Há 15 anos, “Homem de Ferro” iniciou a maior saga do cinema

A coluna de hoje é uma pequena celebração dos 15 anos de Homem de Ferro e do Universo Cinematográfico Marvel. Boa leitura!

Há 15 anos, “Homem de Ferro” iniciou a maior saga do cinema

Quando Homem de Ferro estreou nos cinemas, em 02 de maio de 2008 (exatos 15 anos atrás), eu não dei a mínima. Por dois motivos: a) eu não era familiarizado com o herói e, logo, não tive interesse; e b) eu achava que era mais um filme de super-herói, seguindo a onda das adaptações anteriores, como O Quarteto Fantástico. Alem disso, eu não era tão informado nas notícias e não tive a mínima ideia de que um universo compartilhado – é tão bem organizado – estava nascendo.

Entretanto, quando assisti ao filme em DVD, percebi o grande erro que eu havia cometido. Além da obra ser incrível, testemunhei o crescimento desse universo e seu impacto na indústria cinematográfica. Assim, Homem de Ferro adquiriu uma importância-chave na cultura pop e meu arrependimento aumentou. Tanto que isso inspirou meu ranking sobre filmes que mais lamento por ter perdido no cinema (veja essa frustração aqui).

Assim, foram uma década e meia, 32 filmes (já contando com o novo Guardiões da Galáxia 3), 8 séries e quase trinta BILHÕES de dólares em bilheteria mundial. É quase o triplo dos Star Wars e mais que o triplo da franquia James Bond. Ou seja, é a maior saga da história do cinema.

Um grande filme de ação

Mesmo com um planejamento tão eficaz para conectar tantas histórias, algumas se destacaram mais que outras. E, com certeza, o aniversariante de hoje é uma delas. Poucas adaptações foram tão bem sucedidas, em vários aspectos, quanto o primeiro Homem de Ferro. A obra de Jon Favreau não é só bem feita esteticamente (foi indicada ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais), mas também é um grande filme de ação, perfeitamente capaz de capturar o espectador que nunca teve contato com os quadrinhos. Mais que isso, faz esse mesmo espectador se interessar por essas adaptações e ver que, sim, filmes de super-heróis podem ser muito, mas muito legais.

Contudo, o maior feito de Homem de Ferro tinha um nome – e já conhecido: Robert Downey Jr. Sua escalação como protagonista foi um risco para a veterana Paramount e, principalmente, a recém-fundada Marvel Studios. Afinal, a vida pessoal conturbadíssima do ator (drogas, prisão, divórcio,…) poderia minar a primeira marcha do novo estúdio. Mesmo sob desconfiança, Downey Jr. aproveitou a chance e transformou sua atuação em uma das maiores combinações ator/herói de todos os tempos. Tudo em uma trama bem escrita, cenas de ação muito boas e efeitos incríveis. Realmente, o universo Marvel não poderia ter começado melhor.

Universo compartilhado

A esta altura, você deve se perguntar: mas e os outros heróis que já tinham filmes antes, como os X-Men (2000), Quarteto Fantástico (2004) e Homem-Aranha (2002)? Não eram da Marvel?

Nos quadrinhos, sim. No cinema, eles eram de outras produtoras, por aquisição de direitos. Os de X-Men, por exemplo, estavam com a Fox. Os do Homem-Aranha, com a Sony e por aí vai. É que, no final do século passado, a Marvel não tinha um estúdio próprio de cinema. Ela tinha vendido esses direitos ainda nos anos 1990 para driblar uma crise financeira, deixando que outros estúdios fizessem os filmes. Porém, todos eram produzidos também por Avi Arad, da Marvel – pela proteção da marca, claro.

A questão é que, nos anos 2000, já recuperada da crise, a Marvel se cansou de ver os outros ganharem às custas de seus super-heróis. A equipe lutou para recuperar os direitos e conseguir financiamento para a realização de seus próprios filmes. Mas não era só isso: um jovem chamado Kevin Feige, um ex-executivo Júnior que estava logo abaixo do comando Avi Arad, idealizou um universo compartilhado, com vários filmes se interconectando. Arad não botou fé na ideia e largou a presidência, talvez achando que esse tal universo não compensaria o financiamento. Enquanto isso, a Marvel recuperou os direitos de vários personagens, Feige subiu de cargo, deram início às filmagens de Homem de Ferro e o resto é história.

A maior experiência cinematográfica

Esse Universo compartilhado não foi só bem sucedido nas bilheterias. Alguns filmes entraram em várias listas de melhores adaptações de quadrinhos já feitas, como Os Vingadores, Guardiões da Galáxia, Capitão América: O Soldado Invernal e Pantera Negra. Também tem vários bem decepcionantes como Thor: O Mundo Sombrio, Homem-Formiga e a Vespa e o pavoroso Eternos.

Mesmo assim, foi a Marvel Studios que nos proporcionou a maior experiência cinematográfica dos últimos anos. Foi Vingadores: Ultimato (2019) e seu icônico ato final, que nos deu emoções intensas e rendeu reações estrondosas do público viralizadas na Internet. Poucos filmes fizeram do cinema um lugar tão único e maravilhoso assim.

Mesmo com o enorme tropeço da Fase 4, que só teve um filme bom de verdade (Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, para os curiosos), a Marvel continua mostrando seu poderoso arsenal. E, mesmo se o estúdio parasse por aqui, as outras franquias continuariam penando para alcançá-la. E pensar que, há 15 anos, toda essa repercussão ainda era sonho de fã.

Júnior Guimarães é jornalista e escreve a coluna Cinema em Tempo. Toda semana aqui no Roraima em Tempo temos uma análise sobre o mundo cinematográfico. No Youtube, Júnior tem um canal onde faz críticas e avaliações sobre cinema.

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Eduardo

Sensacional. Ótima matéria.

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