A série “Succession” é o ouro que estamos perdendo em 2023

A coluna de hoje fala sobre a série “Succession”, da HBO, que está em sua temporada final e tem tudo para entrar na história. Boa leitura!

A série “Succession” é o ouro que estamos perdendo em 2023

A série Succession, da HBO Max, está em sua temporada final. Que “tistreza”. Isso porque o drama de Jesse Armstrong está em um patamar acima da maioria das séries da atualidade. Felizmente, ela foi reconhecida pelo Emmy, tornando-se a grande campeã por dois anos consecutivos.

O que eu não sei é se ela esta sendo reconhecida por quem realmente interessa: o público. Não existe uma veiculação massiva do programa como de outros da HBO, como A Casa do Dragão e The Last of Us. E, no geral, perde feio para o marketing da Netflix, que sempre divulga muito bem uma nova Bridgerton ou um novo You. Bom para ela.

Mesmo com toda a adoração dos fãs de séries, Succession merece ser vista com mais atenção. Especialmente porque está acabando. Eu explico o porquê.

Chutando a porta

Succession começou no meio de 2018, durante o intervalo entre as duas últimas temporadas de Game of Thrones. Parecia que, antes mesmo de encerrar sua superprodução épica, a HBO já estava engatilhando um sucessor (adequado, não?). Não foi surpresa em ver que, ao contar a história de um magnata idoso, que não pretende passar o bastão de sua empresa a nenhum dos três filhos, Succession já chega chutando a porta, com um excelente misto de drama com sátira do mundo dos ricaços.

“Bença, pai!”

O roteiro é primoroso, a direção é impecável e o elenco é assombrosamente perfeito na escolha, sobretudo Brian Cox (o General Stryker, de X-Men 2). Para seu Logan Roy, as outras pessoas não são pessoas de verdade, mas peças de um tabuleiro em que ele é o rei absolutista. Ele arranca uma admiração macabra por sua personalidade predadora nos negócios e, ao mesmo tempo, repulsa por sua crueldade com o resto do mundo, especialmente os filhos.

Roteiro sarcástico

Aliás, Rory Culkin, Sarah Snook e, especialmente, Jeremy Strong estão maravilhosos como os herdeiros malditos. A relação pai/filho de Logan com cada um deles é um evento à parte. Porém, uma coisa que fica cada vez mais clara para o chefão é a decepção de ver que nenhum dos três é como ele. Por outro lado, cada herdeiro enxerga a si próprio como o substituto ideal do pai perante os irmãos e, também, se sente o pior filho quando falha no teste do pai.

Os irmãos Roman e Shiv

A construção dessas diferentes relações são os pilares de um roteiro sarcástico, regado a diálogos algumas vezes cruéis, outras vezes muito obscenos. Portanto, não se espante se algum personagem disparar coisas sobre genitais, felação ou masturbação. Tudo permeando crises de casamento, paqueras veladas, situações constrangedoras, embates entre ex-cônjuges, negociações dentro de boates, provocações e passadas de perna na cara-de-pau

Guerra parental

A primeira temporada começa com uma antítese do que vem a seguir, mostrando Logan Roy em um momento de grande fragilidade de saúde. Uma escolha ousada que só reforça o perfil perseverante do dono da WayStar, já que sua volta com força total também reforça a fragilidade de poder dos filhos.

A segunda temporada é a portadora do meu episódio favorito (“This is not for tears”), em uma season finale do… caramba! Venceu o Emmy 2020 com todos os méritos, inclusive Melhor Série de Drama e Melhor Roteiro em Série de Drama (pelo episódio citado).

Bem plenos na tempestade

O terceiro ano – também premiado – avança para uma guerra parental implacável. Mesmo inferior aos dois anteriores, ainda mantém a série como a melhor do momento.

Sobre a quarta e última temporada, que está em exibição, poucas palavras a dizer. Basta mencionar que o episódio 3 me deixou literalmente mudo, porque foi um dos melhores episódios que eu já vi em uma série. Pode reservar mais um Emmy para Succession, pois será quase impossível bater essa gigante no Emmy 2023.

Temporada final

Ainda preciso dizer que estou falando da melhor série em andamento na TV e no streaming, de qualquer plataforma? Como NÃO é da popularíssima Netflix, nem todos vão saber disso. Contudo, o que mais pode emperrar alguma atração por parte do público é a falta de identificação. Afinal, não somos bilionários, nem tão nojentos quanto esse povo. Entretanto, é justamente essa distância do picadeiro que torna mais fácil rir desse circo. Isso inclui ver o pai, constantemente, jogar na cara dos filhos o quanto eles são indignos do trono e a gente dizer “bem feito”, ao invés de “que pena”.

No último domingo, a HBO exibiu o sétimo episódio da temporada final. Como serão dez episódios, isso quer dizer que faltam três domingos para o encerramento da série, que cai no dia 28 de maio. O que nos aguarda?

“Succession” e o Emmy

Bem, considerando o que já foi visto até aqui, ela deve entrar no mesmo Hall do selo de ouro da HBO, como Game of Thrones, Band of Brothers e Chernobyl. Estamos perdendo mais esse ouro. Só que, desta vez, chorando pelo drama de ricaços derrotados que, apesar dos problemas de família, continuam cheios da grana.

Calma, foi sarcasmo!

Júnior Guimarães é jornalista e escreve a coluna Cinema em Tempo. Toda semana aqui no Roraima em Tempo temos uma análise sobre o mundo cinematográfico. No Youtube, Júnior tem um canal onde faz críticas e avaliações sobre cinema.

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