Há 20 anos, “Procurando Nemo” consolidou o poder da Pixar

A coluna de hoje é a celebração de 20 anos de lançamento da animação “Procurando Nemo”, uma das obras-primas da Pixar. Boa leitura!

Há 20 anos, “Procurando Nemo” consolidou o poder da Pixar

Quando Monstros S.A. perdeu o primeiro Oscar de Melhor Animação para Shrek, em 2002, é bem possível que a Pixar Animation Studios tenha considerado isso um despautério. Afinal, seu Toy Story (1995) revolucionou o mundo das animações, sua continuação se tornou uma das melhores sequências já feitas e as outras obras (Vida de Inseto e, principalmente, Monstros S.A.) mostrou seu imenso poder encantador e criativo.

Então, com toda essa constatação de que o estúdio seria a nova régua no modo de fazer animação, como a Dreamworks ousa ter tomado essa glória da Pixar no Oscar? Se reclamaram mesmo, a raiva passou em pouco tempo. Isso porque Procurando Nemo deu o primeiro Oscar de Melhor Animação da Pixar, começando uma escalada invejável na premiação. Claro que não é só pela estatueta dourada, mas esta simbolizou o reconhecimento da genialidade dos animadores e sua popularidade como cinema de qualidade.

E, acima de tudo, Procurando Nemo é uma obra-prima que simbolizou um dos auges da Pixar.

“P. Sherman, 42, Wallaby Way, Sidney”

“Você é minha consciência?”

A história começa tão singela quando triste. Marlin é um peixe-palhaço do oceano que perde sua esposa e quase todos os seus filhotes em uma ataque de um peixe predador. “Quase” porque sobrou um: o pequeno Nemo. Um prelúdio suficiente para entendermos o caráter superprotetor do pai e, por outro lado, o sufocamento do filho. Acontece que, durante uma discussão entre eles, Nemo acaba capturado por um mergulhador.

Sem ter a menor ideia do destino do filho, Marlin nada incessantemente para tentar alcançar – sem sucesso – o barco do mergulhador. Por sorte, ele esbarra com a peixinha Dory, que está disposta a ajudar e acompanhar o peixe-palhaço aonde ele for. Só tem um problema: ela sofre de “perda de memória recente”, esquecendo-se das coisas poucos segundos depois (imagine a Drew Barrymore em Como se Fosse a Primeira Vez, mas bem pior). Inexplicavelmente, ela só consegue se lembrar de um certo endereço: “P. Sherman, 42, Wallaby Way, Sidney”.

Carismáticos e engraçados

“150 (anos), irmão. E ainda tô jovem!”

A primeira coisa que chama a atenção aqui é o primoroso cuidado visual. Antes de Procurando Nemo, o mar nunca tinha sido mostrado de forma tão bela, atrativa, detalhada e deslumbrante, em toda a sua imensidão. Cada elemento tem vida própria e cores bem desenhadas, que exigiu muita dedicação da equipe de computação gráfica e iluminação. Inclusive, a primeira versão do mar foi reprovada pelo diretor Andrew Stanton. Motivo: estava realista demais. Uma decisão aparentemente estranha, mas que precisava ser tomada para que o mar, mesmo sendo tão bem feito, ainda parecesse ter saído de um desenho animado, não do mundo real.

O que faz todo sentido, já que o oceano de Procurando Nemo é recheado de personagens que só uma animação proporciona, de tão carismáticos e engraçados. Temos o professor Tio Raia, o tubarão Bruce, o quelônio Crush e suas tartaruguinhas e, no aquário, os peixes (e uma estrela-do-mar) liderados por Gill. Cada um deles contribui, por um sentido ou outro, para o futuro reencontro de Marlin e Nemo. Uma jornada bonita, divertida e muito emocionante.

“Continue a nadar”

“Brilha, brilha, estrelinha…”

O roteiro delicioso envolve Marlin e Dory em uma série de desafios diferentes, em que cada um, de alguma forma, deixa marcas e aprendizados decisivos. Desde o encontro com tubarões que frequentam um tipo de “carnívoros anônimos” até uma gigantesca baleia jubarte, passando por uma floresta de águas-vivas. Uma verdadeira Odisséia cheia de ótimas piadas (a cena da mina aquática e o pelicano é de bolar de rir), provações (como a tentativa de fuga de Nemo), grandes perigos (como uma garotinha que “malina” dos peixes) e, claro, uma lição de vida emocionante.

De todos os personagens, Dory entrou para a história. Esquecida, extrovertida, carinhosa e leal, a peixinha azul é dona dos melhores momentos da obra, sobretudo os diálogos, incluindo seu icônico lema: “Continue a nadar!”. É uma frase que não sai da cabeça, ressoando há 20 anos. De lá para cá, a Pixar seguiu consolidando seu estilo cada vez mais, levando mais e mais prêmios. Procurando Nemo não é apenas uma das minhas animações favoritas, mas uma das grandes animações do século XXI.

20 anos. Dá para acreditar?

Júnior Guimarães é jornalista e escreve a coluna Cinema em Tempo. Toda semana aqui no Roraima em Tempo temos uma análise sobre o mundo cinematográfico. No Youtube, Júnior tem um canal onde faz críticas e avaliações sobre cinema.

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