O dia 20 de julho de 2023 já entrou na galeria dos grandes duelos de bilheterias do cinema. Afinal, é o dia da estreia simultânea dos dois filmes mais esperados do ano: Barbie, de Greta Gerwig, e Oppenheimer, de Christopher Nolan. Nada de The Flash, Transformers, A Pequena Sereia, Velozes e Furiosos ou mesmo Guardiões da Galáxia. A única obra em nível similar de expectativa do público foi Super Mario Bros: O Filme – o que acabou se confirmando com a bilheteria estrondosa da animação do encanador da Nintendo.
Bem, agora falta a confirmação de Barbenheimmer, apelido carinhoso do dueto cinematográfico. Aliás, um dueto pra lá de esquisito, hein? De um lado, temos a história da boneca mais famosa do mundo, criada pela empresa de brinquedos Mattel. Do outro, a história real do criador da bomba atômica. Uma comédia com tintas (cor-de-rosa) de sátira e um drama sério e dolorosamente sombrio. Dois produtos aparentemente opostos, com propostas diferentes, mas ambos dirigidos por artistas muito talentosos em seus campos.
Primeiros memes
O campo de Greta Gerwig é o universo feminino jovem, com suas dúvidas e dilemas, como comprovam Lady Bird: A Hora de Voar (2017) e Adoráveis Mulheres (2019) – ambos indicados ao Oscar de Melhor Filme. Quando Barbie foi anunciado pela Warner em 2019, eu mesmo dei risada. Bastou eu ver o nome de Gerwig como diretora que pensei “OPA!”. Aí tem. E deve ser coisa boa, vinda de uma diretora/roteirista talentosa em ambos os ofícios e que sempre tem algo a dizer com suas obras tão femininas. Assim, o desdém virou curiosidade. A questão era: o que ela quer contar com a Barbie?
O hype com o mero nome da boneca nos holofotes cinéfilos ganhou proporções homéricas quando saiu o primeiro teaser (que é o trailer do trailer), no final do ano passado. No vídeo, há meninas quebrando bonecas e a atriz Margot Robbie gigantesca, com referência direta ao clássico 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968). Para quê…? Já surgiram os primeiros memes, que exaltavam de maneira exagerada – e muito engraçada – a expectativa dos fãs, transformando-o no lançamento mais aguardado do ano. Mais dois trailers e pronto: o público só esperou a pré-venda dos ingressos, que, atualmente, estão vendendo como água. Considerando as previsões, Barbie será a primeira experiência de Greta Gerwig com o cinemão blockbuster.
Adesão do público
Quem está acostumado com isso é Christopher Nolan. Afinal, ele tem três filmes entre as 100 maiores bilheterias da história: A Origem (2009), Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) e Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012). Seu nome virou uma marca, um símbolo de uma junção entre filmes-cabeça com blockbuster que, praticamente, só ele consegue atualmente. Isso significa que basta seu nome aparecer como diretor que a adesão do público é quase automática. Além disso, o cara nunca fez um filme ruim, nem mesmo o amador Following (1998). E, depois do que fez com o Batman, Nolan conquistou respeito suficiente para que qualquer filme anunciado por ele já nasça hypado.
Não foi diferente com Oppenheimer. Quer apostar quanto que pouca gente dava bola para o personagem-título, até Nolan e a Universal anunciarem a biografia? Assim como, através de Dunkirk (2017), muita gente passou a conhecer um tenso episódio britânico na Segunda Guerra Mundial, o mesmo deve acontecer sobre o criador da bomba atômica. Agora, imagine essa história explosiva (sorry!) sendo contada com o jeitão esperto de quem – como poucos – entende a força do cinema como um potente instrumento sensorial. É de tirar o fôlego só de pensar. Contudo, é sua estreia que dará a resposta definitiva.
Celebração do cinema
E esse dia chegou. E não uma estreia como outra qualquer. Este dia 20 de julho está cercada de uma empolgação que, honestamente, eu não via desde Vingadores: Ultimato (2019). É uma celebração do cinema que, no ano passado, aconteceu em períodos diferentes, já que Top Gun: Maverick foi lançado no meio do ano e Avatar: O Caminho da Água, no final. A diferença é que, desta vez, o que a galera está esperando não é continuação de nada. É o primeiro live-action da Barbie e a nova produção de Nolan. E tudo de uma só vez. É o Barbenheimmer, real e presente. Dá uma olhada abaixo em algumas (de várias) imagens que surgiram na internet para celebrar esse encontro.
Se a expectativa será atendida ou não, fica a cargo de cada um que assistir aos dois. O que eu espero? De Barbie, uma comédia que brinca com esse universo artificial da personagem para Greta Gerwig mandar a letra. De Oppenheimer, uma obra portentosa de Nolan que compense a pretensão vazia de Tenet (2020). O cineasta não conseguiu salvar o cinema na pandemia (foi Tom Cruise que o fez, em 2022), mas ele ainda pode mostrar quem manda nas bilheterias. Quem levará a melhor? O público, que terá duas formas distintas de celebrar o cinema. Contudo, é melhor correr se não quiser perder a estreia. Afinal, Barbie já quebrou recorde de pré-venda da Warner no Brasil. Acredite: nem é meme.
Júnior Guimarães é jornalista e escreve a coluna Cinema em Tempo. Toda semana aqui no Roraima em Tempo temos uma análise sobre o mundo cinematográfico. No Youtube, Júnior tem um canal onde faz críticas e avaliações sobre cinema.