TCE-RR envia processo de R$ 17 milhões da Expoferr para Grupo de Combate ao Crime Organizado do MPRR

Tribunal de Contas identificou uma série de irregularidades na contratação do Ibras que recebeu o valor total do contrato antes da realização do evento

TCE-RR envia processo de R$ 17 milhões da Expoferr para Grupo de Combate ao Crime Organizado do MPRR
Gaeco combate o crime organizado – Foto: Reprodução/MPPA

O Tribunal de Contas de Roraima (TCE-RR) enviou processo que analisa a contratação do Instituto Brasileiro de Cidadania e Ação Social (Ibras) por R$ 17 milhões pelo Governo de Roraima, para a realização da Expoferr, ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público de Roraima (MPRR). A determinação é da conselheira Cilene Lago Salomão, dessa terça-feira (14).

Entenda

No último dia 9, o TCE-RR havia enviado ofício à Secretaria de Estado da Agricultura (Seadi). O órgão solicitou cópia de todos os procedimentos licitatórios e demais documentos que resultaram na contratação de Organização da Sociedade Civil (OSC) pelo valor milionário.

O ofício faz referência à contratação de cantores de nível nacional, intermediado pelo Instituto Brasileiro de Cidadania e Ação Social (Ibras). Conforme o Plano de Aplicação Financeira que a Organização da Sociedade Civil apresentou, o show de Wesley Safadão vai custar cerca de R$ 1 milhão.

Além disso, Tarcísio do Acordeon e Dorgival Dantas vão receber R$ 380 mil cada. A cantora Michele Andrade também está na programação da feira, com um show que sairá por R$ 195 mil. Além do TCE-RR, o (MPRR) afirmou que também oficiará o Governo do Estado para obter informações referentes aos gastos com as atrações artísticas da Expoferr para análise documental.

Bloqueio de contas de empresários

Ainda na terça-feira (14), o TCE-RR determinou que fossem adotadas medidas urgentes para impedir ‘provável dano ao erário estadual’. Logo, a conselheira Cilene Lago determinou o bloqueio de bens do secretário de Agricultura Márcio Glayton Araújo Granjeiro, bem como do Ibras e da presidente do Instituto Bruna Antony de Oliveira, até o limite de 50% do valor pago ao Instituto. Ou seja, valores em depósito, bens ou imóveis que resultem na quantia de R$ 8,4 milhões.

Além disso, o TCE-RR também determinou que a Secretaria de Agricultura altere o status de consulta ao processo SEI 18101.003932/2023.36, de “restrito” para “público”.

A Seadi e o Ibras devem ainda encaminhar à Corte comprovação do cumprimento das determinações em até dois dias úteis. Em caso de descumprimento da decisão, os citados podem sofrer pena de multa diária

Conforme a conselheira Cilene Lago Salomão, a Expoferr faz parte do calendário de eventos do estado, não havendo fundamentos legais que justifiquem uma contratação direta para a execução dessa despesa, pois não se encaixa em nenhuma das situações excepcionais previstas na lei. É que a Secretaria de Estado da Agricultura (Seadi) realizou chamamento público ao invés de ter lançado uma licitação.

Além disso, segundo a conselheira, a Organização da Sociedade Civil foi constituída com indício de irregularidade. Isso porque o Ibras chegou a possuir dois CNPJs.

Shows

O Tribunal de Contas destacou ainda que a contratação dos shows nacionais configuram valores que não condizem com a atual situação financeira e fiscal do Estado. Por isso, considera preocupante a realização desse tipo de despesa, no momento em que o governador Antonio Denarium (PP) editou decreto de contenção de gastos, publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) há poucos dias.

Confira aqui detalhes do decreto de contenção gastos.

Transparência

A decisão ressalta que ‘o princípio da transparência da administração pública foi violado’, uma vez que o procedimento autuado pela Seadi no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) está com acesso restrito. Tanto para consulta pública do cidadão, quanto para os órgãos de controle. Para a conselheira, isso é algo inconcebível por se tratar de uma contratação milionária e sem licitação.

“A falta de transparência impediu esta corte de tomar as medidas preventivas de proteção ao erário, prova disso é que até a presente data não foi franqueado o acesso aos processos de despesa, embora a requisição da relatora tenha sido expedida no dia 09 de novembro”, ressaltou a decisão.

Outra situação apontada pelo órgão foi a ausência de projetos que detalham as estruturas e as respectivas localizações no evento de forma a comprovar a necessidade de executar diversos itens de serviços, sem falar do indício de diversas irregularidades entre as quais destacam-se:

  • Uso indevido do chamamento público em detrimento a realização da licitação;
  • Burla ao princípio da licitação;
  • Direcionamento;
  • Fraude;
  • Ausência de projeto básico (essencial para realização de qualquer despesa pública);
  • Ausência de composição de custos unitários;
  • Pagamento antecipado;
  • Pagamento por serviços não executados;

Tudo isso sem a presença de justificativas.

Em nota, o Ibras informou que o Instituto participou de um certame de chamamento público baseado na Lei 13.019/2014, apresentando um plano de trabalho para celebração de parceria com a SEADI, visando cooperar com a realização da Expoferr de 2023. Por fim, afirmou que confia no papel de controle do TCE-RR e que está a disposição para esclarecimento de dúvidas acerca da execução dos trabalhos.

Ibras

Em apenas quatro meses, o Instituto Brasileiro de Cidadania e Ação Social (Ibras) recebeu do Governo de Roraima quase R$ 26 milhões em dois contratos para realização do Arraial do Anauá e da Expoferr 2023. Este segundo chamou a atenção pelo valor de R$ 17 milhões, sendo que R$ 1 milhão vai apenas para o show do Wesley Safadão.

Além da apresentação do artista cearense, a Expoferr terá apresentação de César Menotti e Fabiano por R$ 550 milhões e de Tarcísio do Acordeon e Dorgival Dantas, que vão receber R$ 380 mil cada. Da mesma forma, a cantora Michele Andrade também está na programação da feira, com um show que sairá por R$ 195 mil.

Fonte: Da Redação

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