Foto: MPF
O Ministério Público Federal (MPF) inspecionou acampamentos de indígenas Yanomami nos arredores da Feira do Produtor, em Boa Vista. A iniciativa constatou situação de precariedade e violações de direitos que afetam, aproximadamente, 40 pessoas, incluindo crianças, adolescentes e gestantes. A ação aconteceu na última segunda-feira, 13,
A diligência ocorreu em conjunto pela equipe do 7º Ofício da Procuradoria da República em Roraima, responsável pela Defesa dos Direitos Indígenas e das Minorias, e a Força Tarefa da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Antes da vistoria, as equipes já tinham se reunido para tratar dos deslocamentos frequentes de indígenas das regiões de Xexena e Ajarani, Sul de Roraima.
A inspeção identificou que os indígenas, divididos em dois grupos, estavam acampados em vias públicas. As famílias vivem em condições inadequadas, com instalações improvisadas, sem acesso à água potável, saneamento básico ou infraestrutura mínima de abrigo e higiene. Além disso, o acampamento fica próximo a vias com grande tráfego de veículos, o que representa riscos, principalmente para as crianças.
As equipes identificaram, além disso, situações que demandam atenção à saúde e assistência social. Informações colhidas no local indicam que algumas crianças do grupo já foram institucionalizadas por determinação judicial. Isso por causa das situações de risco identificadas em deslocamentos anteriores, o que reforça a recorrência do problema.
A equipe da Funai tentou convencer os grupos a retornarem à Terra Indígena (TI) Yanomami, oferecendo transporte. No local, a Secretaria de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) prestou assistência alimentar emergencial, evidenciando o esforço conjunto dos órgãos.
O deslocamento frequente de famílias indígenas das comunidades para a cidade ocorre por diversos motivos. Entre eles: o acesso a serviços de saúde especializados, transações bancárias e circulação em territórios tradicionais. No entanto, a falta de espaço adequado para acolhimento temporário e a dificuldade de articulação entre órgãos federais, estaduais e municipais, além da insuficiência de assistência, tanto nos territórios quanto durante os deslocamentos, resultam em situação precária dos indígenas.
Como resultado da inspeção, o MPF solicitou providências ao Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami em relação às situações identificadas. E a apresentação, pela Funai, de plano de ação voltado aos fluxos pendulares. Além disso, o MPF tem acompanhado a articulação com órgãos do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA), para proteger crianças e adolescentes em situação de risco, e o monitoramento da implementação do Protocolo de Atendimento pelo SGDCA de Roraima.
O MPF reforça que continuará cobrando ações estruturantes para garantir os direitos dos povos Yanomami, assegurando, assim, que seus deslocamentos não resultem em vulnerabilidades ou violações.
O MPF atua há mais de dez anos na proteção dos direitos dos povos Yanomami e Ye’kwana durante os fluxos pendulares. Para garantir assistência adequada aos indígenas das comunidades Xexena e Maimasi, o MPF ajuizou uma ação civil pública contra a União, em 2019, que resultou na instalação de uma Base de Proteção Etnoambiental e um posto de saúde na região. Parte dos pedidos, como a inclusão do Estado de Roraima e dos municípios como responsáveis pela assistência urbana, ainda aguarda decisão judicial.
Entre 2021 e 2023, o MPF liderou o Grupo de Trabalho Fluxos Pendulares Yawari, reunindo diversos órgãos para estruturar respostas à vulnerabilidade de indígenas em trânsito, mas o GT foi desativado antes da implementação efetiva das medidas. A partir de 2023, ações federais foram intensificadas na TI Yanomami, com planos interministeriais e a decretação de emergência em saúde pública, representando avanço no enfrentamento da crise, embora ainda exijam execução coordenada.
Em 2024, o MPF passou a dialogar com a Funai para construir um plano de ação específico voltado aos fluxos pendulares com foco na assistência indigenista permanente nos territórios, apoio durante os deslocamentos e acolhimento adequado nas áreas urbanas. Como resposta, a Funai se comprometeu em apresentar o plano e reativar o Grupo de Trabalho para validação interinstitucional e operacionalização das medidas.
O MPF enfatiza, que, no mesmo ano, a Universidade de Brasília (UNB) desenvolveu o Protocolo de Atendimento de Crianças, Adolescentes e Jovens dos Povos Yanomami e Ye’kwana, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH).
Construído com ampla participação do SGDCA dos estados do Amazonas e Roraima, o documento define diretrizes técnicas e fluxos operacionais para um atendimento culturalmente adequado. O protocolo ainda aguarda validação pelas instâncias representativas dos povos para ser implementado pelos órgãos locais.
Fonte: Da Redação
Vídeo mostra momento do acidente no cruzamento da Av. Ataíde Teive com a Av. Nossa…
O Tribunal do Júri da Comarca de Caracaraí condenou, na última quinta-feira, 27 de novembro,…
Evento em parceria com o Sebrae reúne cerca de 600 estudantes de quatro escolas da…
Hiper e supermercados, além de vestuário, calçados e acessório, se destacam entre os setores que…
Ex-prefeito foi levado para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo e chegou a sorrir para…
Governo também lança plataforma para usuário bloquear CPF em jogos