões.

Medidas

Em suma, os acusados devem cumprir uma série de medidas cautelares. Entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica.

Além disso, os réus estão proibidos de frequentar bares e casas noturnas, bem como de manter contato com as vítimas do caso. Do mesmo modo, eles também não podem mudar de endereço ou se ausentar da Comarca em que residem, sem comunicar previamente à autoridade judicial.

Além disso, eles precisam retornar às suas casas no período noturno, das 22h às 06h e devem cumprir recolhimento integral nos dias de folga. Ou sejam em feriados e fins de semana.

Eles também estão proibidos de portar arma de fogo e estão suspensos do exercício da função pública, mas seguem recebendo salário.

Fonte: Da Redação

Polyana Girardi

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