CAOS NA SAÚDE – Sesau só serve para barganha

Se esse caos se instalasse na Saúde municipal, com certeza o MP de Roraima já teria pedido a cassação do Arthur

CAOS NA SAÚDE – Sesau só serve para barganha
Fachada da Secretaria de Saúde (Sesau) de Roraima – Foto: Arquivo/Roraima em Tempo/Edinaldo Morais

Antônio Denarium vai entregar o governo, no começo de janeiro do ano que vem, sem sequer amenizar o caos que se instalou na Saúde Pública. Sem sombra de dúvida, ele entra para a história de Roraima como o chefe do Executivo que mais barganhou com a Sesau, em detrimento de milhares de pacientes que sucumbiram (e continuam sucumbindo) nos hospitais do Estado.

Antes de ser eleito, em 2018, o então empresário prometeu, entre outras coisas, acabar com a vergonhosa fila de pacientes que já aguardavam há anos por uma simples cirurgia eletiva, mas grande parte deles, pode acreditar, continua até hoje sem se operar.

Pior. Ao invés da desumana fila diminuir, no atual governo ela só fez aumentar, chegando a triplicar o número de pacientes. Antes de 2018 eram pouco mais de 3 mil, mas chegaram a quase 10 mil pessoas sofrendo na fila, esperando pela bendita operação.

É explícito que a Sesau só serviu (e ainda serve) como sumidouro de dinheiro público. Uma estimativa da PF aponta que, em apenas um ano, de pandemia, empresários e políticos da base governista surrupiaram mais de R$ 250 milhões da Saúde estadual. Dinheiro que deveria ser utilizado para combater o Corona e salvar milhares de vidas. Mas parte dele, tamanha e desenfreada corrupção, foi parar até na cueca do senador Chico Rodrigres, flagrado pelos federais.

Caos também no interior

Do mesmo modo, no interior do Estado, mais colapso no setor da Saúde. Pacientes até morreram sem atendimento na recepção do hospital de Mucajaí. Lá, servidores já haviam denunciado ambulâncias quebradas, falta de médicos, assim como remédios e outras coisas. Além disso, tinha dia que não havia sequer médico de plantão.

Da mesma forma, em Caracaraí, mais ao Sul, as denúncias também pipocaram. Até as macas não apresentavam a mínima condição de uso, totalmente enferrujadas. Por outro lado, em Rorainópolis, as mesmas reclamações: aparelhos quebrados, falta de médico e de medicamentos.

Maternidade de lona

Mais recente, a improvisada e precária maternidade Nossa Senhora de Nazareth também entrou na mira do MP de Roraima. Lá, pacientes dão à luz debaixo de lonas. Quando chove, pinga mais dentro do que fora.

O forro já desabou inúmeras vezes e o ambiente é totalmente insalubre, o que coloca em risco iminente, principalmente, a vida das grávidas e de seus bebês.

Entregue às baratas

Por último agora, servidores denunciaram até pragas dentro de hospitais do Estado. Eles fizeram fotos e vídeos, mostrando baratas na ala da Oncologia e até na abandonada cozinha do HGR, setor que ainda é utilizado para preparar lanches de servidores e pacientes. Mas o MP e a Vigilância Sanitária nada fizeram, infelizmente.

O teto do novo HGR desabou várias vezes. Mesmo inaugurado este ano, o tão badalado Bloco E, que custou mais de R$ 100 milhões, já apresenta sérios problemas na parte de infraestrutura. As centrais de ar queimaram, parte do forro também já despencou e os elevadores apresentam defeitos quase toda semana.

Cadê o MP?

Resumindo: A Saúde de Roraima agoniza na UTI da corrupção há mais de três anos. Antes já não funcionava a contento, mas agora parou de vez, lamentavelmente. Por isso pacientes engrossam cada vez mais a vergonhosa e desumana fila de cirurgias eletivas, enquanto outros morrem sem atendimento digno nos hospitais, sem receberem TFD, nem a devida medicação.

Fico aqui imaginando se todo esse caos se instalasse na Saúde municipal, dentro dos postos e do Hospital da Criança. Meu Deus! O MP de Roraima, com certeza, já teria pedido a cassação do prefeito Arthur Henrique.

Álvares dos Anjos – cronista.

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