2022 é o pior ano da Marvel para o cinema

A coluna de hoje fala sobre como este ano se tornou o pior da Marvel, graças a três produções que poderiam ser bem melhores. Boa leitura!

2022 é o pior ano da Marvel para o cinema

Depois que a Marvel passou a caminhar com as próprias pernas em Hollywood, tivemos filmes de super-herói quase todos os anos. De 2008 (com o primeiro “Homem de Ferro”) para cá, só dois anos ficaram sem ter a Marvel nos cinemas: 2009 e 2020 (ano do auge da pandemia do Covid-19).

Apesar de 2019 ter sido o ano mais produtivo ao estúdio (mais de 5 bilhões de bilheteria com apenas três filmes), ainda considero 2014 o melhor no sentido qualitativo. Afinal, foi quando lançaram o primeiro “Guardiões da Galáxia”, aventura movimentada que surpreendeu o mundo, e “Capitão América: O Soldado Invernal”, que disputa o primeiro lugar no ranking da Marvel, entre de fãs e críticos.

Dos anos ruins, nenhum tinha superado 2009 (ano de “Homem de Ferro 2”) até… a semana passada. Isso porque “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” acaba de selar 2022 como o pior ano da Marvel, seguido dos também decepcionantes “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” e “Thor: Amor e Trovão”.

Pneu furado

E olha que “Wakanda Para Sempre” nem chega a ser ruim. Na verdade, há pontos muito positivos, como o elenco incrível, o vilão bem desenvolvido e, claro, o tributo emocionante ao ator Chadwick Boseman. O problema é a perdição do roteiro, escrito dentro de um aperto de prazo que desconsiderou o luto da equipe. Isso torna a obra frustrante demais como continuação de um filme tão bom quanto o primeiro “Pantera Negra” (veja minha crítica completa nesse video aqui).

Infelizmente, o mero uso do termo prazo já é um mau sinal. Para amigos, fãs e a família, a morte do astro original foi uma perda irreparável. Para a Marvel, foi um buraco que furou o pneu de um veículo que não podia parar. Mesmo com o inevitável adiamento, a continuação tinha que sair o mais breve possível. E, sem substituir o personagem, o segundo filme apostou mais na comoção do que em si próprio.

Potencial desperdiçado

A agenda da Marvel não atrapalhou só este, mas também os outros filmes de 2022. “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” tinha um foco por parte do diretor Scott Derrickson, o mesmo do primeiro filme. Porem, a Marvel queria outra coisa e o cara se demitiu. E foi graças ao substituto Sam Raimi (da primeira trilogia “Homem Aranha”) que a sequência não fracassou. Em termos culturais, claro, já que “Multiverso da Loucura” é o bronze das bilheterias de 2022, perdendo apenas para “Top Gun: Maverick” e “Jurassic World: Domínio”.

Mesma coisa com “Thor: Amor e Trovão”, sexta maior bilheteria do ano. Neste caso, Taika Waititi, que fez “Thor: Ragnarok” (2017), não questionou o estúdio e obedeceu a linha de produção. O resultado tem bons acertos, mas com erros que deixam a incômoda sensação de potencial desperdiçado. E eu sofri isso mesmo assistindo em uma tela IMAX, durante uma viagem a Recife (PE). Para se ter uma ideia, até minha filha adolescente preferiu o drama musical “Elvis” a um blockbuster de superheróis.

Filmes diferentes, mesma fragilidade

Percebeu a semelhança dos três casos? Nenhum deles é um filme ruim, mas todos compartilham da mesma fragilidade: o roteiro. Todos tem coisas muito boas, só que, infelizmente, não o suficientes para torná-los os filmaços que poderiam ser. A visão criativa e alucinada de Sam Raimi salvou o Dr. Estranho. A relação Thor/Jane e Christian Bale elevaram Thor. E a sensibilidade, junto com o ótimo elenco, segurou Pantera Negra.

Você até pode defender que o pior ano da Marvel continue sendo 2009, já que “Homem de Ferro 2” está bem abaixo de cada um desses três (concordo com a segunda parte). Só que uma coisa é um único lançamento não cumprir o que deveria. Outra coisa é ver esse empaque acontecer com três de uma vez. E três que prometiam MUITO. É essa frustração consecutiva que torna 2022 o pior ano da Marvel no cinema. Dizer que entregaram nada é exagero, mas, com certeza, tambem não entregaram tudo.

Júnior Guimarães é jornalista e escreve a coluna Cinema em Tempo. Toda semana aqui no Roraima em Tempo temos uma análise sobre o mundo cinematográfico. No Youtube, Júnior tem um canal onde faz críticas e avaliações sobre cinema. 

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